Capítulo 5

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Sentada no penhasco olhando o horizonte com os cabelos soltos e o vento dançando no seu rosto, essa era uma das sensações mais prazerosas que Moira gostava de compartilhar com seu primo, que estava deitado ao seu lado contemplando o sol que estava a si pôr. Seus cavalos descansavam um pouco ao lado e ali, eles dois sabiam que podiam como sempre rir, conversar, confidenciar segredos e contemplar todo o reino.

- O que será que há além do reino Edward? - Indagou Moira deitando ao lado do seu primo e apoiando um dos braços para vê-lo melhor.

- Outros reinos minha querida prima. - Pegando uma folha e pousando na ponta do nariz dela.

- Sim, mas que tipo de reinos? Você nunca parou para pensar que pode haver mais depois do horizonte?

- Uma vez eu li sobre um reino muito poderoso cujo poderes era a força. Reino dos guerreiros da floresta. - Disse empolgado.

- Reino dos guerreiros da floresta? - De repente sentindo um desconforto desconhecido.

- Sim. Soube que eles tinham os melhores homens e  mulheres em combate, principalmente com manuseio de arco e flecha. Que não há ninguém que acerte um alvo melhor que eles.

- Mentira. Aposto que eu atiraria melhor que qualquer um deles. Se é que esse reino existiu mesmo. Porque nunca ouvi falar deles? Bertzs nunca mencionou e não li nenhum livro sobre eles.

- Porque minha querida, você nunca leu livros de guerras como eu tive que ler junto com seu irmão. - Mexendo agora nos cabelos de Moira que caiam livres sobre a grama. - Papai disse uma vez que eles ajudaram a proteger os reinos quando a bruxa vermelha espalhou morte e desespero na terra quando tentou roubar a posição de rainha das bruxas que era da sua mãe.

- Sim. Eu sei a história da bruxa vermelha e como minha mãe achou favor junto a deusa mãe para trazer paz novamente a todos, mas Bertz nunca mencionou que houve guerra e união de reinos para vencer a bruxa vermelha. - Pensativa, ela levanta. - Estranho! 

- Sempre houve união e acordos entre reinos Moira, isso é política. Fazemos isso sempre, trocando mantimentos, alimentos e armas ou o que for necessário no momento com outros reinos vizinhos e assim mantemos a paz.

- Entendo. Será que nesse reino existiu bruxas como eu, minha mãe e a Bertz? -  Olha para Henry e senta novamente ao seu lado.

- Não. Bruxas não, mas sei que existiu uma vidente. Ela foi quem advertiu a Bertz e a sua mãe sobre os propósitos da bruxa vermelha e foi ela quem disse o que precisava ser feito para acabar com a guerra. Só que em troca dos seus conselhos essa vidente exigiu que o reino da floresta fosse escondido e independente dos outros reinos, pois muitos dos seus homens e mulheres foram à batalha e morreram pelo poder de Eveline era muito forte e também tinha uma poderosa guerreira que os tinha traído, Ivana, unindo-se as trevas. Então a rainha  Eve aceitou e assim a guerra acabou.

- Espera um momento sim?! - Pergunta surpresa. - Esse reino existe? 

- Não sei Moira. Ninguém nunca mais ouviu falar deles. Meu pai gostaria muito que eles existissem, pois é interesse dele recrutar de novo seus homens e mulheres para conquistas de  reinos futuros. Meu pai tem certeza que eles vivem depois do horizonte - Levanta e aponta para frente. - E como nos livros de história dos reinos não tem informações concretas acabou-se tornando uma lenda de que realmente esse povo e essa vidente existiu.

- Não entendo de guerras, mas entendo de perdas. Se eles exigiram sua liberdade de viver em troca da paz, acho justo que eles vivam em segurança longe de todos. Se é que eles existiram de fato. - Levanta limpando seu vestido e vai em direção ao seu cavalo. - Acho melhor voltarmos, já está anoitecendo, o sol se põe e Bertz vai me dá um enorme sermão por ter fugido das aulas esta tarde. 

- Moira, daqui a dois dias é o seu aniversário de vinte e um anos. - Diz se aproximando dela.

- Sim, eu sei. E Bertzs anda mais eufórica que os anos anteriores. Na verdade, estranha seria a palavra. Aliás, todos andam estranhos. - Diz pensativa.

- Todos só estão preocupados com seu futuro. E falando em futuro, você terá que escolher um jovem e se casar. É o tempo certo para isso. - Diz olhando sério para sua prima.

- Não vou me casar sem amor Edward, ninguém determina o tempo para mim. Conheço meus deveres e obrigações, mas não me casarei sem amor. Aliás, você poderia se casar comigo, assim todos sairiam ganhando. Todos ficariam mais do que felizes e satisfeitos. 

- Seria uma aliança obvia e desejada por todos sim, mas seria desejado por nós? 

- Você sonhou de novo com sua amada Edward? - Pergunta Moira curiosa sabendo que seu primo sempre sonhava com sua amada.

- Na verdade sim. - Subindo no seu cavalo.

- E você passou a tarde inteira comigo e não me contou? Por quê? - Subindo em seu cavalo.

- Porque você adora um desafio e eu só contarei se conseguir chegar ao castelo primeiro. - E sai em disparada cavalgando em direção ao reino.

Logo atrás Moira sai rindo sabendo que sim, adorava um desafio e que com certeza ganharia, pois ninguém era mais veloz que seu cavalo Tempestade. Além disso ela sempre fazia um pequeno feitiço contra seu primo que o deixava irritado e desta vez para desespero dele, era faria novamente. Levantando sua voz em direção ao vento cantou quase sussurrando:

- Veloz como o vento Tempestade de novo e sempre você será. Ao contrário de Calmaria que cansada e lenta ficará. - De repente obedecendo a sua voz, um vento mais do que forte envolve os pés dos seu cavalo e uma brisa leve e suave prendem o cavalgar de Calmaria. Rindo ela passa pelo seu primo que já percebe que ela trapaceou mais uma vez. 

- Moira, isso não é justo. Pare com isso imediatamente. - Diz sentindo seu cavalo diminuir seu galopar.

- Moira só rir já chegando as portas do castelo. - Ora primo, qual é o problema? Não consegue me alcançar? - Ela desce do seu cavalo e entrega para um soldado.

- Você usou seu feitiço do vento mais uma vez, isso não está certo. - Chega logo atrás, descendo do cavalo. entregando-o a um outro soldado.

- Você não disse que tinha regras e me desafiou de novo. Sabe que sempre perderá. - Dá um beijo no seu rosto e sai correndo para o castelo.

Seu primo corre atrás gritando: - Princesa Moira de Sarindhia volte aqui, não terminei com você. Pare de usar seus feitiços em mim, ouviu?

Eles dois esbarraram no seu irmão, o príncipe Henry no pátio de entrada do castelo. - Feitiço? Você usou seus dons  de novo em Edward Moira? - Pergunta a segurando em seus braços.

- Edward sabe que sempre uso esse pequeno feitiço contra ele. Não sei porque insiste em me desafiar. - Beija seu irmão e sai com pressa.

- Aonde vai com tanta pressa bruxinha? - Pergunta príncipe Henry.

- Me esconder da nossa querida Bertz até a ceia pelo menos. Quero guardar meus ouvidos mais um pouco dos seus sermões. - Vira de repente para Edward e diz: - Ah! Edward, meu querido primo, eu venci. - Pisca o olho. - Você me deve um sonho. - Sai sem deixar que ele responda.

- Sua irmã ainda vai me enlouquecer, sabia? - Diz Edward virando para Henry. Ambos começaram a caminhar.

- Ora! Edward, você sabe que ela sempre consegue o que quer, porque insiste em desafiá-la?

- Por que gosto de fazê-la sorrir e se divertir. - Fala rindo.

- Porque diz isso? - Pergunta interessado.

- Ela anda impaciente. Fugindo das aulas com Betzs, sente raiva de não poder sair das fronteiras do castelo. Temo que ela apronte de verdade por esses dias Henry.

- Você acha que ela fugiria? 

-  Não fugir, mas se aventurar em sair para depois do horizonte acredito que sim.

- E esse é sem dúvida um dos nossos maiores medos não é mesmo? - Diz Henry preocupado.

Bruxas e Guerreiros - O despertar do espírito (CONCLUÍDA)Where stories live. Discover now