Abismo

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Não sei mais se esse é o princípio ou o final.
Quando olho para baixo vejo meu corpo caindo no abismo, mas isso não me perturba, não mais.
A noite está tão fria. O vento brinca com meus cabelos soltos, sinto a brisa tocando meu corpo que já está gélido.
Ao meu redor tudo queima e nada pode me aquecer.
Tudo que tentei tocar já não existe mais.
Eu estou tão sozinha.
Não sinto medo, só tristeza.
Há muito a única coisa que me restara era a dor, mas ela não me incomoda, tornou-se uma amiga querida. Ela me faz pensar que ainda estou viva, mesmo que sempre tenha minhas dúvidas.
Meu corpo está aqui, é verdade. Mas minha alma... ah, essa nem sei se ainda possuo.
Me preocupa minha sede por sangue; por hora, o meu me sacia, mas temo me tornar fria e já não bastar.
Suporto isso há tanto tempo, desde que me lembro; mas está cada vez mais difícil.
Quero parar, mas a que preço?
O abismo acabaria com tudo isso, eu sei, mas não posso fazer da minha dor, sofrimento para outros. Mesmo que me pergunte se realmente o causaria, não pago para ver. Essa é minha sina e devo arcar com ela.
Tudo que eu acreditava caiu por terra. Não sei de mais nada, a única certeza que tenho é o abismo que me cerca e chama meu nome oferecendo conforto.

SOTURNIDADE: Histórias de TerrorOù les histoires vivent. Découvrez maintenant