Dia 1

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Depois de muito tempo me escondendo do mundo resolvo ir para casa. Já passam das dez da noite, meu celular até descarregou de tantas chamadas e mensagens que recebeu, mas mesmo sabendo o quão preocupados todos devem estar, não me apresso em sair do taxi, que encontrei após andar muito.

Assim que entro em casa, minha mãe vem correndo em minha direção e me abraça apertado, não pude deixar de notar suas lágrimas de preocupação nos olhos.

- Por onde você esteve, Bia? Tem noção do quanto ficamos preocupados sem notícias suas.

Adan me olha de forma intensa, enquanto fala.

- Eu resolvi praticar ioga no parque, como fazia antes. Meu celular descarregou e eu nem percebi, desculpa.

Minha mãe me olha indignada, como se me achasse a maior irresponsável do mundo. Adan me abraça forte, ele realmente estava assustado.

- Não faça isso nunca mais, por favor. Fiquei com tanto medo de que algo tivesse te acontecido.

- Desculpa amor, juro tentar não sumir assim, ok? E o Alex, onde está?

- Na casa do pai, pode se preparar para a briga. Você não foi buscar o menino, nem mandou alguém ir buscá-lo, a escola tentou falar com você e nada, logo, ligaram para o Matt e ele buscou o Alex e o levou para casa.

Sei que o normal seria eu me preocupar agora de ser taxada de irresponsável, mas na verdade não fiquei preocupada. Eu quero meu filho aí máximo perto de mim, mas é bom ele não perder o costume de viver com o pai e Sara, nunca se sabe o dia de amanhã.

- Tudo bem, deixa ele dormir lá.

- Como é?

- Você ouviu mamãe.

Simplesmente virei as costas e sai andando para o meu quarto. Nesse momento eu só queria dormir e não pensar em mais nada.

O dia seguinte amanheceu, acordei bem cedo querendo evitar perguntas sobre a consulta de ontem, ou sobre para onde iria hoje. Coloquei uma roupa confortável, afinal não sabia quanto tempo ficaria no hospital, tomei um café da manhã reforçado e sai de casa em direção ao taxi que já me esperava, deixando um bilhete para que minha mãe buscasse Alex na escola.

O caminho até o hospital foi rápido, assim que entrei pela porta principal passei como um foguete pelos corredores direto a área que estava indicada no papel, afim de evitar qualquer encontro com conhecidos.

A sala indicada era simples, com algumas cadeiras reclináveis, com suportes para soros e remédios ao lado. Todo aquele ambiente me deixava nervosa, até mesmo o enorme sorriso no rosto da enfermeira, me assustava. Eu queria fugir, fingir que nada aconteceu e que eu não precisava estar ali. Mas eu não podia, seria egoísmo não querer viver longamente pelo meu bebe.

Entreguei todos os documentos necessário e fui instruída sobre o procedimento, que duraria vinte minutos, mais meia hora de observação.

- O remédio terá o intuito de diminuir o coágulo até que ele esteja pequeno, assim se ele romper não teremos consequências graves. Por enquanto você só vai sentir um leve enjoo, mas a tendência é que no decorrer do dia este mal estar piore e você sinta outras coisas, entre eles um enorme cansaço, então te aconselho a não marcar nada para os dias de sessão e muito repouso. Serão duas por semana, no mesmo horário e com mesma duração, a não ser que seu corpo apresente algum sintoma, então teremos que deixá-la um pouco mais. Alguma dúvida?

Faço que não e começamos o procedimento. A agulha não é das mais agradáveis, mas fazer o que? O início foi meio estranho, sentir um remédio fluindo na minha veia não parecia muito correto, mas com o tempo consegui a me acostumar a isso. O problema maior foi no final, onde ele começou a fazer efeito e a pressão na minha cabeça era de que realmente algo estava sendo expulso dali, senti que colocaria as tripas para fora ou que apagaria do nada, não foi nada bom.

A enfermeira esteve sempre ao meu lado, dando suporte e apoio, o que de certa forma era reconfortante, pois não me fazia sentir tão sozinha. Os minutos de observação foram os piores possíveis, assim que a agulha foi retirada, coloquei todo meu café da manhã para fora e meu nariz sangrou todo o sangue que podia e não podia. Ao final, quando entrei no taxi me sentia cansada e totalmente derrotada.

Assim que cheguei em casa, tudo estava em perfeito silêncio. Minha mãe já havia saído para fazer seus compromissos e deixado para trás um bilhete avisando que buscaria Alex na escola, o que me deixou mais tranquila. Deitei-me na cama e simplesmente apaguei.

Quando acordei já passava da hora do almoço. Podia ouvir as vozes do Alex e minha mãe vindas do andar de baixo, achei estranho nenhum deles terem me acordado, mas fiquei imensamente grata. O mal estar já havia passado, mesmo que o cansaço ainda estivesse presente, não era nada que eu não poderia vencer.

Tomei um banho e desci para a sala, encontrando meu pequeno concentrado em um desenho na televisão e minha mãe ajeitando as coisas na cozinha. Assim que me vê, ela arruma um prato com meu almoço e o coloca na minha frente, não dando espaço para discussões. Ela não falou nada, mas seu olhar bastava para que eu soubesse que iria escutar. Dei q primeira colherada com medo de como meu estômago reagiria, mas apesar do pequeno embrulho que ainda era sentido, percebi que estava morta de fome. Assim que terminei limpei toda minha sujeira e me juntei ao meu bebe na sala. Ele tagarelou sobre tudo que acontecerá no seu dia e eu escutei tudo com q maior atenção, aproveitando cada pedacinho dele que me era oferecido.

A tarde passou voando e quando vi a quarta-feira já havia passado. Estava deitada lendo, quase pronta para dormir, quando a porta do meu quarto se abriu mostrando a figura da minha mãe. É, eu não escaparia de uma bela bronca.

Ela se sentou na cama e olhou para mim, creio que pensando por onde começaria.

- Olha, eu não faço ideia do que houve com você depois da sua consulta ontem, e nem vou te obrigar a me falar nada, porque a escolha é sua, mas eu não sou boba e sei que qualquer coisa que tenha sido mexeu com você. É como se você estivesse apagada desde ontem, filha. Então a única coisa que eu vou te falar é, de valor ao que você ganhou, seu filho, Adan, não deixe nada estar entre você e eles, mesmo que você tenha que fingir estar bem querida, não estrague sua chance de felicidade, ok?

Eu concordo e a abraço, me agarrando a cada pedaço de felicidade que eu tenho, sem pensar no amanhã. Não importa o que aconteça, eu viverei ao máximo com as pessoas que eu amo e não me deixarei abater. Já venci tanta coisa até agora e mesmo que eu perca, não será sem luta, não será porque eu desisti. Quero que meu filho me veja como um exemplo de guerreira e não de derrotada, que ele saiba que eu fiz de tudo por ele.

- Obrigada mamãe...

- De nada meu amor, agora vai dormir, que amanhã você vai levar e buscar seu filho na escola, passar toda sua tarde com ele é de noite vai ligar para meu médico preferido e convida-lo para jantar, como pedido de desculpa, que por favor, para valer deverá se estender até está cama.

- Mamãe!

Eu jogo um travesseiro nela, que sai dando gargalhadas do meu quarto.

Está conversa me deixou mais leve e foi o suficiente para me ajudar a dormir feito um bebe.

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Oizinho!! Demorei mas finalmente voltei amores. Queria de novo pedir desculpa pela demora e agradecer q paciência de todas. Agora voltei para ficar.

Beijokas e até o próximo capítulo, que postarei entre amanhã e sábado. ❤️

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