Novo Estranho

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Voltar para casa e passar 5 minutos do dia sem a Camila me pareceu estranho. Eu estava olhando em volta pelo meu quarto e sentindo essa sensação estranha de não estar ouvindo sua voz ou lembrando exatamente como o seu riso alto costumava soar.

Um trovão explodiu do lado de fora e eu sorri. Sorri e depois me senti mal por ter sorrido. Eu amo trovões, mas Camila não. Ela estaria realmente bem agora? Me perguntei isso pelas horas seguintes.

Meus pais quiseram saber tudo o que havia acontecido no acampamento. Eu os contei que foi divertido e todas as coisas engraçadas no meu novo grupo de amigos. Mamãe parecia preocupada em uma mudança tão rápida, mas ao mesmo tempo ficou feliz. Por um momento, não era mais "Lucy e eu" e sim "Nosso grupo estava no lago...". É claro que eu estava feliz também. Ano novo, vida nova. Havia repetido que tudo seria diferente durante a virada do ano.

Nós comemos algo pela tarde em um lanche rápido. Eu ainda ouvindo o barulho da chuva e me preocupando se Camila estaria bem e confortável em sua casa com seus pais. Se eles estariam cuidando dela por ela ter medo de chuvas tão fortes assim, mas por sorte, a chuva havia suavizado um pouco mais depois das 15h.

- Amor, você colocou a sua roupa suja do acampamento no cesto para eu colocar pra lavar? – Mamãe perguntou rapidamente apenas colocando a cabeça para dentro do meu quarto. A porta já estava aberta.

- Sim. Não tem muita roupa suja. É basicamente o que eu vesti ontem. O acampamento tinha uma lavanderia e eu não quis carregar as roupas sujas durante o tempo todo.

- Eu amo você por ser tão organizado. – Ela riu e entrou no quarto. – Está tudo bem? Você não desceu mais depois do lanche.

- Eu só estou descansando um pouco. – Sorri fraco. Ela jogou minhas pernas mais para o lado e sentou na cama.

- Não parece só descansar. Por que essa expressão ansiosa? – Puxou minha mão para a sua. Eu tenho que confessar que ela havia se mostrado um pouco mais presente nesses últimos dias.

- A Camila tem medo de chuva, lembra? – Perguntei e ela fez uma expressão como se tivesse acabado de dar um click na sua mente sobre o motivo de eu estar quieto. – Eu só estou preocupado para saber se ela está bem.

- Você está gostando dela também? – Me encarou alta demais me fazendo corar. Eu não costumava ter esse tipo de conversa com meus pais, muito menos com minha mãe. Na verdade, eu nunca havia conversado sobre garotas assim, porque Lucy havia sido a única e eu não queria fazer um alarde sobre eu estar gostando da minha melhor amiga.

- Ela é uma garota legal e bonita. É gentil e... Eu só me preocupo quando sei que talvez ela pode não estar bem. Nós dividimos a minha barraca no acampamento e eu pude a conhecer melhor que antes, não é como se eu não pudesse me preocupar com ela, sabe? – Mamãe sorriu e balançou a cabeça afirmando estar entendendo o que eu falava.

- Eu a acho muito boa. Não vejo a hora de começarmos o trabalho na floricultura. Você deveria passar lá para dar uma mãozinha e ficar mais próximo dela. – Riu e eu sorri de lado. Era estranho, mas foi mais confortável do que eu imaginava. – Tente ligar pra ela, amor. O celular já está funcionando normal. Eu vou colocar as roupas na maquina e terminar de organizar um pouco a cozinha. Seu pai mexeu no encanamento e fez uma bagunça no armário abaixo da pia.

- Precisa de ajuda com algo? – Perguntei já procurando meu celular sobre a cama. Eu nem ao menos sabia onde o havia visto pela ultima vez.

- Não. O seu pai me ajuda se eu precisar de algo. – Voltou do meu banheiro com as roupas sujas que havia deixado lá.

- Mamãe, você viu meu celular? – Perguntei quase deixando o quarto junto com ela.

- Deve estar na sua mochila ainda. Você o tirou de lá? – Disse tranquilamente caminhando pelo corredor em direção a escada.

Look To The Other Side (Camren)Où les histoires vivent. Découvrez maintenant