ana terra

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Lá pelas bandas onde o gado anda solto na pista e motorista acelera com o vidro fechado, mora Ana Terra

Moça gaiata
De riso frouxo
Que já nasceu com as mãos tirando da casca o coco

Ofício da família era esse
Logo cedo alguém batia a porta Misipache!
E correndo ia Mãe Cida com pano na cabeça pra vender sua cocada

Menina mais velha logo aprendeu
Que ofício fácil era esse não
Preferia tirar sustento vendendo perfume de porta em porta
As vezes vendia
As vezes não

Logo depois veio Paulinha
Moça esguia que só ela
Demorou pra crescer mas logo
Já entendia que trabalhar era guerra

Ana Terra foi a terceira
Companheira para a do meio
Sempre juntas, hora banhando com água da torneira
Hora brincando de cangaceiro

Desliga essa água!
Ouviam de noitinha
Quando sabiam que tinham que colocar o pano na cabeça
E depois a bacia

Cantando no acostamento
Lá iam as crias de Cida
Que Deus acompanhe as duas!
Rezava todas avemaria

Na sexta, o samba era na certa
No pé uma sandália de couro
No coração somente festa

As duas irmãs sambavam, com as cocadas na cintura de pilão Dependendo dos trocados, sobrava pro arroz e feijão

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Midispache: Do verbo despachar. Me despache. Gíria usada em Salvador para designar um cliente que deseja ser atendido.

Talvez uma estória nova esteja sendo planejada com esse cenário, essa temática. Só talvez as postagens comecem ano que vem.

Isso não implica que eu seja uma autora ansiosa que não aguenta esperar e tenha feito esse poema pra liberar uma casquinha. De jeito nenhum.

Asa Branca - Luiz Gonzaga

Eu, incandescente, lírico Onde as histórias ganham vida. Descobre agora