De festas a planos
Segunda parte
Vocês vêem, quando se exerce a arte de extrapolar todos os limites do idiotismo, Ace Walter é um perito. À primeira vista, ele aparenta ser um daqueles típicos estereótipos que as escritoras desesperadas fazem sobre maus rapazes, algo retirado de livros clichês pousados em prateleiras de madeira empoeiradas. Depois vem a segunda impressão, a mais realística de todas. Graças a esta, o verdadeiro Ace nos é revelado, fazendo com que a perspectiva mude. Por fim, sem demoras ou hesitações, chegamos à simples conclusão de que Ace Walter é o epítome andante do caos.
Contrariamente à beleza, a qual é relativamente subjetiva, o caos é objetivo e todos estadunidenses associam-no a Ace Walter, o tipo que só causa problemas e trás-nos desgraças, - todo o conjunto de ações que Oliver Barr, o nosso querido amigo pragmático, não consegue impedir ou remendar.
Mas, eis o que está a acontecer, em direto do salão bling-bling, Ace Walter versus Dolly Hudson.
- Sua porca desgraçada! Como ousaste quebrar o coração do meu Lemon Boy?
- Ace, tu tens um problema! Estás bêbedo, não estás? Só podes estar! - a loira gritou, furiosa.
A troca de palavras ríspidas não tinha um fim definido, dado que Ace não sairia do seu estado de titã assim tão cedo. A verdade é que ambos se menosprezavam e estavam plenamente cientes da reciprocidade de sentimentos. Ambos sabiam como magoar um indivíduo na forma verbal mais bruta e intensa de todas, não era em vão que denominavam-lhes rei e rainha dos socos verbais.
Para meu espanto, inclusive da multidão, Dylan, o anfitrião, lá conseguiu pará-los. Usando toda a sua força e estamina, o capitão puxou Ace até ao jardim frontal, e como bom samaritano que era, acabou por acalmar o titã. Logo, Thomas apareceu, eufórico.
- Ace, isso foi tão fixe.
Eu e Oliver juntamos-nos a eles, observando atentamente Dallas. Internamente, perguntava-me o por quê deste utilizar um sutiã às bolinhas amarelas, mas acho que isso poderia esperar, acho.
Oliver deu um sermão de quinze minutos a todos nós, claramente furioso connosco. Ele andava de um lado para o outro como um cidadão britânico maníaco ao discursar sobre a nossa falta de maturidade, - mas, por amor de Deus! Nós somos rapazes, nós precisamos de divertimento! - até que o toque do seu telemóvel o interrompera.
- Ei, Oliver. O que foi, meu?
- Dan, tu precisas de ler isto.
Oliver pousou o seu smartphone na minha mão, forçando-me a ler a longa mensagem que recebera alguns segundos atrás. Eu podia sentir o seu olhar repousado em mim, esperando a minha reação, algo que o alertasse sobre o meu estado emocional. Os minutos passavam numa lentidão penosa, pois contava-lhes com precisão. Continuava imóvel na calçada quando, de repente, o meu cérebro gritou « perigo » no seu tom mais apavorado de todos. Num modo dramático, o meu subconsciente adicionou:
Houston, nós temos um grande problema.
O seu nome é Spencer Curtis.
VOCÊ ESTÁ LENDO
ROUGE : À Procura De Spencer (HIATUS)
Teen FictionA história de um grupo de aspirantes a rufiões, de uma prostituta que amou demasiado, de um bastardo com fobia a gatos brancos e de uma princesa que fugiu da Virgínia Ocidental. ROUGE : À Procura De Spencer blindcyrus © 2016 - 2017