Capítulo Setenta - O Garotinho Está Crescendo

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Capítulo Setenta - O Garotinho Está Crescendo


Adam Beaumont

- Sente-se. - Alice gesticula o sofá da sua sala e sinaliza com o indicador para que eu espere um momento até ela acabar o que faz no seu computador.

Eu não me sento. Fico em pé, em frente à sua mesa, observando-a com toda a curiosidade que existe em mim causada pela sua ausência no almoço. Há trinta minutos nossos amigos e eu terminávamos de almoçar; Alice, não. Sua única justificativa foi um distante "estou bem, e tenho algumas coisas para resolver antes de começarmos o nosso trabalho".

E agora eu não paro de me perguntar o que ela passou os últimos minutos resolvendo. A minha maior curiosidade, talvez, seja o quanto eu estou envolvido nesses assuntos. De qualquer forma, é essa ansiedade que me impede de sentar calmamente à sua espera.

Alice me olha por cima dos óculos velhos de aro remendado com fita adesiva, os mesmos óculos que os meus irmãos quebraram dias atrás. Ela também está curiosa, porém a sua diversão é nítida.

Seus dedos alcançam um botão na tela enorme do computador.

- Nervoso? - Ela questiona, tentando, com muito esforço, não rir.

Alice obviamente já sabe o tanto que eu estive nervoso desde que ela disse que nós dois trabalharíamos juntos pela primeira vez.

Ela se levanta e caminha, a passos lentos e seguros, até o sofá, porém permanece em pé, os olhos presos aos meus.

- Você sabe que sim. - Dou de ombros.

Seu sorriso aumenta.

- Eu posso esperar um tempo até você se acalmar ou se acostumar com a ideia de trabalharmos juntos... - Seus olhos são fendas sobre mim, e ganho um sorriso maldoso para coroar a maldade dela e o meu nervosismo. - Se quiser começar outra hora, outro dia... Fique à vontade, meu amor. - Ela pisca um olho.

Apesar da sua provocação, sabemos que ela não quer adiar o início do trabalho; sabemos que, mesmo nervoso, eu não quero adiar o início do nosso trabalho.

Alice se senta no sofá e continua a me olhar.

- Não precisamos adiar, meu amor. - Eu dou mais ênfase do que o necessário, devolvendo, assim, a provocação dela.

Alice sorri como se tivesse acabado de ganhar na loteria e volta a indicar o sofá.

- Sente-se, Adam. - Ela repete o convite, agora mais suave.

Eu vou até ela, parando à sua frente por meio segundo ao perceber o olhar lascivo dela sobre o meu corpo inteiro. É por causa deste olhar nada inocente, mas totalmente autêntico, que eu decido inovar, e, contrariando parcialmente o pedido da minha namorada, eu me deixo sentar no colo dela.

Alice é pega totalmente de surpresa, e de fato é algo que eu jamais me imaginei fazendo.

- Adam! - Ela exclama, ainda surpreendida, porém deixando a diversão tomar-lhe conta. - Você sabia que eu sou frágil e posso quebrar embaixo de todo o seu peso? - Alice resmunga, mas passa os braços ao redor do meu corpo, da mesma forma que eu faço com ela quando ela se senta no meu colo.

- Você é forte; vai conseguir me aguentar por algum tempo. - Eu rebato e a abraço de lado. - Vamos ao trabalho!

Ela ri e revira os olhos.

- Só este breve minuto está me fazendo quebrar todas as regras que eu criei e impus a todos os meus funcionários, sabia disso? - Ela sustenta o meu olhar, e apesar do seu sorriso, vejo que ela fala a sério. Mas ela também reluta em pedir para que eu me afaste.

Efeito AliceWhere stories live. Discover now