O "segredo"

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Era a ultima semana de campanha dos dois candidatos as eleições a diretoria do colégio. Aquela movimentação nas semanas anteriores pareciam literalmente terem tirado metade dos nossos focos em atividades de aulas e nos focado em apoiar algum dos candidatos. Eu estava certo que Sr. Collins seria reeleito tanto por voto dos alunos quanto pelo voto dos pais dos alunos. Havia essa forma a qual eles faziam a contagem dos votos de ambas as responsabilidades dentro do colégio, onde professores e outros funcionários também tinham seus votos a soma total e por fim tínhamos algum resultado. Poderia dizer que a grande maioria ali estava apoiando o candidato certo, mas o voto dos pais tinham certo peso também, uma vez que poderíamos perder alunos ou ganhar quando os pais decidem o que é melhor para a vida de seus filhos. 

Havia passado tempo o suficiente pensando sobre alguma coisa a dizer se fosse necessário e se eu realmente aceitasse fazer algum discurso para apoiar nosso diretor atual em seus últimos dias de campanha. Tinham folhas de papel na minha lixeira no quarto a qual eu lotei com palavras que pareciam não caber em mim, mas que eu não tinha certeza se deveria falar em voz alta na frente de um ginásio inteiro de alunos, professores, funcionários e pais. 

Camila tinha a cabeça apoiada em meu ombro logo após terminar seu lanche no intervalo das aulas no ultimo dia antes das votações. Nosso grupo de amigos estava movimentado em conversas paralelas e minha mente correndo para tudo o que havia vivenciado aqui. Eu sabia o que era o certo a se fazer. O hematoma que marcava ainda minhas costas por baixo do moletom preto que vestia hoje deixava claro para onde nossa luta realmente ia e o tamanho da sua importância em nossas vidas. Eu tinha voz e poderia a usar para dizer ao mundo a importância do respeito as pessoas. Estávamos levantando uma bandeira super importante talvez não só aqui, mas para o mundo todo ouvir, nossa vida, nossas historias, nossos medos, nossas conquistas, tudo isso deveria ser dito não apenas durante uma campanha de diretoria escolar, mas sim todos os dias sobre todos os assuntos possíveis. Eu queria ser livre, queria não me incomodar ou ter medo em tantos momentos da vida. Queria não ter que me preocupar com o que as pessoas pensariam sobre aquilo porque todos nós deveríamos ser livres desde que nascemos. Aquilo era um inicio e eu me sentia cada vez mais pronto para dar um passo a frente do outro em minha jornada. 

As próximas aulas seguiram e pensando apenas nisso, perdi parte do conteúdo apresentado por nosso professor de geografia e apenas escrevi. Escrevi o que havia em minha mente, escrevi o que havia no coração, falei sobre medos, desejos, inquietudes, conquistas as quais nem eram apenas minhas, apenas escrevi o que realmente sentia. Estava em num mood que eu não sabia se já o havia experimentado antes. Uma calmaria e revolta ao mesmo tempo. Parecia aquele vento logo antes de uma tempestade. Minha voz era um trovão que soava sem fim e minhas mãos acompanharam tal pensamento. 

Estava observando as pessoas deixando a escola no corredor principal com nossos amigos em volta comentando sobre o próximo dia e sobre o que deveriam fazer. Harry, Louis, Lucy e Verônica haviam escrito seus discursos e o grupo inteiro parecia aprovar. Eu com minhas palavras perdidas em um papel e ainda em mente. Eu deveria os contar. Estava pronto para isso. 

Não os contaria ali num corredor da escola, porem. Não era nem lugar e nem hora certa. Harry tinha acabado de ser empurrado por um dos garotos que apoiavam Hans e passaram zombando do nosso grupo no corredor, Troy o puxando de volta quando ele tentou partir para cima do outro garoto e Lucy segurando Vero que parecia querer seguir o mesmo rumo do nosso amigo atingido. Aquilo estava virando uma bagunça realmente. 

Camila seguiu para seu trabalho na floricultura como de costume e eu chamei Lucy e Verônica para almoçarem comigo de ultima hora. Eu precisava da ajuda da minha melhor amiga e talvez da opinião da sua namorada quando o assunto era eu decidindo participar de algo que elas quiseram me incluir desde o inicio. Lá estavam elas com suas empolgações ao extremo enquanto liam o que eu tinha escrito durante a aula. Verônica lendo em voz alta e Lucy me encarando com um olhar cúmplice, ela sabia o quanto aquela nova vida estava sendo algo que eu sempre procurei ter antes. 

Look To The Other Side (Camren)Where stories live. Discover now