Something That We're Not

Chapter Twenty Two (Part 1)

- Vocês já estão prontos? Meu deus, a gente tá atrasado – Nick andava de um lado pro outro, enquanto mexia no telefone.

Ele tinha vindo nos fazer uma pequena visita pra saber como iam as coisas e pra nos dar os convites de um baile beneficente. Parece que a maioria dos artistas europeus estariam nesse evento e seria um passo adiante para assumir meu namoro com Louis. Segundo Nick, as principais matérias sobre mim ou Louis estavam com um índice de aprovação bom. Nada melhor que uma boa premiação para ajudar.

- Tem certeza que você não vai poder ir? – Olho para Gemma e a observo enquanto ela tenta se encaixar no sofá.

- Essa criança resolveu pesar oitenta quilos hoje, não consigo nem ficar em pé direito – Ela bufa – AMOR, CADÊ MEU CHOCOLATE?

- JÁ VAI – Ashton berra da cozinha e eu reviro os olhos, rindo.

- Vamos, já estou pronto – Louis aparece na sala mexendo no celular e solta um sorriso.

Nunca tinha visto ele passar tanto tempo no celular como nos últimos dias. Eu queria saber o que tanto ele conversa e com quem ele conversa, mas não me daria ao luxo de perguntar ou de parecer interessado.

- O carro está lá fora, vamos.

Vou seguindo Nick até o carro e entro, sem trocar uma palavra com Louis, que continuava entretido com o celular. A gente nem tinha combinado como ia ser, se íamos entrar de mãos dadas ou apenas lado a lado, mas ele parecia não ligar para isso. Ou para mim.

A viagem foi rápida e curta. O lugar já estava cheio de paparazzi e preciso admitir que eu senti falta disso.

- Mãos dadas? – Encaro Louis e ele dá de ombros, olhos fixos no celular.

Saio do carro bravo e quase fico cego com tantos flashes na minha cara. Se Louis estava pouco se fodendo para a carreira dele, eu me importava com a minha. Vou até a porta dele e abro, segurando-o pela mão.

- Ótima estratégia – Ele sussurrou e eu apenas fingi que não ouvi, segurando a mão dele e indo até o red carpet.

Vários "é verdade que vocês estão juntos?" "já assumiram de vez?" ecoavam por todos os lados e eu continuava sorrindo e acenando, como já fiz milhares de vezes. Eu até poderia mostrar um pouco mais de afeto se eu não quisesse espancar Louis agora. Ciúmes? Imagina, nem sei o nome disso.

Entramos no salão e reconheço vários artistas de longe, aceno para alguns e sorrio.

- Eu preciso ir ao banheiro, vai procurando nossa mesa enquanto isso, ok? – Louis me olha e eu apenas saio andando, deixando-o sozinho.

Alguma coisa me dizia que ele não ia apenas ao banheiro, mas ele bem entendia do que fazia. Ando pelo local, acenando e cumprimentando todos, ainda procurando pela mesa.

Louis point of view

Encaro a tela do celular, esperando uma nova mensagem de Davy. Depois que eu contei toda a minha história com ele para Harry, eu precisei alterar o nome dele no meu celular e coloquei o primeiro que veio a cabeça: Bryan. Ele tinha descoberto meu número de alguma maneira e no começo eu pensei em bloquear ele, trocar de número ou o que quer que seja. Mas ele pediu pra falar comigo, para que eu ouvisse tudo que ele tinha a dizer. E nisso tudo eu acabei percebendo que nunca o esqueci completamente. Ele aparecia frequentemente nos meus sonhos ou pensamentos. Eu sei, pode parecer idiota da minha parte, mas eu não mando no meu coração. Ele só disparou e eu preferi não pensar, só agir. Eu estou a tanto tempo sozinho e ninguém conseguiu suprir a falta que Davy me faz. Eu só queria sentir alguma coisa, qualquer coisa. E por que não essa noite?

Sinto meu celular vibrar e leio "estou no banheiro".

- Eu preciso ir ao banheiro, vai procurando nossa mesa enquanto isso, ok? – Encaro Harry e ele sai andando, sem fazer mais perguntas.

Ele devia estar bravo porque eu me fechei esses dias, mas eu não podia contar para ele. Vou andando até o banheiro e sorrindo para alguns conhecidos. Isso me lembra a primeira vez que conheci Davy e já sinto um frio na barriga.

Entro no lugar que parecia vazio e então meu coração para de novo, como na primeira vez. Ele continuava igual. O cabelo preto desleixado, os olhos que oscilavam entre o verde e o castanho. Tudo igual. Até mesmo a forma como sorria.

- Você fica mais bonito a cada dia – Ele fala e eu sinto meu rosto corar.

Deus, como eu senti falta desses elogios.

Vou andando meio tímido em direção a ele e quando menos percebo, já estou abraçado a ele. Admito que a sensação parecia ser muito melhor antes. Era como voltar para uma casa antiga e relembrar os bons momentos, mas meu lar era outro lugar agora. Balanço a cabeça e aproveito o momento, sentindo o perfume dele.

- Você continua pequeno.

- Idiota – Dou um empurrão fraco nele e o observo de perto.

Não era necessário nenhum tipo de diálogo. Era como nunca tivéssemos parado de nos ver ou de nos falar. Ele conhecia tanto de mim e eu conhecia tanto dele, que palavras seriam só elementos vazios flutuando pelo espaço que ainda existia entre nós dois. Ainda.

Ele morde o lábio inferior e eu já sabia qual seria o enredo. Algo dentro de mim me alarmava, mas eu queria continuar ali. Talvez por teimosia, talvez porque eu tenha ficado sozinho tempo demais, talvez para sentir alguma coisa sem ser tristeza.

Não me permito pensar e encosto nossos lábios devagar. A sensação era a mesma, mas meu coração batia diferente. Não como de um louco apaixonado, mas como de um saudosista.

As mãos dele se encaixam na minha cintura á medida que o beijo fica mais rápido e intenso. Arranho as costas dele por cima da camisa e sinto-o estremecer. Nossos corpos se friccionam e eu começo a sentir um calor percorrer meu corpo.

Davy era tóxico pra mim. Eu sabia disso. Eu sabia que mesmo que eu não o amasse como antes, aquilo ainda ia causar um efeito em mim, provavelmente negativo. Doía. A gente tinha tudo pra dar certo, mas demos errado. Era doloroso tê-lo por alguns segundos e saber que não ia durar muito tempo. Não mesmo.

- Louis? – Ouço uma voz conhecida atrás de mim e meu corpo estremece.