Vinte e Três

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|America Singer|

           Eu ainda sorria ao lembrar do Loirinho constrangido e da minha cara de bobalhona.

          E é mais do que óbvio que eu o abracei. Quem em sã consciência não faria isso? Como eu já disse, Calix me surpreende. Não teve um momento se quer que eu não me surpreendia com suas atitudes em que eu estive ao seu lado. Foi uma experiência única. Senti mais do que borboletas em meu estômago, parecia mais que havia um triturador nele. Foi diferente e único! Algo que eu levaria para a vida inteira.

          America, pare de sorrir se não você irá ficar que nem o coringa! Pense em outra coisa que não seja a boca, o corpo, o toque dele... Dele!

           Já sei, comida. Eu estou varada de fome. E para piorar a situação, sem os desejos de comer, eu não posso digerir nada fora do horário. Ultimamente, meus desejos não são constantes. Agora, ele vem raramente. Penso que minha querida filha está com a barriga cheia de tanto que me fez comer à dois meses trás. Mais um mês e meio e vamos saber se ela vai ser bem gordinha, do jeito que eu quero, dos olhos castanhos e cabelo tão ruivos quanto o meu. Sim, bebês com pneuzinhos são as minhas perdições! Só fico na vontade de morde-los mesmo.

            Batidas na porta me tiram de meus pensamentos de como será minha neném.

           — Venha, Ames. Está na hora do almoço. — May entra no quarto e estende a sua mão para mim. Amém, hora de encher a pança!

           Aceito a sua ajuda e levanto da cama.

           — Credo, você engordou!

           — Vou falar isso quando for a sua vez! — murmuro emburrada e recebo um revirar de olhos.

          Deixamos o meu quarto e em seguida, passamos no de Osten para avisar que é hora de almoçar, no entanto, ele não se encontrava lá. Me arrisco em dizer que ele já possa se encontrar na sala de jantar.

          — E então, senhorita May, — começo e logo ela liga seu radar, ficando totalmente atenta no que eu falo — como foi com o dono do banco? Ele é gentil e romântico, ou ele é daqueles possessivos e homens das cavernas?

           May toma uma coloração exagerada e paralisa. Fiquei preocupada achando que ela iria ficar roxa, mas não, apenas gargalhei da sua situação. Pobre, May. Tão novinha e já sofrendo nas mãos de um homem...

          — Ui, ui, ui. — gargalho ainda mais — Minha maninha está completamente fodida na vida.

          — Ora, sua...

          — Meninas!

          — Tia Samantha?! — exclamamos, totalmente surpresa com a visita da mulher mais velha.

          May e eu estamos completamente paralisadas em choque com a situação. O que a nossa tia fazia aqui em casa tão cedo? Sua visita estava planejada para daqui duas semanas e não agora! De todas as tias que temos, essa é a qual eu quero distância! Como o Japão e o Brasil. Não é que eu desejo mau a ela... Ok, desejo um pouco, como eu gostaria que ela escorregasse agora no jardim de casa e um sapo pulasse em sua cabeça e... Nossa, estou passando tempo demais com meu irmãozinho.

          — Chegou cedo, tia. — May me tira de meus pensamentos travessos com sua voz nervosa.

          — Sim, May. Felizmente o tio de vocês conseguiu adiantar muitas coisas e... — só agora ela para pra nos observar, e pareceu bem chocada e horrorizada ao me ver com uma bela barriga redondinha — Você tacou pedra na cruz para estar desse jeito, America?

CalixWhere stories live. Discover now