Capítulo 3: M de Menstruação

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"All I need, all I need is your body heat right next to me." ― Selena Gomez.



Domingo chegou e eu rolei pela cama não conseguindo lembrar-me de quando realmente fui parar nela depois de um banho e ter bebido algo, sabendo que Liam havia retirado minhas energia em toda aquela sessão carregada de amassos. As cortinas do meu quarto estavam abertas e a luz deve ter sido um dos fatores em ter me despertado, girando e resmungando em minha cama desejando poder voltar a dormir. O barulho da avenida desconcentrou-me e decidi que era uma boa hora para poder levantar, começar o dia quando minha mente lembrou-se de alguns rascunhos que eu precisava ajeitar e decidir as colorações das peças.

Arrastei meus pés preguiçosos pelo chão de linóleo e como costume bati na cafeteira colocando água, botando comida no potinho aberto da Nala, abrindo a janela que dava para a escada de incêndio e refazendo o caminho até o banheiro preparando-me para o dia. Lavei meu rosto notando como a pele na região do meu pescoço ainda estava levemente inchada e vermelha recordando das razões de estar assim. Estremeci, meu corpo tendo uma onda de pré-aquecimento antes que eu lavasse o rosto novamente e respirasse fundo tentando manter o controle do meu corpo.

Cheiro de café preencheu minhas narinas e eu voltei para a minha pequena cozinha subindo o duplo degrau e resmungando pelo azulejo frio do chão carregando minha caneca para minha pequena sala e ligando a televisão. Com certos privilégios eu tinha alguns canais sobre desfiles ou programações apenas sobre moda, nos quais, eu aproveitava os finais de semana para sempre estar atualizada e saber sobre as tendências afinal meu trabalho era revestido nisso e eu não poderia ficar antiquada. Nala apareceu pouco tempo depois pulando no sofá e lambendo a si mesma ao redor do meu pé, parecia que hoje era meu dia de sorte.

― Argh! Detesto Preston! ― falei sozinha notando que era hora de seu programa.

Suas dicas de moda eram extravagantes demais e ele normalmente só elogiava pessoas de alta classe até mesmo recusou um extra em seu programa que era sobre ajudar pessoas comuns a encontrarem seus estilos dizendo que classe baixa e médias nasceram para seguirem assim. Tão hipócrita, ele mesmo não nascera em berço de ouro e fez seu caminho rumo ao topo, mas a fama e o dinheiro fazem tão mal as pessoas que elas começam a mudar e pensar coisas totalmente diferentes de antigamente. Por essas e outras que eu preferi continuar em meu apartamento de apenas um quarto com cozinha e sala praticamente grudadas e um micro banheiro, aquela era a minha realidade e era um lembrete de que eu não podia esquecer-me de onde eu vinha. E eu tinha Liam que era tão pé no chão quanto eu. Prometendo-me que não me deixaria virar esnobe ou desejar ser uma modelo, que os luxos e a viagens que algumas vezes eu fazia em jatinhos particulares para o outro lado do continente não mudassem minha essência.

Quase sempre eu reclamava do tempo e do fuso horário, eu não tinha tempo de desfrutar Paris ou Milão, quase 24 horas do meu dia era gasto trabalhando, rascunhando, afirmando e cooperando com as linhas de roupas, era tão cansativo que no final do dia tudo o que eu queria era a cama de hotel e serviço de quarto. Sendo assim sempre que eu chegava e Liam estava lá com suas provas, projetos e trabalhos louco da vida e reclamando dos alunos irresponsáveis eu estava reclamando das viagens, de como eu gostaria de viver em um lugar isolado e nunca mais precisasse trabalhar. Éramos como pilares um para o outro com nossas famílias distantes e vivendo suas vidas, nós não tínhamos mais ninguém além de nós mesmos ali. Lembrando de que fora preciso uma mudança no mesmo dia para conhecer meu vizinho e saber que ele seria importante em minha vida. Que toda essa amizade que construímos leva anos e só se solidifica com o passar do tempo. Era como se Liam soubesse cada parte de mim que até eu mesma estava descobrindo, ele estava em todos os caminhos que eu traçava puxando-me, ajudando-me ou tirando-me de situações.

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