Dezessete

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          Os lábios úmidos e quentes da América estavam a milímetros de distância da minha boca e a mesma clamava para sentir novamente o gosto de seus lábios. Senti o choque térmico percorrer toda a extensão do meu corpo, invadindo cada pequeno canto que eu desconhecia e deixando uma boa sensação em mim.

           Eu começara a ansiar pelos seus lábios. Meu raciocínio já nem existia mais. Eu apenas queria desfrutar mais uma vez de sua boca, sentir o gosto de maçã, sentir as famosas borboletas no estômago, inalar seu cheiro... Céus! Eu precisava dela mais do que eu poderia imaginar. Eu necessitava da sua boca na minha.

           Quebro a distância entre nós, a puxando para perto de mim. Nossos lábios colados, mas eu não movia, meu cérebro estava concentrado em sentir apenas o toque naquele momento. Libertador e aconchegante. Movi meus lábios, a sentindo retribuir o contado. Um beijo lento e intenso. Não queria que fosse tanto assim, mas eu estava bem com essas sensações. Eu queria me apaixonar, mas eu sabia que isso é impossível. No entanto, aproveitaria os momentos naquele país.

           Senti America sorrir no meio do beijo, enquanto eu matava essa ansiedade inesperada. Aquilo estava se tornando vicioso e eu não queria ficar dependente de seus lábios. Porém, também não queria parar. Meu consciente estava voltando aos poucos e logo a falta de ar faltou entre nós.

           Com as nossas testas coladas, com o meu corpo encostado na parede do andar térreo do apartamento e o dela sobre o meu, ficamos em silêncio até que nossas respirações voltassem ao normal.

           Eu me sentia completamente confuso em relação a tudo que aconteceu nesses últimos dias. Minha cabeça girava em torno da palavra que ninguém parava de repetir para mim: seleção. Não que isso me assuste, mas no momento eu apenas queria garantir a segurança de muitos, do que ficar me preocupando com a vida amorosa que muitos querem que eu tenha.

            — A onde pretende me levar? — pergunto, assim que eu me sentia bem para poder firmar direito os meus pés no solo.

            — Não sei. Eu apenas queria uma desculpa para ficar um tempo com você. — sorriu sem graça, me fazendo sorrir com a sua desculpa — Podemos ir no circo que está tendo essa semana em Carolina. O que acha?

            — Por mim, tudo bem. Não conheço nada por aqui.

            — Às vezes eu me esqueço que você não é daqui.

           America me puxa pelo pulso em direção do carro preto. Como da outra vez, iremos na companhia de um motorista particular. A todo o momento, ela comentava sobre sua gestação e que na semana passada ela sentiu o primeiro desejo como grávida. Torta de morangos. Nada de estranho, mas que me deixou com fome por causa do jeito que ela descreveu o alimento.

           Chegamos no local — e como eu ainda estou ligado no automático —, apressei-me em sair do carro para abri a porta para America. Vendo o que eu estava fazendo, o motorista apenas acenou com a cabeça e se manteve ao lado do automóvel.

            — Hm, além de atraente, é cavalheiro. — comentou sorrindo, enquanto aceitava a minha mão para poder sair do carro — Eu gosto disso.

           Fecho a porta para ela e ofereço o braço, que logo aceitou enroscando o seu no meu. Ao invés de irmos primeiro em alguma atração, decidimos que seria melhor comermos alguma coisa. Almoçamos coisas nada saudáveis, como a fritura e começamos a andar pelo local, até a comida fazer digestão.

           Como nos filmes que eu assistia quando era apenas um garotinho, fui em uma dessas barracas tentar a sorte em ganhar algum prémio para dar a mulher ao meu lado. O que não deu certo. Sou péssimo com estilingue. Nunca fui bom com isso. Lembro quando Carter tirava uma com a minha cara por não saber como usar e ser bom com o objeto.

CalixOù les histoires vivent. Découvrez maintenant