Capítulo 33

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 Shawn – busquei seu olhar, apavorada. – O meu filho... – completei, com um fio de voz.

Ele tentou não demonstrar, mas eu percebi no enrugar de sua testa e no leve estreitar de seus olhos que aquilo também o atingira de forma não muito boa.

Shawn: ei – suspendeu meu rosto, fazendo com que eu o encarasse. – Calma. Nós vamos encontrá-lo.

Nos primeiros minutos, eu não tive reação. Na verdade, não sei por quanto tempo fiquei ali, parada, olhando dele para Jane, e de Jane para a porta. Meus pensamentos viajaram involuntariamente para alguns meses atrás, para aquela visita de Melissa em Nova York. Senti um calafrio me percorrer ao recordar suas palavras. A ameaça dura e direta, o tom de voz frio e impiedoso. De alguma forma paralisante, eu não conseguia raciocinar. Via Shawn bombardear Jane de perguntas, mas não ouvia nada, nem uma palavra. Assim como não ouvi nada do que ele disse ao pegar o celular e caminhar de um lado para o outro da sala, o maxilar rígido.

E então deixei de pensar em Melissa e pensei em Noah. E com uma espécie de estalo, voltei à vida. Enfurecida.

Acho que briguei com todos que estavam à minha volta, começando por Jane. Como aquela mulher podia ter deixada o meu filho aos cuidados daquela vadia?! Gritei com Shawn, que tentava me acalmar. Aquilo chamou a atenção de Karen e Manuel, que logo estavam ali, me olhando assustados. Ao invés de se ofender, ele segurou meu rosto outra vez, daquela vez mais firme, e me fez encará-lo. Eu vi a seriedade em seus olhos, assim como a clara mensagem de que eu devia me controlar.

Eu não queria me controlar! Eu não podia fazê-lo! Não com meu filho nas mãos daquela alucinada!

Shawn: pelo amor de Deus, Camila, se acalma!

Camila: me acalmar? Meu filho está com aquela vadia, sabe-se lá aonde, e você quer que eu me acalme?! – esquivei-me de seus braços bruscamente e cravei as mãos nos cabelos, andando em círculos. – Você não pode estar falando sério!

Manuel: o que é que está havendo aqui? Qual é o problema de vocês, pelo amor de Deus?!

Karen: onde está Noah?

Shawn: com Melissa – respondeu somente, a atenção toda voltada para mim.

Manuel: e qual é o problema? Por que vocês estão brigando? – Olhou Jane, acuada em um canto, nitidamente assustada. – Caramba, vocês vão me deixar maluco!

Shawn: pai, é uma longa história. A gente pode falar sobre isso depois que...

Camila: ela levou o meu filho! – cortei, alterada. – Ela vai cumprir o que prometeu! Ela vai fazer mal ao meu filho!

Com um gesto brusco, ele agarrou meu braço e me puxou para a sua frente. Se aquele gesto por si só não me fizesse calar, o olhar mortal que me lançou, faria.

Shawn: cale a boca! – ordenou. – Ouviu? Não repita isso! – E amenizou o tom ao ver meu olhar assustado: – Por Deus, Mila, se controla. – Passou a mão em meu rosto, num carinho rápido. – Esse desespero não vai nos levar à lugar algum, não vê? Nós nem sequer sabemos o que aconteceu.

Eu não respondi. Um nó repentino formou-se em minha garganta. As lágrimas, que eu sequer senti começarem a cair, molhavam meu rosto. Shawn me olhava, e eu via em seus olhos a firmeza de que precisava. E o invejava por aquilo.

Afastando-me outra vez de suas mãos, larguei-me sobre o sofá.

Karen: Shawn...

Eu não precisava olhar para ela para saber que ela estava bem assustada com tudo aquilo. E eu não olhei. Meus pensamentos estavam todos voltados para o meu filho, e, minhas preces, para que ele estivesse bem. E que voltasse logo para mim.

O Pecado Mora Ao LadoOnde histórias criam vida. Descubra agora