Parte VI

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Na manhã seguinte, (S/N) acordou e quando olhou para o lado viu a cama vazia... como sempre. Em todos aqueles dias dormindo no mesmo quarto, (S/N) sequer tinha visto Louis dormir, pois ele deitava quando ela já estava adormecida e levantava antes dela todos os dias.
Bocejando, (S/N) sentou- se na cama. Prendeu os longos cachos com um laço, para tirá- los do rosto, e se levantou para abrir as janelas e fazer a claridade entrar naquele quarto escuro.
- Bom dia, senhora. - Adelaide adentrou no quarto, trazendo uma bandeja.
- Bom dia. O café da manhã hoje vai ser aqui?
- O senhor saiu cedo, e pediu para eu trazer a bandeja de café para a senhora. - Adelaide explicou, depositando a bandeja reforçada sobre a cama.
- Que bom que ele saiu. - (S/N) murmurou, voltando a olhar pela janela. A claridade e os raios do sol lhe iluminavam, fazendo sua pele ficar mais dourada, os olhos mais claros e os cabelos mais negros do que nunca.
- Madame, têm que ser mais paciente com o senhor Tomlinson . - Adelaide murmurou, bondosa, se aproximando.
- Não consigo ser paciente com esse homem. Eu nunca quis, nem quero esse casamento, eu não o amo. - (S/N) respondeu.
Adelaide suspirou e balançou a cabeça.
- É uma pena que as coisas estejam assim. Mas a senhora dormiu bem? Ontem não foi se deitar muito bem...
Lembrando- se da briga feia que tivera com Louis no dia anterior, e de como tinha ido dormir cedo e quase aos prantos, (S/N) suspirou.
- Consegui descansar bem. - Respondeu simplesmente. - Trabalha aqui nesta casa há muito tempo, Adelaide?
- Desde que o senhor era menino. Conheci os pais dele, uma pena terem morrido tão jovens.
(S/N) apertou os olhos, encarando a mulher.
- E os pais eram a única família dele?Louis não teve irmãos?
Adelaide se afastou, abrindo as tampas das comidas na bandeja de (S/N) .
- O senhor é o único Tomlinson vivo agora. - Respondeu simplesmente. - Venha comer, tenho que descer agora madame.
(S/N) franziu o cenho e se aproximou da cama.
- Tudo bem.
- Qualquer coisa me chame, ou chame algum dos empregados. - Adelaide sorriu e saiu do quarto.
(S/N) respirou fundo e sentou- se na cama, enquanto pegava algumas uvas da bandeja.
- Hoje à noite iremos à uma festa. - Foi a primeira coisa que Louis disse, à tarde, quando (S/N) desceu e o encontrou na biblioteca, lendo uma folha muito concentradamente.
- Festa onde?- (S/N) perguntou. Louis ainda lia a folha, sem ao menos olhar para (S/N) enquanto falava.
- É aniversário de um amigo, e ele fará uma reunião para comemorar. Quero você vestindo algo sofisticado hoje, e com um sorriso no rosto.
- Está bem. A que horas tenho que estar pronta?- (S/N) o observava com os grandes olhos cor de avelã.
Louis finalmente ergueu os olhos para ela.
- Sete hora sairemos daqui.
- Ok. - (S/N) assentiu, tirando uma mexa morena dos olhos e piscando.
Louis levantou- se e se aproximou.
- As coisas funcionam muito mais agradavelmente quando você não discute, percebeu?
(S/N) se afastou, franzindo o cenho.
- Não faça essa cara, parece uma criancinha emburrada. - Ele brincou, passando o dedo pelo queixo dela.
- Se você fosse menos estúpido, eu não discutiria tanto. - (S/N) murmurou.
- A questão não é minha estupidez, e sim sua teimosia. - Ele disse, sério, tirando a mão do queixo da morena .
- Eu só teimo com as coisas que me interessam. - Ela se defendeu. - E você... é grosseiro com todos, mesmo quando as pessoas não te fazem nada!
Louis se afastou, rabugento.
- Eu sou assim, não posso mudar.
- Todos podemos mudar. - (S/N) garantiu, e o marido a observou.
- Eu não. - Disse sombriamente. - E se não quer despertar meus piores instintos, que eu tento controlar para não brigarmos à toda hora, é bom você não me provocar...assim poderemos formar um casal normal.
- Nunca seremos um casal normal!- (S/N) gritou.
- Suba e vá escolher sua roupa para a festa. - Louis mandou, ácido. - Adelaide vai ajudá- la.
- Ótimo. . - (S/N) virou as costas e saiu, desanimada.
- Já escolheu o que vai usar esta noite, madame?- Adelaide perguntou, entrando no quarto com um sorriso gentil e fechando a porta.
- Ainda não. - (S/N) respondeu, suspirando, sentada na cama e observando o armário aberto. - Os vestidos são todos muito bonitos. .
- Sim, mas precisa escolher. - Adelaide se aproximou. - Quer ajuda?
- Por favor.
- Bem, eu sugiro algo bonito e levemente sensual. Não muito formal, mas também não muito apelativo. - A mulher disse, tirando alguns vestidos do armário e examinando- os. - Veja, esse cor de vinho está belíssimo.
(S/N) saiu da cama e pegou o vestido.
- Sim... mas é decotado demais.
Adelaide sorriu.
- Então... vejamos, esse amarelo?
- Bonito, mas amarelo não me cai muito bem. - (S/N) murmurou. - Eu estava pensando em algo numa cor discreta, mas que não passasse despercebido.
- Entendo. Que tal este vestido preto ?- Adelaide pegou o vestido delicado e pôs na frente do corpo de (S/N) . - Ficará perfeito no corpo da senhora.
- Mas é muito... - A morena arregalou os olhos.
- Sensual?- Adelaide riu. - O que tem?Você é jovem, bonita, e tem um corpo de dar inveja... use este!
(S/N) hesitou. Mas de repente se tocou que se usasse um vestido daqueles certamente seria uma provocação para Tomlinson,pois queria o irritar .
Satisfeita com aquela idéia, pois ainda estava muito irritada com o marido desde o dia anterior, (S/N) resolveu que naquela noite atiçaria um pouco o tigre, como vingança.
- Está certo, vou com este. - Disse, triunfante, e Adelaide assentiu com um sorriso.
Após um longo banho, (S/N) finalmente sentou- se na penteadeira para que Adelaide arrumasse seus cabelos. A mulher os secou e deixou os cachos vermelhos soltos caindo pelas costas, à pedido da morena .
Depois disso (S/N) se maquiou muito de leve, e finalmente pôs o vestido. O vestido era preto e possuía mangas compridas,com uma fenda lareral na perna direita e um decote em V nas costas.
- Está uma formosura, senhora. - Adelaide elogiou, encantada. - O patrão não vai tirar os olhos de você.
Corando, (S/N) parou na frente do espelho. O vestido não tinha decote, mas em compensação deixava uma de suas pernas inteiramente descoberta, deixando à mostra a coxa grossa e torneada, a panturrilha delicada e bem feita, e o pé pequeno e delicado dentro do sapato preto.
O vestido era de um tecido suave, mas muito colado, deixando cada curva do corpo de (S/N) à vista... provocando sensualmente qualquer vista masculina.
Sim... (S/N) nunca se sentira tão sensual como naquele momento.
- Precisa de mais alguma coisa, madame?- Adelaide perguntou com um sorriso, olhando com satisfação para a bela morena à sua frente.
- Não, obrigada. Eu logo desço. - (S/N) respondeu sorrindo, sentando- se novamente na penteadeira para passar um perfume.
Adelaide assentiu e saiu do quarto. Quando (S/N) ficou pronta, olhou no relógio e viu que eram cinco para as sete (da noite).
O marido já devia estar esperando-a. Desceu lentamente as escadas, segurando o vestido para não tropeçar.
Estava indo em direção à sala procurar Louis quando ele apareceu, extremamente másculo e bonito num terno negro.
(S/N) olhou- o de cima à baixo, sem poder se conter.
- Já vamos?- A morena perguntou, pigarreando.
Louis não respondeu imediatamente. Olhava- a com um olhar brilhante e faminto, de cima à baixo de forma lenta. (S/N) se arrepiou com aquele olhar, sentindo- se despida naquele momento. Cruzou os braços na frente dos seios, e viu Louis descendo o olhar até sua coxa torneada e exposta.
- Se vestiu para matar hoje?- Ele perguntou, com a voz rouca, erguendo os olhos e encarando- a.
- Somente me vesti elegantemente para esta noite. - (S/N) respondeu. Viu Louis lamber os lábios provocantemente e sentiu um arrepio na nuca. - Devo me trocar?
- Não, está ótima assim. - Ele respondeu, indiferente. - Vamos, não quero chegar atrasado.
(S/N) assentiu e seguiu o marido. Quando chegaram na festa, já havia uma quantidade considerável de pessoas.
(S/N) viu que a maioria era formada por casais, assim como ela e Louis . Os homens estavam vestidos elegantemente com ternos, e as mulheres com vestidos elegantíssimos e diversas jóias caras.
- Louis , enfim chegou!- Uma voz grave disse atrás deles. (S/N) e Louis se viraram.
- Alan!- Louis fez um aceno de cabeça, educado, e apertou a mão do homem.
- Só estava esperando por você. - Alan disse com alegria.
Era um homem baixo, com cerca de quarenta e poucos anos, moreno e com um bigode.
Ele se virou para (S/N) e arregalou levemente os olhos. A morena não gostou daquele olhar em cima dela.
- Ora, ora... esta seria a famosa senhora Tomlinson ?- Perguntou à Louis , mas ainda com os olhos pregados em (S/N) .
- Sim. Alan, esta é minha esposa (S/N) Anne . (S/N) , este é o aniversariante, Alan Calistos. - Louis apresentou, arrogante.
- Prazer em conhecê- lo. - (S/N) fez uma reverência.
- O prazer é de todo meu, senhora. - Alan respondeu, pegando a mão delicada de (S/N) e beijando demoradamente.
(S/N) limpou disfarçadamente as costas da mão no vestido quando o homem largou- a.
- Que sorte teve, Tommo !Conseguiu casar- se com a jovem mais bela!- Ele disse, olhando maliciosamente para Louis .
- Sim, tive muita sorte. - Louis respondeu, olhando para (S/N) com um olhar maléfico. Ela desviou os olhos, incomodada com aquilo.
- Desejam comer ou beber algo?- Alan ofereceu.
- Um drink para mim e algo fraco para minha esposa. - Louis respondeu antes que (S/N) abrisse a boca. Ela o olhou com irritação.
Alan assentiu com um sorriso divertido e saiu.
- Eu tenho boca, sabia? Posso pedir o que eu quiser. - A morena disse ao marido.
- Eu sei que tem boca, e por sinal uma linda boca. - Ele respondeu com zombaria. - Mas você é muito delicada para beber algo forte.
- Porquê ele lhe chamou de Tommo ?- (S/N) perguntou, mudando completamente de assunto.
- É um velho apelido. - Louis deu de ombros.
- Aqui está, um drink e um coquetel para a delicada dama. - Alan voltou com as bebidas, e entregou a taça para (S/N) com um sorriso.
A morena olhou para o marido, mas ele nem a encarava e parecia indiferente e arrogante.
- Talvez sua esposa queira se juntar às outras mulheres, enquanto você vem comigo cumprimentar os outros. - Alan propôs. - Vou chamar minha esposa para acompanhá- la, senhora. - Ele piscou.
"Ele é casado!", (S/N) pensou com censura.
- Celine !!!- O homem chamou, fazendo um gesto.
Uma bela loira, alta, de pele muito alva, se aproximou. Ela parecia ser só um ano ou dois mais velha que (S/N) , e usava um vestido dourado. O brilho nos olhos dela transmitiu algo bom para (S/N) , que sorriu para ela.
- Celine , esta é a esposa de Louis . - Alan apresentou. - Quer levá- la para se juntar às outras damas?
- Sim, claro. - Celine sorriu. - Como está, Louis ?
- Ótimo, e você Celine ?- Louis beijou a mão da loira com educação.
- Tudo bem. Vamos?- A loira se virou para (S/N) .
A morena deu um ultimo olhar para o marido, mas Louis já tinha se afastado com Alan.
- Nossa, você é bonita!- Ouviu a voz de Celine e se virou.
- Obrigada!- (S/N) sorriu.
- Como se chama?- A morena perguntou animadamente.
- (S/N) Anne .
- Muito prazer. Então você foi quem fisgou o senhor Tomlinson , hein?- Ela parecia impressionada. - Quem diria que uma mulher tão jovem, e de aparência tão frágil como você, seria a mulher que conseguiria esta proeza.
- Por quê diz isto?- (S/N) perguntou confusa.
- Ora, você já deve saber. - Celine girou os olhos, como se aquilo não fosse novidade. - Tomlinson é o homem mais frio e cruel que já conheci. Todos comentam sobre isso. É muito perigoso e nada o abala. Já destruiu muitas pessoas que se meteram em seu caminho, sem dó nem piedade. - (S/N) arregalou de leve os olhos. - - Tomlinson sempre é muito educado comigo, mas honestamente eu jamais teria coragem de me casar com um homem como ele. Por mais bonito que seja. - Celine confessou. - Não têm medo dele?
(S/N) deu de ombros.
- Às vezes sim. Não tive muitas opções sobre este casamento. Sou sua prometida desde sempre.
Celine a olhou com ar penalizado e compreensivo.
- Entendo. Casei- me com Alan por este mesmo motivo. Não o amo.
(S/N) a olhou, sentindo imediatamente muita afeição por Celine .
- Eu tampouco amo Tomlinson . - Confessou. - Ele é malévolo...
- Sim, só de olhá- lo eu também vejo um brilho estranho em seus olhos que me fazem arrepiar. - Celine disse com os olhos arregalados, espiando Louis por cima dos ombros. - Deve ser horrível ser casada com alguém tão mau e impiedoso, não?
Se fosse outra, se sentiria ofendida com aquela franqueza de Celine . Mas (S/N) não sentia- se ofendida, e sim grata por alguém também conseguir falar sobre o que todos sabiam, mas não tinham coragem de admitir.
- Não me agrada esta situação realmente. - (S/N) suspirou.
- Mas há um lado bom...Tomlinson é um dos homens mais belos e sexys que eu já vi na vida. - Celine disse com malícia. - Ele deve ser incrível na cama, não?
(S/N) corou fortemente.
- Não sei dizer.
Celine pareceu confusa.
- Mas... como... ?- A loira arregalou os olhos. - Vocês não tiveram noite de núpcias?
- Não.
- Mas... por quê? Na minha noite de núpcias eu não pude fazer nada, Alan não deixaria eu escapar. - Ela disse tristemente.
- Bom, até hoje eu não sei como consegui isto também. - (S/N) mordeu os lábios. - Eu sei que qualquer hora Tomlinson vai apelar por seus direitos de marido, mas por alguma razão ainda não o fez.
- Que estranho. - Celine a olhou. - Se fosse com qualquer outra com certeza Louis não deixaria passar, por mais que a mulher implorasse. Ele tem uma natureza cruel. Por quê será que agiu diferente com você?
- Atrapalho?- Antes que (S/N) pudesse responder, uma ruiva alta e esguia, de olhos azuis, se aproximou.
- Imagine, Meredith . - Celine sorriu, mas quando a ruiva não estava olhando (S/N) viu a loira fazer uma leve careta.
- Quem é nossa nova amiga?- Meredith perguntou, altiva, olhando para (S/N) .
- Esta é (S/N) Anne , esposa de Tomlinson . - Celine apresentou. - (S/N) , posso te chamar assim, não é?- A morena assentiu. - Esta é Meredith , esposa de Marcus Lottelo.
- Olá, prazer. - (S/N) sorriu.
- Então é você a famosa prometida que finalmente Louis conseguiu levar para o altar?- Meredith a observou de cima à baixo. - Confesso que esperava um pouco mais da mulher que é objeto da obsessão de Louis .
- Obsessão?- (S/N) a olhou confusa, e se surpreendeu pelo tom hostil da ruiva.
- Não ligue para Meredith , ela sempre correu atrás de Louis , mas ele nunca olhou para ela. - Celine disse, girando os olhos. - Está com inveja de você, (S/N) .
Meredith empinou o nariz e se afastou sem responder, claramente ofendida.
- Deixe para lá. - Celine aconselhou, ante o olhar assustado de (S/N) . - Meredith é muito mimada, e a única coisa que não conseguiu na vida foi o amor de Louis . Por isso ela age desse jeito arrogante com todos. É a mulher mais fútil que já conheci. - Celine bufou, puxando (S/N) para se juntarem às outras mulheres.
- Vejo que vocês não se dão bem. - (S/N) comentou.
- Não muito. - Celine deu de ombros, antes de apresentar (S/N) para as outras mulheres.

[...]
(S/N) pediu licença para Celine e foi buscar um copo de ponche. Ia pegar um copo, quando uma mão alcançou antes dela.
- Para a bela dama. - (S/N) se virou para trás e se deparou com o sorriso de Alan, que lhe estendia o copo.
- Obrigada. - Apanhou o copo e começou a se servir.
- Sabe... estou confuso. - Alan se aproximou, ficando ao lado da morena e se servindo de bebida também. (S/N) notou que ele estava ligeiramente bêbado.
- Devo perguntar por quê, senhor?
- Como uma moça como você pode estar casada com o cruel Tommo ?- Alan perguntou, olhando- a de cima à baixo.
- Uma... moça como eu?- (S/N) perguntou vagamente, querendo sair dali.
- Sim... tão jovem, tão bela, e tão sensual. - Alan pegou um cacho preto de (S/N) e ela se assustou. - Não deveria estar casada com um homem tão cruel. É como ver a doce e inocente Chapeuzinho casada com o Lobo Mau. - Ele comparou. - Isso é bizarro.
(S/N) ofegou, tentando se afastar. Alan não deixou e chegou muito mais perto. A morena olhou ao redor, viu que algumas pessoas presenciavam aquilo mas não ousavam dizer nada.
- Sou a prometida do senhor Tomlinson desde que nasci. - (S/N) disse.
- Que lástima. A delicada Bela sendo oferecida ao Monstro cruel como sacrifício...
- Pensei que fosse amigo de meu marido. - (S/N) franziu o cenho, se afastando.
- Tomlinson não se permite ter amigos. - Alan respondeu, encurralando (S/N) , que arregalou os olhos.
- Com licença, o Monstro veio recuperar sua Bela. - Uma voz grossa e arrepiante disse às costas de Alan.

Amour DemoniàqueWhere stories live. Discover now