Ben

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Vamos começar a brincadeira?

Música do capítulo: Stop Crying Your Heart Out – Oasis

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Lauren chegava em casa já passando de 23h00. Estava feliz, tinha feito algo que mudaria a humanidade, além de se sentir mais próxima ao pai, mesmo que doesse saber que jamais o veria novamente. Tinha sido um dia e tanto, nada poderia estragar. Pelo menos era o que ela pensava.

Ao chegar às escadas que davam acesso a porta de entrada, percebeu Ben sentado no banco que ficava na varanda. Ela sentiu que tinha algo errado.

- Oi tio, aconteceu alguma coisa? – Ben apenas a olhou com o semblante sério e que transparecia um pouco de mágoa também.

- Não se esqueceu de nada, Lauren?

- O que? – Nesse momento o celular de Lauren começou a tocar.

- Não atenda isso. É bom saber que está funcionando. – Cruzou os braços. – Se desculpe com sua tia. Isso é sério. – Lauren gelou e arregalou os olhos, tinha se esquecido da tia. Ben tinha o direito de estar chateado. – Entre lá agora Lauren e peça desculpas para ela.

A morena logo passou por ele e entrou em casa, encontrando a tia em pé no meu da sala, com um olhar de súplica para o marido que vinha logo atrás de Lauren. Ben era muito duro quando tentava ensinar algo para sobrinha com os erros da mesma.

- Me desculpa, tia May. – Falou abaixando a cabeça.

- Meu amor, tudo bem. Não precisa pedir desculpas para mim.

- Claro que precisa. – Ben disse.

- Tio, me desculpa. Eu estava distraída durante essa tarde. Acabei me esquecendo.

- Sua tia teve que andar 12 quarteirões sozinha, no meio da noite e esperou você no meio de uma estação de metrô deserta. Aí você vem me dizer que se distraiu?

- Ben, querido, eu sou capaz de me cuidar sozinha, você não precisa... – Foi interrompida.

- VOCÊ NÃO VAI DEFENDER ELA DESSA VEZ.

- MAS EU NÃO... – Foi interrompida novamente por Bem, que estava tentando ficar mais calmo e agora se direcionava a uma Lauren que ainda estava de cabeça baixa. Ela tinha se enganado, o dia poderia sim ser estragado e a culpa era sua. Mas ela realmente não estava com cabeça para ouvir cobranças, tinha passado o dia sentindo o peso da ausência de seu pai, tinha humilhado uma pessoa na frente da metade da escola e agora esqueceu a própria tia. Ela só precisava descansar. Mas não era o que estava lhe sendo permitido.

- Escuta aqui Lauren, você é igualzinha ao seu pai. Você é sim, isso não é ruim, na verdade é ótimo. Mas seu pai tinha uma filosofia de vida, um princípio. Ele acreditava que se você pudesse fazer coisas boas para outras pessoas, você tem a obrigação moral de fazer. Com grandes poderes, vêm grandes responsabilidades, minha pequena. Essa é a questão aqui, responsabilidade. – Lauren apenas levantou o rosto encarando o tio e deixando algumas lágrimas caírem.

Aquele discurso não fazia sentido em sua cabeça. Todas aquelas palavras só a deixaram com um buraco maior no peito. E em algum momento isso teria que explodir, porque não deixar extravasar agora? Foi o que ela fez.

- É mesmo tio Ben? Isso tudo é muito bonito, lindo mesmo. Mas cadê ele? – Ela sabia que estava sendo dura e ultrapassando os limites do respeito com o tio. Mas aquela pergunta estava entalada há dez anos, desde que ela tinha sido deixada, depois soube que os pais simplesmente morreram e nunca mais voltariam. – CADÊ ELE? – Ás lágrimas já corriam livremente por seu rosto.

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