Capítulo 10

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Mya chegou em casa e foi direto a geladeira para tomar um copo de água. Renato estava na mesa tomando sorvete de chocolate em uma vasilha e percebeu que a irmã estava um pouco sem graça. Então resolveu puxar assunto com ela.

— E aí? Como foi lá?

— Foi legal. Eu agradeci a Ashley por tudo. — disse ela, virando-se para ele e sentando na outra cadeira da mesa.

— Se foi legal, por que você está com essa cara de enterro? — ele perguntou, dando mais uma colherada no sorvete.

— Eu não sei. Sinto que eu devo me lembrar de mais alguma coisa que aconteceu naquela noite, mas, simplesmente, não consigo lembrar.

— Por que você acha que tem mais alguma coisa?

— Não sei direito... Eu só queria me lembrar de tudo, sabe?

— Tipo, se a Ashley te pegou? — ele perguntou, sorrindo.

— Não. Eu não acredito que ela tenha se aproveitado de mim.

— Eu também não. Ela parece ser muito legal.

— Sim. E eu me arrependo muito de ter retirado a máscara dela naquele dia na boate... Foi um ato covarde da minha parte.

— O que deu em você, maninha? Você nunca gostou de admitir os seus erros.

— As pessoas mudam, Renato. Então por que eu não posso mudar?

— Tá bom. Já que você mudou, que tal dar uma chance para ela?

— O quê? Você pirou, né? Eu não gosto de mulheres.

— Por que eu acho que isso é só uma camuflagem? — comentou ele, a encarando.

— Caramba, Renato! Eu não sou gay como você. Quando vai perceber isso? — disse ela, levantando-se da cadeira.

Antes de ir para o quarto, ela ainda falou:

— Não é porque eu não vou mais abusar do fato dela usar uma máscara, que eu devo dar uma chance para ela.

— Sei. Você tem medo, Mya... Medo de ser feliz!

Ela nem ouviu e entrou no quarto. Deitou-se na cama e ficou lembrando-se do beijo entre elas. Mya se irritou tanto ao lembrar-se disso, que acabou jogando uma almofada em um espelho que havia na parede. Ele caiu no chão e se quebrou.

Mya ficou muito assustada e aproximou-se dos cacos. Por um momento, ela teve a impressão de ter visto uma moça sorrindo, que parecia uma bruxa atrás dela. Mas quando se virou, não tinha ninguém. Sentiu um arrepio pelo corpo e saiu do quarto.

Renato a viu passando para a sala e foi até ela.

— Que barulho foi esse, maninha?

— O meu espelho quebrou.

— Aquele que a nossa mãe te deu?

— Esse mesmo.

— Ele não deve ter aguentado a sua imagem. — ele ficou dando gargalhada.

— Não foi nada disso. O pior é que vi uma imagem estranha nos cacos.

— Ih... Para com isso! Eu vou lá pegar os cacos.

— Valeu, maninho.

A garota mascarada (Romance lésbico)Onde as histórias ganham vida. Descobre agora