Capitulo 4

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Capítulo Quatro

Adriana

Lana estava de quatro, com os antebraços apoiados sobre a cama enquanto Matteo a pegava por trás. As batidas do seu corpo em sua bunda ecoavam pelo ambiente. Seus gritos de incentivo e gemidos de prazer. Eles pareciam famintos de luxuria. Quanto mais Lana o incentivava mais os movimentos dele eram precisos e duros. A bile viajou até minha garganta. Asco, raiva entre outros sentimentos desconhecidos tomaram meu corpo o fazendo estremecer. Olhei para meu lado encontrando um vaso de cristal, em um impulso o vaso que estava na minha mão foi arremessado na direção deles, causando um enorme ruído e seus cacos caíram, sendo espalhados por todos os lados. Matteo saiu de dentro da Lana e os dois de repente estavam completamente aturdidos. Nossos olhos se encontraram. Pude sentir as lágrimas se reunindo em meus olhos. Girei sobre meus calcanhares e corri. Eu precisava fugir antes de cometer  uma loucura.
— Adriana. —Matteo gritou. — Senti meu corpo sendo pressionado contra a parede. Sua nudez coberta por um fino lençol. — O quê você está fazendo aqui?—— Rosnou ele.
De repente pergunta me pareceu como uma piada, fazendo-me explodir em gargalhada. — Você quer saber o que estou fazendo aqui?— Falei assim que consegui me controlar. Ele manteve seu aperto contra meu copo.
— Você sabe o que eu quis dizer, Adriana. — Murmurou.
— Primeiramente, tire essas suas mãos asquerosas de mim. — Adverti. Mas ele não se moveu. — Eu não sei de nada, Matteo! Antes de cruzar a porta desse apartamento todas as certezas que eu tinhas o lento levou.— Cravei minhas unhas no seu maxilar.— Eu adoraria saber quando tudo isso começou? Quanto tempo você tem fingido ser o namorado perfeito, enquanto fode a minha melhor amiga.— As palavras trouxeram um gosto amargo a minha boca.
— Adriana, fique calma.— A voz de Lana fez-me virar meus olhos em sua direção com fúria. Ela usava apenas calcinha e sutiã, seus cabelos bagunçados. Aproveitei um segundo de distração do Matteo com a chegada da Lana e desferi uma joelhada com toda forma que encontrei contra seus genitais.  Ele urrou de dor. Eu gostei de ter causado um pouco de dor a ele. Apesar da dor dele não poder ser comparada a minha. Me perguntei como seria se o vaso de cristal tivesse acertado a cabeça deles minutos antes quando eu os encontrei no quarto.
— Acho que o Matteo não consegue responder minha pergunta. Mas você pode Lana. Quando tempo vocês têm me enganado e rido nas minhas costas?— Ela correu para ajudar o Matteo ignorando minha pergunta.
— Você o feriu, Adriana!— Ela falou me olhando de uma forma indecifrável.
— Não se preocupe, Lana. Não e nada que você não possa cuidar. Creio que não ficara sequelas.— Me abaixei analisando o rosto de Matteo e em seguida olhei para Lana que estava ajoelhada ao seu lado muito preocupada. Verdadeiro quanto uma nota de três dólares.— Apontei meu dedo na direção da Lana. Não preciso saber quanto tempo vocês têm me traído, Ou quantas vezes riram pelas minhas costas. Assim como uma flecha disparada, as palavras não podem voltar atrás. O cristal quebrado não pode ser restaurado. Eu amei esse homem, mesmo quando meus pais viam nele algo que não gostavam. Lana, eu posso dizer que eu amei, que eu fui sua amiga com entrega. Eu não sou responsável pelas escolhas de vocês. Mas espero que vocês tenham consciência do que acontece ao se construir algo sobre a areia fofa. — Coloquei uma mecha de cabelo atrás da orelha.— Espero nunca mais vê-los na minha frente.
Sai o mais rápido que pude sem olhar para trás. Eles eram parte de um passado que eu queria esquecer. A raiva saia por meus poros, a angústia me sufocando. Nem o extremo frio da noite era capaz de amenizar o que eu estava sentindo. Busquei a chave do meu carro em minha bolsa ao me aproximar dele.
— Ei, Adriana espere!
Passei as mãos em meu rosto, me recusando a voltar meus olhos em direção a voz que me chamava.
— Noite interessante, não?— Ingrid falou se projetando a minha frente com um sorriso sarcástico.
— Ingrid, por favor.— Minha voz soou quase como uma súplica.
— Adriana, me diz qual é a sensação de poder coçar a bunda com o chifre?— Escarneceu. — Sabe o quê e mais engraçado? As pessoas adoram julgar um livro por sua capa.— Ela fez uma careta.— Eu sempre fui considerada fútil e vadia por muitos... Eu não vou negar que ganhei essa fama por mérito, eu me orgulho de ser o que sou. Amo fazer compras e ter experiências sexuais sem vínculos emocionais. Entretanto, eu nunca precisei me fazer de amiga de alguém e dormir com o homem dela pelas costas. Beijar o rosto da minha amiga com a mesma boca que chupei o pau de seu namorado. E por tabela essa minha amiga beijar a boca do cara que me chupou horas antes.— Ela retorceu o rosto com cara de nojo.
Eu não poderia dizer que as palavras dela não continha de certa forma razão.
— Ingrid, obrigada por de alguma forma de trazer até aqui. E, sim. A maldita mania de julgar um livro por sua capa. Mas hoje eu sei que ler um livro e não saber interpretar o texto, ou absolver sua mensagem é quase tão ruim quanto julgar a capa. Olha para nós duas aqui.— Apontei para ela. Em meus lábios se formaram um sorriso amargo.— Mesmo vendo a vida de forma tão diferentes; você foi a mais verdadeira aqui.
— Me dá um abraço aqui corna baby.— Ela disse abrindo os braços. Eu permaneci estática no mesmo lugar. Mas ela se aproximou e me abraçou.— Nunca deixe ninguém saber que eu fiz isso por favor. Não sou o tipo sentimental.— Senti as lagrimas que eu tanto teimei em segurar rolarem por meu rosto. Eu me sentia miserável.
— Corna baby, você vai sobreviver.— Ela afagou meus cabelos.— Volte para sua casa e dirija com cuidado, o mundo não tem culpa do que colocaram na sua cabeça.
Não sei quanto tempo passei dirigindo sem rumo pela noite. A sensação do carro em movimento em sua velocidade dentro do permitido em uma HWY era o suficiente para trazer a sensação de fuga. Quem eu estava querendo enganar? Bati minhas mãos socando o volante. Eu poderia ir para lua que minha dor não seria aliviada. Minha perda nunca seria superada, e cena do Maurício fazendo sexo com a Lana não poderia ser apagada da minha mente. O sol já estava nascendo no horizonte timidamente, mas nem por isso menos majestoso. Ele também me recordava o quanto eu havia vagado pela noite sem rumo. O pensamento de voltar para casa soava quase como um eufemismo, segundo aqueles papeis que o Dr. Julius me mostrou eu não tinha mais nada; até mesmo esse carro que meus pais me presentearam no meu aniversário de 20 anos. Cruzei os portões da única casa certa que vamos ter um dia. Parei o carro alguns metros de distancias do condomínio mais tranquilo que se pode imaginar, mas nem por isso menos triste.
Ajeitei meu casaco me encolhendo com a baixa temperatura. Caminhei sobre a fina camada de neve entre os túmulos. Eu sentia meu coração bater acelerado. Parei em frente às lapides dos meus pais. Cruzei meus braços sobre o peito e tentei manter-me em uma postura firme. O vento frio que fazia meus cabelos dançar era o mesmo que feria meu rosto com seu ímpeto.
Agachei diante do túmulo da minha mãe limpando o local coberto de neve com a frente da minha luva. A foto da mamãe apareceu me fazendo soltar um espasmo de choro estremecendo todo meu corpo. Ela tinha um sorriso tímido em seus lábios, ela sempre esboçava um doce sorriso mesmo nas fotos mais formais. Seus longos cabelos dourados e olhos verdes esmeralda. Fechei meus olhos e toquei a foto relembrando como era ter o calos desses olhos sobre mim. Estaria ela e meu olhando por mim em algum lugar?
— Olá, mamãe.— Minha voz soou rouca e baixa entre os soluços.—  Oi papai.— falei indo até a lapide do meu pai afastando a neve de sua lapide encarando sua foto. Ele estava vestido com seu terno os braços sobre o peito e os cabelos castanhos claros, alinhados para trás. Me afastei ficando entre os dois túmulos, respirei fundo tentando organizar alinhar minhas emoções. — Quando vocês partiram, eu fui condenada a viver estando morta. Eu não sei como é está desse lado da morte.— apontei para os túmulos.— Mas a morte da qual eu fui condenada em vida é cruel. Eu tenho tentado permanecer firme e voltar minha rotina, mas eu sempre sou arremessada de volta para a realidade. Eu acabei de descobrir que não tenho teto sobre a minha cabeça.— Mordi meus lábios tentando e fechei meus olhos.— Eu não ligo para a porcaria do dinheiro. Papai, você sempre dizia que o trabalho dignifica o homem. Juntos teríamos recomeçado do zero. Mas agora aqui estou eu sozinha e perdida. Para completar eu acabo de descobrir a traição do Matteo e Lana. Agora eu entendo porque tinha algo nele vocês não gostavam.— Abri meus braços deixando escapar dos meus lábios um grito estridente. Cai de joelhos socando o chão com toda a forca que eu podia. Eu deixei o baú das minhas emoções ser aberto, sem me controlar o que poderia sair dele. Eu estava condenada a uma escuridão profunda. O sangue que saia das minhas mãos contrastava com a neve.— Por favor, acaba logo com essa dor!— Eu meus gritos de suplica ecoavam no silencio do cemitério. A cada suplica lançada ao vento eu me lançava em um lugar sem volta.  Aos poucos eu fui engolida pela escuridão.

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