e agora, José?

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Caminhando pelas ruas
Lá ia José
Com sua bata branca voando
Sendo claridade na penumbra

Os pés trotando ao tecer passos trôpegos que tanto tiravam a paz daqueles que na cama rolavam

Lá vai ele outra vez
Dizia Dona Maria
Que da janela observava
Comentando com a vizinha

Só pode ser o amor
Bicho difícil de entender
Que quando chega e se aloja ao peito parece partir ao meio e querer fazer parar de bater

Se avexe não, comadre
Amanhã é um novo dia
Adivinhar o meu sofrer
Não diminui a agonia

Palavras últimas de José, o bêbado desamparado
Que morreu com as mãos estiradas
Segurando alguns trocados

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Construção - Chico Buarque

Eu, incandescente, lírico Where stories live. Discover now