Prólogo

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Prólogo


Adam Beaumont

Um ano e um mês antes do começo

Paris – França.

— Sai da frente! Sai da frente! — Um projeto de homem grita enquanto me empurra para eu sair de seu caminho.

— Acalme-se, rapaz. — Eu peço, segurando o seu ombro para evitar que ele esbarre e tropece nas coisas no corredor da entrada de casa. — Se acalme! A comida não irá fugir de você.

— Mas eu tenho que chegar antes do Phillipe e da Marion! — Allain grita, e volta a correr.

Logo em seguida sou atropelado por mais duas miniaturas de gente.

— Adam! Não era pra você deixar ele entrar! — Phillipe grita irritado, e me empurra para tentar alcançar o irmão gêmeo.

— Oras! Me desculpe então! — Sorrio com diversão enquanto observo a cabeleira loura desgrenhada sumir pelo corredor.

— Aah! — Um grito agudo me assusta, e eu permaneço parado, esperando a última das crianças entrar em casa. — Eu 'tô passando!

A pequena Marion corre com seu vestido azul imundo de terra, e o cabelo castanho preso em marias-chiquinhas balançando.

Entro na nossa pequena casa, e bato a porta. Largo as chaves no porta-chaves na parede ao lado, o casaco no cabide, e o meu envelope com documentos na mesa do corredor, e sigo por ele até chegar à cozinha. Olho ao redor, contemplando o pequeno ambiente abarrotado de gente em família. Mamãe está ocupada fazendo mil coisas no fogão; Fleur a ajuda pegando as vasilhas e carregando até a sala. Ao passar por mim, no caminho, minha irmã sorri com animação, e esbarra de propósito.

— Você está uma pirralha muito folgada! — Finjo reclamar enquanto a observo colocar as travessas na mesa.

O jantar, hoje, será farto. Pelo menos em um sábado por mês nós nos damos a este luxo.

Fleur me olha com o cinismo que somente os pré-adolescentes possuem, e diz:

— Eu?! Saia do meio do caminho, e nos ajude, que eu não terei de empurrar ninguém! — Ela pisca inocentemente, e retorna à cozinha, se esbarrando em mim novamente.

— Deixe o seu irmão em paz, querida. Ele acabou de chegar da rua. Está cansado. — Mamãe diz com o seu habitual tom de voz amoroso, e sorri para mim.

— Em que precisam que eu ajude? — Pergunto olhando em volta.

— Me ajude com essas coisas que ficam aqui em cima. Estou com medo de derrubar tudo. — Vincent, meu irmão dois anos mais novo, pede enquanto mexe no armário alto da cozinha, à procura de vasilhas de vidro para servir algo do jantar. Me desvio das crianças que brincam despreocupadas em volta da cozinha, e seguro Vitória que se desequilibra no meio do agito.

— Desculpe. — Ela sorri grata, e vai para o lado do meu irmão, seu namorado.

— Tudo bem? — Ele pergunta preocupado à menina pequena, que sorri com carinho, e acena com a cabeça. — Adam, pegue aqui essas duas vasilhas azuis de baixo enquanto eu seguro as de cima. Corre.

Me apresso a ajudá-lo, e levo as duas vasilhas azuis de vidro para lavar. Limpo-as, e pergunto o que fazer com elas.

— Me dê aqui. Vou servir o macarrão e o molho. — Mamãe pede, pegando-as da minha mão. Quando termina de arrumar, eu as pego para levar para a sala de jantar.

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