LXVI

13.8K 1K 110
                                    




O Samuel tomou um banho rápido, enquanto eu tomava um banho demorado no banheiro do quarto da minha mãe e ela falava com o segurança pelo telefone, exigindo que os meninos fossem tirados da escola o mais rápido possível e assim foi feito.

Tomei meu banho e coloquei uma roupa limpa. Durante o banho, deixei todas as minhas lágrimas escorrerem e quando o acabei, não tinha mais o que chorar.

Sentei no sofá ao lado do Samuel que encarava a televisão desligada. Seus olhos estavam um pouco vermelhos, mas seus supercílio e boca não tinham mais sangue escorrendo e só restava os machucados. Ele me abraçou e ficamos quietos no sofá. Minha mãe foi até a gente.

-Os meninos já não estão mais aqui e quando eu voltar para a minha sala assino a expulsão deles.

-Esses meninos têm que ser processados. -O Samuel disse sem desviar os olhos da televisão.

-Não! -Falei alto e rápido demais.

-Eu concordo com o Samuel, Alice. -Minha mãe me repreendeu.

-Mãe, eu não quero passar por isso de novo. -Ela cerrou a boca e assentiu com a cabeça. Ela sabia do que eu estava falando. Sabia do trauma que eu tinha da minha infância e era tudo que eu não queria passar de novo.

-Depois dos socos que o Samuel deu neles, eles não vão voltar, eu tenho certeza. Eles me falaram que estavam fazendo aquilo por dinheiro.

-Dinheiro? -Minha mãe perguntou indignada. -Quem pagaria alunos para abusarem uma aluna?

-Isso é doentio. -O Samuel falou.

-Consegue pensar em alguém que possa ter essa coragem? -Uma pessoa passou pela minha cabeça, mas não achei possível a Maria ser baixa a esse ponto, então a descartei como opção. Tirando ela, não restava ninguém.

Neguei.

-Filha, vai para o seu quarto deitar que eu tenho dois assuntos para resolver na minha sala. Prometo que vai ser rápido, ai eu volto para ficar com você. -Assenti. -Fica com ela, Samuel?

-Sim. -Ele disse. Minha mãe deu um beijo na minha testa e senti uma lágrima dela cair em meu rosto.

-Eu já volto. -Ela disse se afastando e saindo de casa, me deixando sozinha com o Samuel.

Levantei do sofá, segurei em sua mão e fui para o meu quarto, que ficava bem em frente ao da minha mãe. Entrei no meu quarto e ele entrou em seguida.

Me encolhi na cama e retornei a chorar, não apenas pelo que aconteceu hoje, mas pelo que aconteceu há muitos anos atrás. Senti que o Samuel não sabia o que fazer, ele apenas sentou virado para mim e e acariciou meu cabelo.

-Sei que requer tempo, pequena, mas esse sofrimento vai passar.

-Sempre passa... -Sussurrei olhando para baixo. -Quero te contar uma coisa. -Olhei para ele e falei decidida.

-Pode me contar o que você quiser, minha boca é um túmulo. -Ele limpou minhas lágrimas.

O Idiota da minha escolaWhere stories live. Discover now