Chapter Twenty Three

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Subo as escadas do hospital correndo, procurando pelo andar 602. Louis vinha atrás, tentando manter o mesmo ritmo que eu. Nós não tínhamos trocado uma palavra no carro, eu só sabia pensar em Gemma e no bebê, nada mais importava agora.

Sinto meu corpo relaxar quando vejo Ashton andando de um lado pro outro roendo as unhas. A expressão dele era de medo e isso alarmou algo dentro de mim.

- Ash! – O chamo e vou andando rápido até ele, que parece mais aliviado quando me vê – O que aconteceu com a Gemma? Tá tudo bem?

- Logo depois que vocês saíram ela começou a ter umas contrações, mas o parto estava marcado pra depois de amanhã. A gente decidiu esperar pra ver se piorava e ela começou a sangrar... – Os olhos dele encheram de água e eu senti minha garganta secar.

Eu não ia me perdoar se algo tivesse acontecido com ela ou com o bebê. Sinto um nó se formar na minha garganta, mas eu preciso segurar as pontas.

Vejo Ashton se levantar quando um homem de jaleco branco sai da sala, indo em nossa direção.

- Doutor, o que tá acontecendo? Tá tudo bem? Ela tá bem? – Ash dispara a falar.

- Calma, respira fundo – O doutor responde e eu quase tenho um troço.

Respirar fundo é meu pau de asas de fada, minha irmã estava parindo e ele queria calma.

- Ela tá bem, nós já fizemos o parto do bebê – Ele continua e eu sinto um peso gigante sair das minhas costas – Tanto o bebê quanto a paciente estão bem, foi só um susto. O sangramento já foi contido, mas vamos precisar manter ela em observação por uns dois dias. Vim procurar você porque precisamos de um acompanhante.

- Eu fico – Falo prontamente – Eu sou irmão dela.

- Não, Harry, eu fico – Ash me encara – Você precisa ir pra casa e descansar, eu posso ficar aqui. Afinal, é meu filho.

Tento rebater, mas ele tinha razão. Era filho dele e ninguém melhor do que ele pra ficar ao lado de Gemma nessa hora. Louis estava do meu lado, quieto.

- Eu preciso que você assine aqui – O doutor entrega uma prancheta e uma caneta pra Ashton, que assina rapidamente – Muito bem, a paciente já pode receber visita. O limite é de duas pessoas por vez, mas como eu posso ver vocês são um casal.

Ele olha pra mim e pra Louis, que assente com a cabeça confirmando.

- Então eu posso abrir uma exceção – O médico sorri – Qualquer coisa, contem comigo. Me acompanhem.

Vamos atrás do médico até um pequeno quarto branco e então, vejo umas das cenas mais lindas.

Gemma estava sentada com as pernas esticadas, segurando o bebê no colo. A conexão entre os dois era tão forte que ela nem sequer percebeu nossa presença ou percebeu qualquer coisa ao redor. Os olhos dela tinham um brilho diferente que eu nunca vi antes e isso fez meu coração bater forte. E nos braços dela, tinha a pessoa mais amada do meu coração agora. Meu sobrinho.

- Eles vieram te fazer uma visita – O médico fala e Gem nos encara, sorrindo – Licença.

O doutor sai do quarto, deixando apenas nós.

- Meu filho – Ashton se aproxima dos dois e olha o bebê de perto – Ele é tão lindo. Eu... Meu deus...

Gemma ri e encara Ash, recebendo um beijo na testa do mesmo. Eu só queria guardar aquela cena pra sempre.

Ashton parecia uma criança quando recebe o presente que mais esperava. A maneira como ele olhava o bebê era única.

- Ei, vocês dois – Acordo do transe ouvindo a voz dela – Cheguem mais perto, ele não morde. Nem tem dentes ainda.

Vou andando devagar pra perto deles, como se qualquer movimento brusco pudesse acordar o bebê que quase dormia. Meu coração parecia tão pequeno quanto as mãozinhas dele. A partir daquele momento eu soube que protegeria ele de qualquer coisa e de qualquer um. Meu sobrinho. Meu.

- Quer segurar? – Gemma estende ele em minha direção e eu sinto minhas mãos tremerem – Só não vai deixar ele cair.

Me abaixo e sinto meu corpo se arrepiar por inteiro quando ela o coloca em meus braços. Louis se aproxima de mim, encostando o rosto no meu braço. Ele abriu os olhinhos, que pareciam duas esmeraldas de tão verdes, e me encarava como se estivesse analisando meu rosto.

A gente acha que já sentiu de tudo na vida. Dor, tristeza, felicidade, euforia. Mas a gente só percebe o quanto somos pequenos e o quanto de sentimentos que existem por aí que nunca foram experimentados, em momentos como esse. Eu nunca tinha sentido nada igual antes.

- Qual o nome dele? – Louis pergunta e eu me viro e olho Gemma.

Essa era uma questão que eu nunca vi ser discutida por ela ou por Ash. Como eu nunca tinha me perguntado qual era o nome do bebê?

Gem e Ash se encaram sorrindo, um pro outro.

- Eu queria que o nome dele fosse algo especial, como uma homenagem – Gem fala – E só faltava saber quem nós iríamos homenagear. E eu escolhi você, Harry.

Meu coração falha uma batida e eu franzo a testa.

- O nome dele é Harry? – Pergunto sem acreditar.

- Não, pateta. Eu não seria tão obvia assim – Ela ri – Eu fiquei tentada a colocar esse nome, mas Louis me deu uma ideia melhor.

Encaro Louis que parecia tão perdido quanto eu.

- Depois de tanto ouvir ele te chamar assim, eu decidi colocar o nome dele de Edward.

Fico surpreso e Louis tem a mesma reação. Ele tinha meu nome do meio. Isso era tão... Sinto meus olhos encherem de lágrimas.

- Sério que você vai chorar? Fui eu que pari – Gem diz rindo.

Isso era inacreditável. Meu coração parecia que ia desmanchar a qualquer momento.

- Agora me dá ele, eu quero segurar meu bebê – Ashton se aproxima e tira o bebê dos meus braços, contra minha vontade, é claro.

Ficamos lá por mais alguns minutos, até me certificar de que tudo estava bem. Eu tinha esperado esse momento por tanto tempo que não parecia real.

Gemma nos entrega a chave da casa e vamos embora do hospital. Essa noite seria só Louis e eu em casa. As coisas ainda estavam estranhas entre nós dois e nada foi dito no carro.

Na verdade, não havia nada a se dizer. Louis não precisava se desculpar por nada, ele só estava vivendo a vida dele e eu a minha. Nós não éramos um casal de verdade, então porque eu sentia que algo precisava ser feito ou dito?

Chegamos em casa no mesmo silêncio sepulcral e me jogo no sofá, a fim de pensar um pouco. Louis vai direto para o quarto e ouço o barulho do chuveiro.

Eu precisava colocar minha cabeça em ordem, tinham acontecido tantas coisas hoje, eu só precisava pensar. Porém a única coisa que percorria minha mente era o fato de eu ser tio agora. Eu sou tio. Eu não acredito nisso.

Não sei exatamente quanto tempo se passou nessa minha reflexão, mas acordo dos meus pensamentos quando ouço Louis me chamar.

Será que ele ia desculpar por alguma coisa? O tom de voz dele parecia sério, então eu decidi apenas me apressar.

Chego no quarto e encontro as luzes apagadas. Louis estava em cima da cama apenas de boxer preta e eu podia ver seus cabelos molhados e bagunçados. Ele estava sexy. Pela primeira vez, eu tinha plena convicção do que eu estava sentindo em relação a Louis. Ele estava fodidamente sexy.

- O que houve?

- Harry... – Ele faz uma pausa e fica de joelhos na cama – Vem cá.

Vou até a beirada da cama e ele se aproxima, segurando meu queixo e se aproxima do meu ouvido.

- Eu quero foder.

🌸Joguei a bomba e saí correndo🌸

Something That We're NotWhere stories live. Discover now