X

22.1K 1.6K 271
                                    


O resto das aulas do dia passaram voando e até que o Samuel ignorou bem a minha existência na frente dele, o que me deixou bem feliz. O único momento da parte da manhã do meu dia que voltamos a nos falar, foi para dizer que teríamos encontro na biblioteca hoje, para estudar. 

-Vou almoçar com os representantes dos cargos do grêmio, querem vir? -Perguntei para os meus amigos, enquanto caminhávamos para o restaurante.

-Não. Vocês só falam de problemas. -O Guto falou.

-Mas são problemas que vão melhorar a vida de aluno de vocês. -O Edu falou rebatendo o amigo/colega de quarto. 

-Se eu quisesse ficar do outro lado, do lado do problema, teria entrado no grêmio. -O Guto piscou para o Edu que não teve o que responder. 

-Bora Edu. -Falei rindo e puxando meu amigo pelo braço. Pegamos nosso almoço e sentamos na mesa onde nossos amigos do grêmio já falavam sobre um problema. O preconceito de alguns alunos com os casais homossexuais da escola.  A Kelly, por ser das questões políticas, liderava o debate, mas a Lara não ficava muito atrás, já que ela é responsável pelas lutas e causas sociais.

-Precisamos arrumar um jeito desses idiotas entenderem que ser homossexual não é uma deficiência e nem uma escolha. -A Kelly falou. Apesar de sermos do grêmio, lugar que envolve questões sérias da escola, somos todos muito amigos (nós, representantes) e não ligamos muito para usar o padrão formal da língua portuguesa. 

-E se a mãe da Alice trouxesse alguém para dar paléstra sobre isso? -O Edu, representante dos eventos e festas, falou. Todos me olharam.

-Podemos marcar uma reunião com ela e esclarecer isso... Eu não aguento ver algumas pessoas olhando tortos para os casais homossexuais aqui da escola. Eles fazem isso parecer um absurdo e isso me irrita muito. 

-Né não? Eu já passei por isso e é horrível. -A Lara, que é bissexual, falou. -Podemos organizar uma manifestação no horário do almoço. Não apesar sobre homofobia, mas também sobre racismo e sobre a cultura do estupro. 

-Eu posso ficar responsável por chamar pessoas que queiram participar da manifestação. Acho que vai ser mais legal ter pessoas de dentro e de fora do grêmio. -O Gabriel, responsável pelas propagandas e anúncios de todos os outros principais cargos do grêmio, falou. 

-Ai gente, vocês vão me matar se eu não me envolver muito? -Perguntei arrasada. Eu queria muito poder me envolver de cabeça nesse projeto incrível que busca abrir a mente de pessoas racistas, machistas e preconceituosas, mas no momento se eu enfiar mais alguma coisa na minha cabeça, eu vou entrar em combustão. -Estou lotada de coisa para fazer.

-Claro que não Alice! -A Lara falou. -Sabemos da sua lista interminável de coisas para fazer, mas se quiser participar das manifestações eu posso ir no seu quarto à noite e te contar tudo. 

-Nossa Lara, seria ótimo. Quando vocês fecharem tudo e tiverem todas as ideias prontas, você me conta e eu vou com certeza participar de todas as manifestações! Mas gente, se vocês precisarem de qualquer coisa podem me mandar uma mensagem ou me liguem. Quero muito ajudar da forma que eu puder.

-Menina do céu, você vai explodir se enfiar mais alguma coisa na sua cabeça. -O Edu falou e nossos amigos concordaram com a cabeça. 

-Ah se eu pudesse escolher o que enfio na minha cabeça, podem ter certeza que eu tiraria "dar monitoria para o Samuel" de lá.

-Aé, fiquei sabendo que vai ter que aturar aquele menino todo dia, né? -A Kelly falou. E daí em diante, a conversa pegou um rumo mais discontraído, sem mais nenhum problema ou questão a ser resolvida.

O Idiota da minha escolaWo Geschichten leben. Entdecke jetzt