Prólogo

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Prólogo

Adriana

Passei por entre os socorristas, e ignorei os seus protestos. Recusei-me a acreditar no que vi. Forcei-me a caminhar, mesmo que as lágrimas estivessem embaçando a minha visão. Meus pais estavam presos entre as ferragens e mesmo que minha mãe parecesse consciente, podia ver seu sofrimento e sua dor. Meu pai, ao contraio, estava imóvel e os paramédicos trabalham junto, para conseguir tirá-lo do lugar, talvez, ele ainda estivesse vivo, por isso, eles tentavam resgatá-lo.
Tentei me aproximar, chegar mais perto para poder ter certeza que o pior não havia acontecido.
Meu Deus! Ele estava muito ferido. Olhei para seu rosto e busquei aqueles olhos amorosos, que sempre me passaram tanta força e confiança. O desespero e o medo tomaram conta do meu ser. E um grito alto a cortou minha garganta.
— Pai... Acorda, por favor! Abre seus olhos. Eu preciso de você! — Gritei em desespero, tentando alcançá-lo. — Mãe, fala para o pai acordar. — supliquei.
Sei que as pessoas por perto estavam me olhando com pena. Não precisei olhar em volta para saber. Mas, não me importei. Tudo o que precisava era dos meus pais vivos. Não podia perdê-los.
Aproximei-me da minha mãe, que chorava baixo, enquanto mais socorristas, tentavam lhe tirar de dentro daquela confusão de metal.
— Preciso que a senhora se afaste! Estamos tentando salvá-los! — disse um deles, porém minha mãe pareceu ignorar as palavras daquele homem, que estava determinado a fazer seu trabalho. Ela tenta levantar seu braço, eu vejo que ela não consegue, ele está preso. Mamãe geme, fechando os olhos e eu apenas me aproximo o suficiente para conseguir tocar sua testa, que está coberta de sangue.
— Adriana ouça-me. — Ela disse com a voz quase inaudível. — Não olhe pra o sangue. Apenas olhe nos meus olhos.
Mesmo ferida ela queria me acalmar. Eu sabia o que ela estava tentando fazer. Quando eu sentia medo de fantasmas. Ela me ensinou que se eu fechasse os olhos eu poderia viajar para qualquer lugar que eu sonhava. Longe de todo o medo e o caos do mundo. –– Olhei nos em seus olhos que sempre me trouxera paz e transmitiam tanto amor.
–– Você e a melhor parte de mim. Quando você nasceu eu enfim conheci o sentido de ter meu coração materializado fora do peito. Eu te amo! Você é o meu maior orgulho.
Sua voz sai fraca, ela se atrapalha em algumas palavras e sei que está se esforçando para conseguir falar.
–– Shh... Mamãe não fale. — acariciei o seu rosto pálido e tentei acalmá-la. — Vai ficar tudo bem. Não se esforce, apenas fique comigo.
— Senhora, você precisa se afastar. — Disse um dos homens, com a voz firme.
Afastei-me deixando a equipe trabalhar. O homem colocou uma máscara no rosto da minha mãe enquanto os outros homens se esforçavam para tirar os corpos das ferragens. Cada segundo era preciso.
–– Por favor, salvem meus pais! –– Implorei, mesmo que parte de mim, já soubesse que isso seria impossível.

💛

O Que a Vida me Roubou. Degustação. Où les histoires vivent. Découvrez maintenant