– A PROFESSORA CRISTINA É IRMÃ DO TOMÁS. – urrou uma Silvia ofegante, correndo para se juntar às amigas no banco de concreto de costume, em pleno pátio do Colégio Santa Luzia para Garotas. Era o último dia de aula do primeiro ano.
– Silvia, meu amor, você está começando a soar seriamente como uma pessoa louca. – Brenda deu-lhe um tapinha nas costas, não parecendo creditar nem um pouco o que a amiga dizia; e ela tinha alguma razão, porque Sil estava mesmo aparentando louca com os cabelos desgrenhados e óculos tortos na ponta do nariz.
O fato de que aquela constatação estava sendo proferida por Brenda Belucci, de todas as pessoas, só a tornava mais preocupante.
– Eu posso provar dessa vez. – ela repetiu o que dissera a Alana no telefone durante seu encontro com o Professor.
– Você está arruinando o último dia de aula/primeiro dia de paz. – acusou Brenda enquanto usava a câmera frontal do celular para corrigir os fios rebeldes que escapavam de seu rabo-de-cavalo, ainda sem dedicar sua total atenção àquele papo.
– Não sei de onde você tirou isso. – Alana sentiu a necessidade de intervir, embora concordasse com Brenda no que dizia respeito à loucura de Silvia – Tomás não flertaria com a própria irmã. Não em público.
– Lana, eu sei que você faz o tipo ciumenta irracional, e na maior parte do tempo é bonitinho, mas isso é sério. – Silvia racionalizava – Eles não têm um caso, e a razão pela qual são tão próximos e se dão tão bem é porque são da mesma família.
Brenda abaixou o celular para encarar Silvia, só agora se dando conta de que ela tinha evidências para basear suas declarações. Apertou os olhos na direção da outra, enquanto esta acenava positivamente com a cabeça. Alana só olhava horrorizada para ambas, com medo de que loucura fosse contagioso, e que sua vez estivesse chegando.
– Pense, Alana. – Brenda ia construindo o pensamento, seu olhar percorria repetidas vezes o espaço entre as duas – Ele disse que aquele Jardim e aquela droga de casebre eram importantes para a família. O casebre com as drogas era importante porque Cristina é irmã dele.
– Isso quer dizer que ele sabe sobre Holiday. – concluiu Silvia – O que nós já sabíamos, por conta de todas as coisas que eu encontrei no computador dele.
– Aquelas fórmulas gigantescas com o princípio ativo da droga no organismo só podia ser coisa da Cristina. – Brenda se lembrava de como as garotas não conseguiam entender as coisas encontradas no computador do Tomás – Ela estava estudando a droga.
– Não exatamente... – começou Silvia, mas foi interrompida por Alana.
– Como é que você sabe? – ela franziu as sobrancelhas escuras, soando irritadiça e impaciente.
– Desde que você descobriu que a Cristina era a pessoa que vendia drogas para suas amigas, – Silvia disse, e Brenda torceu o nariz para a referência a garotas da Pública como amigas de amigas suas, ganhando um olhar de censura por parte de Alana (que foi devidamente ignorado) – eu achei que era mais fácil descobrir tudo se eu procurasse coisas sobre ela. Então eu investiguei, invadi o site da Justiça e descobri isso.
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Não Confie Nas Boas Meninas
Ficção AdolescenteAlana David e suas melhores amigas, Brenda e Silvia, são o tipo de garotas que nunca se metem em problemas. Sempre chegavam em casa antes das dez, não fumavam cigarros e não se metiam com os garotos da escola pública. Eram conhecidas no Colégio Sant...