Capítulo 64 - Um luxo de homem

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Nícolas



Passaram- se alguns dias, depois da festa do Artur. Eu tinha os fios do Luan, e agora um copo com as digitais dele,do Artur ,que eu furtei quando ele se afastou de mim,antes deu sair da casa. A protegi, a guardando num saco plástico que discretamente havia pego na cozinha. Só faltava levar pra clínica da minha tia,pra ser realizado o exame. Coisa na qual,eu pretendia fazer hoje. Era por aquele motivo que eu tinha acordado mais animado. Acordei cedo pra correr, e me esbarrei com o Erick. Um gesto rápido para nos cumprimentarmos, e nada mais. A corrida era o que mais importava. Comprei comida pro meu amigo de quatro patas, e sorri gentilmente para a moça que trabalhava na loja. Até hoje ela tenta arrumar uma brecha para jantarmos. Era uma prova que o velho Nícolas, ainda despertava sentimentos no coração das moças. Ao chegar na entrada da minha casa, encontrei meu vizinho,sentado na calçada olhando pro nada. Eu pensei em deixá-lo quieto,mais a curiosidade foi mais forte que eu. Me aproximei dele, e me sentei ao seu lado.

— O que aconteceu dessa vez? — Ele sorriu sem graça, mas não me olhou nos olhos.

— A minha cunhada me abandonou. Ela me disse que sou um idiota,e que tá apaixonada por outro. Um rapaz mais novo, do trabalho dela.

— E você, como está depois disso?

— Péssimo. Me sentindo um inútil.
— Toquei seu ombro.

— Posso fazer algo pra te ajudar?
— Ele negou com a cabeça.

— Eu vou vender a casa. — Suspirou.
— E quem sabe, consigo sobreviver num hotel de beira de estrada até arrumar um trabalho.

— Se quiser,posso falar com o meu pai.
— Ele me olhou surpreso. — Talvez, tenha algo pra você. — Ele me abraçou mais aliviado. — Melhor. Vou ligar pra Dellie. O braço direito dele.

— O que eu fiz pra merecer tamanha bondade? — Ele estava com os olhos cheio de água.

— Me ajudou,a ser menos panaca. — Ele riu,e eu também. Ele entrou em casa,e eu fiz o mesmo. Liguei pra Dellie, e ela se disponibilizou para me ajudar. Pelo menos,metade dos meus pecados estariam pagos,depois disso. Tomei um banho, em seguida. Vesti as minhas melhores roupas, calcei meu melhor sapato,penteei meus fios laranjas e passei um pouco de gel. Me perfumei, e peguei meus óculos escuros e as chaves do carro. Eu me sentia bem. Aquele era o meu eu de antes, sintonizado com o meu eu de agora. Um luxo de homem. Segui direto pra clínica. A mesma do episódio macabro da minha vida. A clínica de aborto, que agora tinha outras especialidades. E uma delas, era o teste que eu queria,o de paternidade. Me identifiquei na portaria,e fui liberado para subir. Rapidamente cheguei pelo elevador e fui recebido por uma recepcionista muito simpática. Não esperei quase nada,até ser atendido pelo especialista do dia. Entreguei o fio de cabelo e o copo, e paguei o valor do exame. Eu só tinha que aguardar alguns dias,para sair o resultado,que eles iriam me enviar pelo correio,e outra via por e-mail. Tudo o que eu tinha que fazer agora,era esperar. Eu não tinha mais um trabalho fixo. Eu não queria voltar pra empresa, e ser chamado de incompetente pelos velhos que dividiam a empresa com o meu pai. Ele respeitava a opinião daqueles senhores,e eu a dele e por isso preferi me afastar. Enquanto eu dirigia até o restaurante do Artur,a Dellie me enviou a resposta do meu pedido. Estava tudo certo,meu vizinho tinha conseguido a vaga na empresa. Passei o número dele pra ela e deixei o celular de lado e foquei a minha atenção na estrada. Eu refletia, numa forma deu conseguir me manter,na posição confortável que eu estava acostumado trabalhando pouco e sendo meu próprio patrão. Talvez eu investiria na bolsa de valores. Ou quem sabe,abriria alguma empresa ou buscaria alguém que quisesse ter seu nome associado ao meu, em algum produto,ou firma. O nome Sarkozy vende. Seu Lúcio que o diga. Estacionei no estacionamento do restaurante. As obras estavam quase terminadas, e o Artur afoito com tantas ordens que nem me notou chegar.

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