A Aposta

O grande dia chegou

Acordei antes mesmo dos primeiros raios de sol entrarem em meu quarto. Extremamente cedo para uma noiva. Na verdade nem consegui pregar os olhos.

Havia ficado até tarde ajudando minha mãe com alguns detalhes, contra minha vontade. Detalhes mínimos que pareciam, e eram, entediantes e chatos.

Minha sogra e meu "noivo" escolheram o cardápio e outras coisas que a própria Karen fazia questão de me deixar a pá de tudo. Como por exemplo, Shawn era alérgico a camarão então foi cortado do nosso cardápio. Como assim? Eu simplesmente amo tudo que tem camarão, mas foi cortado. Teria macarrão com molho branco e vários tipos de lasanha, o bolo seria de chocolate e baunilha, bebidas alcoólicas liberadas a pedido do noivo. Eu, sem dúvidas, não beberia diferente do Shawn que, pelo que soube bebe vodka como bebe água.

Aproveitei que ninguém estava acordado ainda e saí para correr com o Mart, que foi na minha casa me buscar.

- Olha aí a futura senhora Mendes. Ela que é noiva do herdeiro de uma empresa promissoras de joias.- Falou imitando um locutor enquanto eu fechava a porta da minha casa atrás de mim.

- Pode parar, hoje eu quero sumir, não me teste.- Disse prendendo meu cabelo.

- TPM?- Ele começou a se alongar.

- Acho que TPC.- Comecei a fazer meu alongamento também.

- TPC?- Mart me olhou confuso.

- Tensão pré casamento.- Ele bateu palma rindo.

- Vem, lara de enrolação vamos logo correr e ver se assim você queima essa gordurinha aí.- Olhei para ele desafiadora.

- É agora que você morre Martin.- Ele começou a correr e eu fui atrás dele.

Corremos durante uma hora por todo o bairro.

- Então meu padrinho favorito, minha sogra disse que o Shawn tem primas muito bonitas. Quem sabe você não desencalha?- Mart se engasgou com a água da sua garrafa me fazendo rir.

- Ah, quem sabe? Mas e você, pronta pra lua de mel?- Disse sorrindo maliciosamente.

- Eu não acredito que você está mesmo pensando que eu vou fazer alguma coisa com aquele maldito.

- Ué, eu quero ter sobrinhos um dia.- Eu dei um tapinha no seu ombro. - Eu te adoro Abie, não quero ver você chorando mais, só das minhas piadas maravilhosas.- Ele fingiu jogar um cabelo invisível.

- Eu também te amo e não vou chorar, hoje é dia de tirar a barriga da miséria, afinal eu vou casar né. Casamentos servem para isso.- Cruzei os meus braços.- Mart, eu quero você lá no altar, do meu lado, lindo e de terno. Não me deixa sozinha, por favor.- Ele me abraçou forte.

- Eu nuca vou te deixar sozinha Abie, nem se você me pedir.-Quebrei o abraço.- Eu estarei lá, muito lindo, de terno, gravata e beleza estonteante.

- Eu vou estar lá também, vou estar de branco, vai ser mole me achar.- Zombei diminuindo os passos quando chegamos ao jardim da minha casa.

- Eu te acho por lá.- Rimos juntos.- Pronto, está entregue.

- Até mais tarde, padrinho.- Acenei.

- Até, noiva.- Ele acenou de novo e esperei que ele virasse a esquina para entrar em casa.

Quando entrei na casa, minha mãe estava conversando com Jade, minha amiga que ficaria, já que na casa das outras não haviam lugar.

- AMIGA! - Ela gritou assim que me viu e veio correndo me abraçar.

- Eu estou toda suada Jade, acabei de correr com o Mart.- Minha mãe sorriu para mim e saiu da sala.