Parte IV

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  Andando pelo comprido corredor do andar de cima, (S/N) viu que as paredes eram escuras, e que haviam estátuas e pinturas macabras espalhadas por todos os cantos.
Ela se arrepiou profundamente. Até a casa daquele homem era assustadora!
- Por quê essa cara? - Louis perguntou de repente, vendo que (S/N) olhava com assombro para os lados.
- Isso... essas estátuas... - Ela balbuciou.
- Gosta? - Ele perguntou malicioso. - (S/N) não respondeu. Viu a estátua negra de um lobo, que parecia mais um lobisomem, perto de um dos móveis e se assustou. - Continue andando. - Louis mandou com voz dura, seguindo na frente. (S/N) engoliu em seco e o seguiu. Quando chegaram à frente de uma ampla porta cinza, Louis parou e a abriu. - Bem vinda ao seu novo quarto. - A morena adentrou. O quarto era enorme e amplo, com banheiro. Mas ela não se surpreendeu mais ao ver que o quarto tinha a mesma decoração assustadora do resto da casa. Uma enorme cama de casal estava ao centro do quarto, coberta com um acolchoado marrom escuro. As janelas estavam fechadas, cobertas por cortinas grossas e cinzas. Havia um sofá e algumas poltronas negras, e os móveis escuros também. A luz era fraca, e (S/N) sentiu - se como se estivesse no quarto de um vampiro ou algo parecido. Tudo era tão escuro, sem vida... horripilante. - Quero dizer, nosso quarto. - Louis corrigiu, se aproximando mais de (S/N) .
Ela se afastou.
- O jantar já está servido? - Ela murmurou, observando um pequena mesa à luz de velas no canto do quarto, com pratos e bebida em cima.
- Sim, meus criados agem rápido a uma ordem minha. - Ele disse, se aproximando da mesa e puxando uma cadeira para (S/N) . - Sente - se. Nossa primeira refeição juntos.
- Não estou com fome.
- Sente - se. - Ele mandou, pausadamente.
(S/N) se aproximou e sentou. Satisfeito, Louis sentou - se na outra cadeira.
- Espero que goste da comida daqui.
(S/N) não disse nada, começou a comer silenciosamente. Louis também comeu sem fazer nenhum comentário. Quando terminaram, ele enxugou os lábios em um guardanapo.
- O que achou?
- É muito gostosa. - (S/N) respondeu.
- Que bom que gostou. - Ele a olhava com um olhar estranho, e (S/N) começou a gelar. - Quer algo doce agora?
- Não, estou satisfeita.
- Mas eu não. - Ele respondeu calmamente, levantando - se e a devorando com os olhos diabólicos. - Acho que já sei o que vou querer comer de sobremesa.
- O quê? - Ela perguntou mortificada.
- Você. - Louis se aproximou e a puxou pela mão - Afinal, não vou achar nada mais doce para satisfazer meu apetite.
(S/N) arregalou os olhos, tentando livrar a mão da dele.
- Me largue. - Ela pediu, tomada pelo temor.
Louis a ignorou e a puxou para ficar em pé, na frente dele.
- Não pode imaginar o quanto eu sonhei com isso. - Ele murmurou, com a pupila dos olhos se dilatando enquanto observavam (S/N).
(S/N) começou a tremer de medo e nervosismo.
- O que está fazendo?Eu disse que você não iria me tocar, eu não vou deixar! - Ela gritou, quando Louis a puxou pelos quadris e a apertou em seu corpo, sentindo as curvas femininas dela.
- Não diga bobagens. - Ele cortou com dureza. - Agora você e eu somos marido e mulher. E esta é nossa noite de núpcias. Acha mesmo que agora que finalmente a tenho inteira só para mim, vou deixá - la ir?
Louis começou a beijar o pescoço esbelto e macio dela, cheirando e chupando de leve. (S/N) se assustou com aquela sensação de tremor e aqueles arrepios que ela sentiu ao sentir a boca e o hálito quente de Louis em seu pescoço.
- Pare com isso. - Ela se debateu, tentando se afastar. Mas Louis a segurou mais firme, apertando-a e machucando-a.
- Pare de gritar e se mexer assim. - Ele disse com irritação. - Você é minha (S/N) Anne ... e vai se entregar para mim esta noite.
- Não quero!! - Ela gemeu, começando a tremer mais forte e a chorar. - Se fizer algo contra minha vontade eu chamarei os empregados!
Louis , ainda sem perceber o choro dela, gargalhou alto.
- Nenhum deles terá a ousadia de vir aqui, senhorita. Pode gritar à vontade.
- Você é muito cruel, eu tenho medo de você! - Ela berrou, com o rosto vermelho de tanto chorar.
Louis parou de rir e se afastou um pouco para observá - la.
- Mas o que... você está...
(S/N) se livrou dele raivosamente, ainda soluçando.
- Está chorando? - Louis murmurou, como se nunca na vida tivesse presenciado uma mulher chorando e como se aquilo fosse algo sobrenatural.
- Não. - Ela disse, enxugando os olhos e tentando conter os soluços. Mas não estava sendo bem sucedida.
Louis ficou em silêncio alguns minutos, e só se ouvia a respiração agitada de (S/N) por causa do choro. Ela não o encarava, mas percebia Louis olhando - a.
- Você tem mesmo medo de mim? - Ele perguntou de repente, se aproximando. Ergueu a mão como se quisesse tocar os cabelos dela, mas logo desistiu.
- Tenho. Você me amedronta. - (S/N) respondeu com dignidade.
Louis soltou um urro, como um tigre enjaulado, e saiu do quarto batendo a porta com toda sua força, quase quebrando - a.
(S/N) , de olhos arregalados, deixou - se cair em cima de uma cadeira. Será que ele voltaria, ainda mais furioso, e a obrigaria a fazer o que tinha prometido no dia anterior?
A morena ficou ali na cadeira, se acalmando, por um bom tempo. Depois trocou de roupa e se deitou, cobrindo - se com o maior número possível de cobertas. Louis voltaria, ela pensou com o temor voltando.
Afinal, ele dormia naquele quarto, uma hora ou outra ele teria que voltar. E se deitaria do lado dela, e...
(S/N) ficou a noite toda de olhos abertos, com medo da hora que a porta seria aberta e aquele demônio entraria no quarto. As horas foram se passando, mas (S/N) não baixava a guarda. Tinha medo de adormecer e quando acordar levar um susto com uma presença aterrorizante ali ao lado dela.
Mas isso não aconteceu. Louis não voltou mais, e (S/N) só conseguiu adormecer quando já tinha amanhecido.
- Senhora? Senhora, acorde. - (S/N) abriu lentamente os olhos e deu de cara com uma das criadas. Ela parecia ter uns cinqüenta anos e tinha um ar bondoso. (S/N) sentou - se na cama, se espreguiçando como uma pequena gatinha. - Ainda bem que despertou, senhora Tomlinson .
(S/N) franziu o cenho. Era muito estranho ser chamada de "senhora", mas ser chamada de "senhora Tomlinson " era mais ainda.
- É muito tarde? - Perguntou, bocejando.
- São duas da tarde, senhora. - A mulher sorriu. - Como já passou da hora do almoço, o senhor mandou-me vir te despertar.
- Louis ? Ele está em casa?
- Está, sim senhora. O senhor está no borboletário.
- Bor-Borboletário? - (S/N) repetiu, confusa.
- Sim senhora, o senhor cuida de um borboletário há anos. - A criada respondeu. - Bem, o senhor me deu ordens para levar a senhora para comer e em seguida lhe mostrar a mansão. Será um prazer para mim.
- Tudo bem, mas eu acho que minhas roupas...
- Esqueça-as, senhora. Creio que o senhor Tomlinson jogou-as fora.
- O quê? - (S/N) disse indignada. - Como assim jogou fora?
- Não se preocupe, madame. - A criada caminhou até o grande e empoeirado armário. Abriu - o, e (S/N) viu uma quantidade tão grande de roupas e vestidos coloridos e finos, que arregalou os olhos. - O senhor fez questão de encher este armário para você antes do casamento.
- É... tudo para mim?
- Claro que sim, senhora. - A mulher sorriu com animação. - Deseja ajuda para vestir-se?
- Não, obrigada. - (S/N) saiu da cama, meio confusa com aquela nova vida que viria. - Como se chama?
- Adelaide, senhora. Agora vou me retirar para que possa vestir-se. Estarei esperando-a do lado de fora.
A mulher saiu com um sorriso. (S/N) adorou saber que teria aquela companhia agradável na mansão. Se tivesse que viver só com Tomlinson ela não saberia o que fazer.
(S/N) parou na frente do armário e ficou olhando aquela quantidade de vestidos (belíssimos) com ar pensativo. Depois escolheu um vestido verde escuro, com um leve decote. Viu que haviam sapatos fazendo par com cada um daqueles vestidos, e pegou o pequeno sapato verde do vestido que tinha escolhido.
Quando saiu do quarto, Adelaide a esperava, e a olhou com um sorriso de aprovação.
- Está linda, senhora. Vamos descer.
(S/N) comeu na enorme e comprida mesa da sala de refeições. A mesa estava posta somente para ela, com diversas e deliciosas comidas,muito cheia até. (S/N) comeu o máximo que podia para não desapontar os cozinheiros.
Quando terminou, Adelaide se aproximou.
- Agora quer ir conhecer a mansão, senhora?
- Sim.
(S/N) largou o guardanapo em cima da mesa e se levantou. Adelaide acompanhou (S/N) por todos os recantos da mansão, calada.
(S/N) observava tudo com horror. Mesmo pela manhã, a casa era toda escura e fechada, com aquelas pinturas e estátuas horríveis que ela tinha visto na noite anterior.
- Adelaide... não acha esta casa sinistra demais? - Perguntou se virando para observar a mulher, que estava séria. - Por quê Tomlinson mantêm a casa desse jeito, como se fosse uma casa de vampiros? É tudo tão sem vida, tão obscuro, tão assustador... tudo tão parecido com ele. - (S/N) concluiu baixinho.
- Não creio que seja assim, senhora. A mansão só é muito clássica, mas é bonita. - Adelaide respondeu, sem olhar (S/N) nos olhos.
A morena estranhou, mas não comentou mais nada. Quando terminaram de ver tudo, Adelaide perguntou se (S/N) não queria ir até o Borboletário ver o marido.
(S/N) ia dizer que não, mas depois mudou de idéia, querendo sair daquela casa.
As duas saíram, e estava andando por fora da casa, quando (S/N) observou ao redor e perguntou:
- Aqui não há um jardineiro, Adelaide?
- Há, sim senhora.
- E porquê o lugar que seria do jardim é tão vazio? Tão seco e sem vida, não há nenhuma flor ou árvore por aqui?
- O patrão não gosta de plantas e flores, senhora. Gosta de manter o lado de fora da casa sem nada; sem grama, sem flores, sem jardim.
(S/N) ia perguntar o por quê daquilo tudo, mas Adelaide não estava com uma cara de que queria ficar conversando naquele momento.
Quando chegaram na frente do Borboletário (era um lugar atrás da mansão, que parecia uma estufa), Adelaide sorriu.
- Chegamos, madame. Senhor Tomlinson está aí dentro, pode entrar.
- Mas...não seria melhor avisar... - (S/N) hesitou.
- Imagine, o meu senhor irá adorar vê - la!Será uma ótima surpresa!Vá! - Adelaide empurrou (S/N) para dentro com delicadeza, e fechou a porta.  

Amour DemoniàqueWhere stories live. Discover now