Capítulo 21

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- Tem certeza que quer ir para o curso Anahí? Não acha melhor esperar pra tirar os pontos? - Um Alfonso bastante preocupado tentava convence-la de esperar mais alguns dias para voltar ao curso.

- Eu já perdi muita matéria, e mesmo que tenham me passado o que eu perdi, continuo atrasada.

- Eu acho que você não devia ir. - Falou bastante sério dessa vez.

- Alfonso... - Pausou, olhando para ele, porém ela estava com uma expressão divertida e uma posição provocativa, o shorts curto que usava também ajudava na provocação. - Se o próprio médico disse que eu posso voltar a minha rotina, e isso inclui o colégio, quem é você pra me impedir de ir? - Perguntou provocando.

- Você irá... Algum dia. Além do mais, só perdeu alguns dias. - Tentou, puxando-a pela cintura e dando um beijo em seu pescoço.

- Golpe baixo Alfonso. - Ralhou, dando um tapa no ombro do mesmo, porém quem procura o que quer, acha o que não quer. Ela provocou, e ele retribuiu. - Anda se não eu vou me atrasar.

- Ok, mas se você sentir dor. - Começou, ficando em frente a ela, e pondo uma mecha de cabelo da mesma para trás da orelha. - Ou ficar tonta ou enjoada, me ligue - Ele já tinha o rosto dela entre as mãos, e ela assentiu, revirado os olhos, já estava bem, isso era só demasiada preocupação. Ele a beijou, e a deixou ir se arrumar.

A verdade é que ele não sabia como lidar com isso, com o que sentia, e principalmente com a dimensão do que sentia. Ele se preocupava de mais por Anahí, só que por nunca na vida haver se sentido assim, queria na maior parte do tempo estar perto dela, só assim ele sentia que podia protege-la... Cuidar dela. E era demasiada preocupação. Anahí passou os dias que vieram maravilhosamente bem, Alfonso a cercava minuto sim outro também, quando estava no trabalho a ligava, e quando estava em casa não se desgrudavam nem para tomar banho. Ela não reclamava, pelo contrario, adorava. Ela ria da preocupação dele, porém no fundo, e não tão fundo, ela amava se sentir protegida, querida por alguém.

...

A volta de Anahí na moto de Ian se deu tão pronto quanto ela se recuperou completamente. Mesmo com AyA vivendo quase que numa bolha apenas deles, e com Ian sendo o amigo que Nina precisava, ou seja, mesmo com os dois não se vendo mais com a mesma frequência de antes, que era todos os dias, eles sabiam que nada, absolutamente nada mudava. Ian passou pelo apartamento, subiu por alguns minutos, conversou com o irmão, e desceu com uma Anahí tão ansiosa quanto ele para andar na moto com Ian. Os dois deram uma volta pela cidade, e pararam no Quincy Market. Maite não demorou para chegar por lá também, Anahí a havia avisado onde estariam, e ela resolveu se juntar a eles. Foi descontraído, os três se davam bem. Ian apesar de ser um Herrera, era de longe o mais simples da família, era provavelmente o único que não se importava com status social, e com os luxos que seus irmãos, sua mãe, e até seu pai se importavam. Tanto, que aquele mercado era um de seus lugares preferidos da cidade, e a comida dele, a famosa Losbter que vinha dentro de um pão amanteigado, era sua favorita.

- Ok Ian... Você é o único que tem se encontrado com Nina, o que houve com ela? Porque ela simplesmente sumiu? - Maite perguntou, estivera em contato com Anahí nos últimos dias como de costume, porém não sabia nada de Nina.

- Ela apenas precisava de um tempo de... Tudo. - Em parte era verdade. Maite aceitou a resposta do amigo, e Anahí simplesmente baixando a cabeça, entendendo muito bem esse "tempo de tudo" que Nina precisava.

- Mas como ela está? - Anahí perguntou, também querendo saber da amiga.

- Mais ou menos. - Essa parte era total verdade. - Mesmo não dando certo, ela gostava dele. - E os dois viram a expressão de Anahí. Ai sim ela se sentia culpada, Nina, sua amiga, estava mal por um término com o homem com quem ela vinha transando, e vivendo numa bolha que nem ela conseguia entender o que era, apenas sentir, sentir felicidade.

- Diz pra ela que eu sinto muito. - Disse sentida. 

Passaram o restante da tarde ali, apenas matando tempo e conversando, e quando se deram por satisfeitos, Anahí ligou para Alfonso que a buscou, dando assim a Maite, seu merecido passeio na traseira da moto de Ian, que novamente fez o "caminho mais longo" ou seja, deu uma bela volta pela cidade antes de deixa-la no apartamento de Mane. Quando Maite subiu, notou que havia um pacote encima da mesa, e ao ver o cartão, viu que o pacote era pra ela, porém não sabia quem a havia enviado. Ela o levou para a sala, e não precisou abrir muito mais da metade para descobrir que era de sua mãe, que morava em Hanson com seu pai. Mane estava em casa, havia escutado ela entrar, porém não foi na mesma hora recebe-la, chegou na sala uns cinco minutos depois, e encontrou a namorada com uma caixa de biscoitos na mão.

- Quando isso chegou? - Perguntou. - São da minha mãe. - Contou, e ele pode notar certa tristeza em sua voz.

- Chegaram no seu apartamento. - Começou. - Os novos inquilinos me ligaram, e eu fui la buscar.

- Ela não sabe que estou aqui com você, faz tempo que não nos falamos. - Falou essa ultima frase com um peso evidente na voz.

- Você sente falta dela né. - Constatou, e viu ela assentir. - Me conta, me fala sobre ela, sobre seu pai... - Pediu. Ele sabia que moravam longe, em uma, nem cidade era considerada, Hanson era uma Vila ( isso é comum por lá, são cidades extremamente pequenas com menos de 1000 moradores), mas apenas isso.

- Eles sempre me deram força pra vir pra cá sabe. - Contou sorrindo. - Pra fazer faculdade, conseguir um emprego bom. Eles não tinham, na verdade não tem muito dinheiro, mas tudo que tinham era sempre pra mim. - Dai ela murchou. - Acho que por isso eu nunca falei pra ela que larguei a faculdade, e bom...  Muito menos falei o que eu sou.

- Era. - Corrigiu de imediato.

- Eu amava esses biscoitos. - Mudou o assunto. - Você também vai. - Se levantou, indo para a cozinha, e voltando em seguida com um prato onde tinha um punhado dos biscoitos. Ele pegou um e em seguida ela. - Eu sinto falta deles. - Repetiu o que ele havia dito, suspirando com tristeza.

- Eu sei. - A abraçou, e viu que ela começou a chorar.

Fazia um bom tempo que Maite não falava com a mãe, e finalmente hoje ela ligou para ela, falou com seu pai, contou um pouco de Mane, agradeceu pelos biscoitos, e depois só ficaram jogando conversa fora... Apenas uma querendo ouvir a voz da outra.

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