Capítulo 79 - Diamante

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*Ariana

- Alô, alô. Testando. Falei com a pedra em frente a boca.
Balancei a pedra insatisfeita com o resultado.
Me virei para Amara.
- Amara, eu acho que essa pedra está com defeito. Reclamei lhe estendendo o objeto.
- Não, não majestade. Disse ela balançando as mãos.
- Então o quê? Eu estou fazendo algo errado? Perguntei examinando a pedra.
- Na verdade vossa majestade deve dizer o encanto que ativa as propriedades da pedra. Explicou ela.
- Ah. E qual é o encanto? Perguntei ansiosa.
- Sonoria. Respondeu ela.
Repeti o encanto que ela me ensinou. Assim que eu disse as palavras a pedra emitiu um brilho dourado.

Olhei para baixo onde o povo corria e se escondia e uns poucos lutavam.
O que eu diria para convencê-los? Eles me ouviriam? Olhei para o céu escuro e sai na tempestade. A água molhava o meu cabelo e ensopava a minha roupa novamente.
Fiz a uma oração silenciosa a Fyri pedindo coragem.
- Povo de Aurór. Falei, mas ninguém pareceu prestar atenção.
Minha voz não seria bastante para alcança-los.
O que eu faria para chamar a atenção deles.
Antes que eu pudesse ter qualquer idéia, senti meus cabelos serem puxados para trás de modo que eu cai no chão e a pedra rolou de minha mão.
Um pé se apoiou em meu peito me impedindo de levantar. Esse pé calçava um sapato vermelho e a dona dele era Maia.
Ela deu um sorriso triunfante.
- Olá priminha. Sentiu saudades. Debochou espremendo o salto em mim.
Empurrei seu pé e rolei no chão para sair de seu alcance.
Me pus de pé em seguida.
Ela riu debochada.
- Você não vai me impedir. Bradei apontando o dedo para ela.
- Você acha mesmo que esse povo covarde vai lutar contra nós? Não seja ingênua. Zombou ela.
- Eu não sou ingênua. Eu tenho fé que o povo de Aurór lutará por sua terra. Eles só precisam de um incentivo. Afirmei.
- E quem vai icentiva-los? Você? Você que é uma mestiça nojenta? Você que eles mau conhecem?
- É isso mesmo. Eu, a rainha eleita pelo povo. Aquela que venceu seu pai na eleição. Provoquei.
Ela atirou uma bola de fogo em mim da qual eu desviei.
- Pense duas vezes antes de falar do meu pai! Gritou ela descontrolada.
- Lá vem você com seu complexo de pai. Zombei.
- Cala boca! Cala boca! Cala boca! Gritou ela pontuando cada frase com o lançamento de bola de fogo em minha direção.
Me defendi com um escudo de terra.
- Seu pai não merece ser defendido. Ele é um vilão, uma pessoa do mau. Afirmei.
Maia riu descaradamente.
- Do mau você diz... Repetiu ela.
- Claro. Ele fez tantas pessoas sofrerem. Ele é um assassino, um criminoso. Uma pessoa assim não tem moral para governar.
- E você tem? Indagou com sorrisinho debochado no rosto.
- O que você quer dizer com isso? Me imperdiguei.
- Você não é toda essa perfeição. Veja bem, você até já matou pelo seu próprio bem. Ah! Pobrezinho do Childreman. Disse ela fingindo tristeza com a mão no peito.
Confesso que aquilo doeu por alguns instantes, mas depois de tudo que passei eu não iria deixar me abater por essa provocação.
- Ah sim. Houve coisas que fugiram ao meu controle, mas eu não planejei nada disso. Pontuei.
- E só por isso você acha que é diferente de nós? Perguntou ela.
- Eu sou diferente. Childreman era maligno. Eu e meus amigos só fizemos aquilo para defender Aurór, nossas vidas e a daqueles que amamos. Respondi convicta.
- Hã! Que blá, blá, blá clichê. As ações é que contam. Retrucou ela.
- As ações dos tenebris são as piores possíveis. Vocês mentem, roubam e matam sem remorso algum.
- Você está falando isso por causa do seu papai? Perguntou ela com cara de pena.
Aquilo rasgou meu coração. Fez me lembrar dele naquele dia. Do sangue escorrendo em seu rosto pálido e da sua voz fraca dizendo que me amava.
Não pude evitar as lágrimas que rolaram despretensiosas pelo meu rosto. Contive um soluço que tentou escapar pelos meus lábios trêmulos.
Levantei os olhos até focar nos dela.
- Sim. Meu pai é um dos muitos que vocês brincaram com a vida. Respondi com voz embargada.
- Ah, não chore queridinha. Logo você, seu pai e sua mãe estarão juntos no além e nós governaremos Aurór. Expulsaremos todos os mestiços, faremos os faes das sombras se ajoelharem ante nós e quem sabe, dominaremos também a Terra. Aqueles humanos idiotas não são páreos para nós. Aí todos nos servirão e meu pai será o governante absoluto do universo. Disse ela com as mãos levantadas ao céu.
Limpei as lágrimas com as costas das mãos.
- Isso não vai acontecer. Disse entre dentes.
Ela baixou as mãos e olhou pra mim.
- Pessoas como vocês não devem e não vão governar Aurór ou qualquer outro lugar. Continuei.
- E você é a pessoa para governar. Né senhorita perfeição. Ironizou Maia.
- Posso até não ser perfeita, mas cumprirei a promessa que fiz a minha mãe. Serei a melhor rainha que eu puder ser e também livrarei essa terra da praga chamada tenebris.
- Você vai acabar conosco? Não me faça rir. Disse ela.
- Veremos quem vai rir quando eu arrancar de você e do seu pai seus poderes sobre os elementos. Ameacei.
Ela riu sem alegria.
- Veremos se você pode me derrotar. Disse ela preparada pra briga.
- Cai dentro! Gritei partindo para cima dela.
Lancei um chicote de água que ela evaporou com uma parede de fogo fazendo em seguida a terra ondular em baixo de mim. Pulei para trás para evitar a queda e fui recebida por uma chuva de pedras. Me defendi com escudo de terra e lancei uma rajada de fogo que foi parada com um gesto de mão dela. Ela tinha um ótimo controle de seus elementos eu tinha que admitir.
Então chegara a hora de por em pratica todos os ensinamentos de luta que eu aprendera na terra.
Dei um mortal para a frente com a intenção de chuta-la. Ela parou o chute facilmente me fazendo cair de costas no chão.
Ela se enclinou sobre mim.
- Tolinha. Nós faes nobres temos treinamento de combate corpo a corpo desde crianças. Desdenhou ela.
Não respondi. Em vez disso a chutei na altura do estômago e dei uma cambalhota me afastando e me pondo em pé em seguida.
Maia estava com a mão na barriga e com cara de dor.
Sorri ao ver isso.
- Você vai me pagar. Ameaçou rilhando os dentes.
- Pode vir. Provoquei.
Maia fez surgir na palma de sua mão uma chama negra semelhante a do tenebris que eu e Andrês enfrentamos antes. A tenebris murmurou um feitiço inaudível e a chama correu da sua mão e em um segundo formou circulo ao meu redor que cresceu para cima formando uma espécie de furacão  a minha volta. Estava quente. Muito quente. O fogo me sufocava. As paredes negras se aproximavam cada vez mais de meu corpo desprotegido. Se eu não fizesse alguma coisa rápido, eu seria queimada viva. Tentei a terra, água e até mesmo o fogo, mas nada parecia ter força suficiente para romper aquele fogo amaldiçoado.
Olhei para cima. Era possível ver as nuvens negras que cobriam o céu.
Se Andrês estivesse aqui, nós poderíamos escapar voando pra fora dali.
Não! Eu não podia pensar assim.
Eu dissera a ele que eu podia me proteger. Eu tinha que escapar dali sozinha.
Apertei minha pedra rubi entre os meu dedos. Será que eu poderia ser capaz de controlar também o vento?
Os outros elementos eu pudera usar em momentos de dificuldade, mas o vento sempre pareceu o elemento mais distante para mim. Eu senti que pra controla-lo eu teria que fazer algo diferente. Fechei os olhos e mergulhei em meu interior. Pude sentir a água logo de cara. Meu primeiro elemento, em seguida a terra e o fogo. Procurei o vento dentro de mim. Era quase impossível, mas eu acreditava. Finalmente eu senti algo como se fosse uma brisa suave.
- Fyri rainha de Aurór. Sei que me agraciou com três elementos e lhe sou muito grata. Mas agora Aurór corre perigo e como rainha dessa terra eu necessito do elemento vento para salva-la. Pedi em meu interior.
O vento tomou meu coração e o envolveu. Eu tinha certeza que agora eu podia controla-lo. Naquele instante senti algo mais em mim. Algo mais forte e brilhante. Como aquela sensação veio, ela desapareceu. Aquilo me intrigou, mas eu tinha algo a fazer.
Abri meus olhos, uma brisa levantava os meus cabelos. Eu só tinha que transformar aquela brisa em um vento mais forte capaz de me levantar e me tirar dali.
Foquei todo o vento em meus pés e aos poucos fui subindo até sair dali. Foi bem na hora. Assim que eu sai o cilindro de fogo se fechou.
Comemorei interiormente, até ver que eu saira da varanda. Embaixo de mim não havia nada. Se eu caísse dali...
Só esse pensamento me desconcentrou e eu cai, mas braços me seguraram.
- Opa, priminha. Essa foi por pouco.
Ouvir aquela voz me arrepiou os cabelos. Eu estava nas garras do inimigo.
- Me solta! Gritei e só então me lembrei onde eu estava.
- Seu desejo é uma ordem. Boa viajem. Disse Maia e me soltou.
Gritei enquanto caia. O chão se aproximava cada vez mais. Fechei os olhos amendrontada. Esperei o impacto que não veio. Em vez disso cai em algo macio.
Abri meus olhos devagar. Os pelos brancos, as asas macias. Um cavalo alado.
- Dona. Disse ele.
- Diamante! Respondi surpresa. Meu cavalo me salvara.

A filha da rainha - contos dos medium fairy. (Em Revisão) Onde histórias criam vida. Descubra agora