Capítulo 22

2.1K 180 6
                                    

Ashley ficou bastante surpresa com a presença do irmão. Ele não a esperou dizer nada. Já foi logo se sentando em um dos banquinhos perto do balcão e bebendo um gole da cerveja dela. Ariel viu os dois e ficou os observando, continuando a dançar com o Renato.

Antônio percebeu a indiferença da irmã e a questionou:

— Você deve estar se perguntando o porquê de eu estar aqui. Não é?

— É. Eu não esperava vê-lo por aqui.

— Fiquei sabendo que iria abrir essa boate e resolvi vir. Você sabe que eu não perco nenhuma festa. — piscou o olho para ela.

— Ok. Agora se me der licença... — disse ela, saindo de perto, mas ele a pegou pelo braço.

— Nós precisamos conversar, né?

Ariel pensou em ir lá, mas Renato o interrompeu:

— Ariel, vamos deixá-los conversar. Se ele tentar algo, faremos alguma coisa.

Ashley voltou a se sentar no banquinho.

— O que você quer comigo? — perguntou ela, encarando-o. — Lembra o que rolou da última vez? Eu não quero mais nada contigo.

— Eu lembro. Mas prefiro esquecer. — disse ele, acendendo um cigarro. — Eu sei que naquele dia todos nós estávamos nervosos. Podemos recomeçar, não é?

— Recomeçar? — ela riu só para curtir com a cara dele — Já que está aqui... Quero te perguntar uma coisa: Por que foi até a casa da Mya?

— Mya? Quem é Mya?

— Não se faça de bobo! Ela te reconheceu por meio de uma foto.

— Ok... Não vou esconder mais nada... Eu fiquei sabendo que você estava saindo com essa garota... E resolvi checar.

— Quem te contou?

— A finada bruxa Samantha!

— O quê? Você matou a Samantha? Por quê? — perguntou Ashley, surpresa.

— E por que mais seria? Ela te lançou o feitiço, então resolvi apagá-la...

— Eu não acredito nisso. Penso até que você sempre esteve por trás desse feitiço.

— Ashley, eu sei que você me acha um irmão postiço muito sem amor e tal, mas eu matei a bruxa por sua causa. Eu achei que assim você poderia sair do feitiço, já que não queria voltar para mim.

— Não está por trás do feitiço? Então porque ela disse que a minha cura era te procurar ou procurar alguém que me amasse de verdade?

— É tão obvio, Ashley! Porque ela sabia que eu te amava de verdade. As bruxas sabem de tudo!

— Não posso acreditar...

— Olha... Eu quero te livrar disso, mas você precisa confiar em mim e voltar para a nossa casa.

— Eu não posso, Antônio. Eu não te amo como você me ama.

— Ashley, é a sua chance! Não me importa que não me ame. O meu amor vale por nós dois.

— Será? Você só quer sexo! Não acredito no seu amor e não acredito que ele possa me salvar dessa maldição!

— Ashley, me dê uma chance! Só uma! Se você vier comigo, eu te tirarei dessa maldição. E até aceitarei você ficar com outras mulheres.

— O que deu em você, hein? Nunca me aceitou a ser lésbica.

— Eu só te quero de volta. Não aguento mais sentir a tua falta. Por isso, faço o que quiser para que isso aconteça.

Ashley ficou pensativa. De repente, Mya apareceu na pista de mãos dadas com o rapaz. As duas ficaram se olhando, e Antônio percebeu.

— Pelo jeito, a Mya arrumou um homem para ela, né?

— É... Mas isso não me importa mais. Eu aceito a sua proposta. Arrumarei as minhas malas e irei para sua casa amanhã cedo.

— Sério? — ele pegou nas mãos dela — Eu estou muito feliz por isso! Não vai se arrepender.

— Eu espero que não.

— Vamos sair um pouquinho para fora? Eu estou louco para te beijar de novo.

— Claro.

Os dois saíram de mãos dadas da boate. Ariel ficou de boca aberta com a situação.

— Não acredito que ela fez isso.

— Calma, meu amor. A Ashley deve ter alguma explicação. — declarou Renato.

— Pois, eu espero que ela tenha mesmo, Renato.

Mya ficou decepcionada com o que viu e disse ao ficante:

— Me dê um minuto!

— Claro, minha gostosa!

Mya saiu e viu a Ashley beijando Antônio atrás da boate. A garota loira estava em pedaços com aquela cena. Queria ir lá e xingá-la o máximo que podia, mas resolveu ir embora do lugar e ir para casa, deixando o ficante sem saber o que tinha acontecido.

Minutos depois, Ariel se despediu de Renato para ir embora. E encontrou a amiga com uma cara pensativa dentro da camionete.

— O que foi aquilo? Diz para mim que não é verdade, Ashley!

— Amanhã mesmo, vou fazer as minhas malas e ir para a casa dele.

— Você não pode fazer isso! O Antônio não é para você, amiga!

— Pode não ser. Mas é o único que pode me livrar do feitiço!

— Ashley, você estragou tudo...

— Fui eu que estraguei tudo? Você vivia falando que a Mya poderia me tirar da maldição, mas você viu o que ela estava fazendo na boate hoje? Ela pegou um cara na minha frente e nem se sentiu desconfortável.

— Eu sei o que ela fez, mas ela agiu assim por causa das amigas. E também porque tem uma mãe muito preconceituosa.

— Não interessa! Nós duas podíamos ter passado por isso juntas, mas ela não quis. Ela preferiu me machucar ainda mais.

— E você também... Ninguém sabe se o Antônio pode realmente te tirar dessa maldição.

— Vamos tentar. O que eu não posso é depender de uma menina sem-vergonha como a Mya.

Ashley saiu com a camionete. Renato ligou para a irmã, mas ela não atendeu. Até as amigas dela não sabiam de nada. Ele ficou muito preocupado. Porém, resolveu ir para casa. Quando chegou, Mya estava chorando no chão do quarto, com a maquiagem toda borrada em seu rosto.

— O que houve, Mya?

— Me abraça. Só me abraça.

Ele a abraçou fortemente.

— Ei, vai ficar tudo bem. — disse ele, tentando confortá-la.

A garota mascarada (Romance lésbico)Onde as histórias ganham vida. Descobre agora