O que você disse?

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Daryl? – Chamei o homem que estava sentado em uma moto enquanto amolava uma faca, ele desviou o olhar para poder me ver.

– Você já concertou aquela cerca? – À alguns dias uns errantes haviam quebrado uma cerca e atacaram o galinheiro que com muita custa nós conseguimos juntar as galinhas. Ele negou com a cabeça.

– Eu to indo lá agora, se você...

– Claro, só vou pegar meu arco – corri de volta pro chalé e quando entrei não enxergava nada, maldito sol, estava tudo escuro, praguejei com a voz baixa.

Quando de repente dou de frente com alguém, quando olho pra cima ainda meio cega vejo que são olhos azuis, droga.

Carl havia segurado meus braços e agora ele sorria olhando pra mim, senti minhas pernas fraquejarem, que merda preciso comer alguma coisa.

Apertei minhas têmporas e esperei minha visão voltar ao normal.

– Está tudo bem? – Ele perguntou ainda segurando meus braços.

–Não, tudo bem, foi só a luz forte que me deixou meio cega – me esforcei meio vacilante para sair de seus braços, mas ele insistiu em segurar-me.

– Tem certeza? Você não parece bem, vem vamos comer alguma coisa – sem me dar chances ele me puxou pra cozinha, olhei para porta meio choramingando, Daryl por favor me espera.

Sentei na cadeira e apoiei meus braços na mesa meio entediada. Carl sorria enquanto mexia em alguns armários.

– Sabe, aquelas mangas que você deixou pra trás fizeram falta aqui – arregalei os olhos surpresa, eu deixei pra trás porque a cesta tinha quebrado e... Senti meu rosto esquentar.

– Gleen e Maggie tinham ido pra cidade ontem e pedi que trouxessem algo... – Ele pegou alguma coisa no armário que não pude identificar pois ele estava na minha frente, ele pegou sua faca e começou a mexer no objeto, parecia uma lata.

– Carl, se não se importa, Daryl está me... –  Parei de falar quando vi a lata de pêssegos em sua mão, meus olhos pareciam que a qualquer momento poderiam saltar da órbita, minhas pupilas estavam dilatadas. Ele então abriu mais o sorriso.

– Ah, já que você tá com pressa eu posso dar isso para outra...

– Nem pense nisso xerife! – Pulei da cadeira e corri em sua direção, ele ergueu a lata à cima de sua cabeça me impedindo de a pegar. – O que foi agora em? – Perguntei com as mãos na cintura.

– Pra ganhar seu pêssego, você vai ter que fazer uma coisa.

Ih, vem coisa.

– O que você quer Grimes?–  Me assustei quando seu sorriso aumentou em seu rosto, mais do que eu achava possível, ele parecia um psicopata.

– Ah é bem simples, você só tem que... – Troquei o peso para minha outra perna e esperei ele me responder. – Me beijar.

Minhas pernas fraquejaram, só pode ser brincadeira, meu rosto estava tão quente que se fosse em outra ocasião achariam que estava com febre.

– Estou esperando.

Droga, depois daquele dia nós não nos beijamos mais, olhei pros lados procurando uma desculpa, pensei em ir logo ao encontro de Daryl, mas recuei quando vi a lata na mão dele, eu queria tanto aqueles pêssegos.

– Ah vamos Ray, não é como se você já não tivesse feito isso antes – mordi o lábio inferior me amaldiçoando por estar tão envergonhada.

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