Capítulo 20

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Shawn Mendes's point of view

Era um menino!

Eu não sabia, não conseguia e não queria conter a felicidade que estava sentindo. Talvez por isso o sorriso que surgiu em meus lábios ainda dentro daquela sala de exames tenha permanecido intacto até o momento em que estacionávamos de novo na garagem do prédio.

Assim como na ida, a viagem de volta foi feita quase que em silêncio absoluto. Eu ainda tentava assimilar aquela novidade, meus pensamentos viajavam, e o sorriso bobo era a única resultante de tudo aquilo. Eu rememorava os detalhes daquela manhã, a manhã em que eu descobrira que seria pai de um menino.

Eu estava nervoso e mal ouvira os muitos conselhos que a médica de Camila repetira inúmeras vezes, nem os cálculos que fizera, muito menos a conversinha superficial que tinha iniciado enquanto preparava a sala de exames para a ultrassonografia. Nada daquilo importava. Ao menos não tanto quanto o que viria a seguir. Eu nunca tinha me sentido tão nervoso, tão ansioso, tão agitado. E quando eu digo nunca, é nunca mesmo!

Quando Camila se escondeu por trás do biombo para trocar a roupa que vestia pela do exame, eu fiquei sentado, os pés batendo impacientemente no chão e os dedos tamborilando a superfície fria da mesa do consultório. Me sentia num mundo a parte, onde meus nervos eram testados a cada novo som. Logo (uma grande força de expressão, porque na verdade aquilo pareceu demorar uma eternidade!) a médica retornou e me deixou entrar. Camila estava deitada sob uma cama de lençóis brancos, o roupão azul suspendido até pouco abaixo dos seios e os olhos presos no aparelho onde veríamos como estava o bebê assim que o exame começasse. Quando entrei, ela levantou os olhos para mim. Nem sombra de um sorriso e eu podia perceber que ela estava obviamente tão nervosa quanto eu. Me aproximei, parando ao seu lado. Ela apertou os lábios e, instantes depois, voltou a encarar a tela. A partir daí minha atenção voltou-se completamente para o mesmo lugar que ela fitava. A médica ia mostrando e explicando o que víamos, circulando seus bracinhos e pernas, ainda minúsculos, sua cabeça e, claro, aquela parte que deixava óbvio se tratar de um menino. Eu sorri, e não sei bem ao certo explicar o que senti. Era uma sensação única, parecia que meu coração tinha começado a bater na garganta. Olhei para Camila no exato momento que ela levantava o olhar para mim. Me surpreendi ao vê-los úmidos e, sem conter o impulso, peguei sua mão. Ela desviou os olhos até nossos dedos unidos e voltou a me olhar. Um pequeno sorriso abriu-se lentamente em seus lábios, e o meu aumentou.

Passei o resto do exame ali, os dedos entrelaçados aos dela, atento a cada nova descoberta que fazíamos sobre nosso filho. Juntos.

Camila: obrigada por ter ido comigo.

O som de sua voz tirou-me daquelas lembranças e fez com que eu a encarasse. Ela me olhava de lado e sua expressão era meio hesitante, meio incerta.

Shawn: você não tem que agradecer. Eu precisava estar lá.

Camila: não precisava – contrapôs. – Você sabe...

Shawn: eu queria.

Camila: eu nunca me senti daquele jeito antes.

Shawn: nem eu.

Camila: você sabe do que eu estou falando, não é?

Eu concordei com um gesto de cabeça. Era claro que sabia, eu tinha compartilhado de toda aquela sensação única e inexplicável com ela.

Camila: ver todo o contorno de seu corpinho, do rosto... ouvir seu coração. Eu não sei dizer o que senti.

Shawn: amor. – Ela levantou os olhos e um leve sorriso abriu-se em seus lábios. – Eu também senti.

O Pecado Mora Ao LadoOnde histórias criam vida. Descubra agora