Capítulo Dezenove

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– Tenho um desafio pra te fazer - Eu disse pra Mônica.

– Qual? – Perguntou ela. Fazia um bom tempo que não nos falávamos por ligação, sempre nos víamos.

– Passar o dia todo amanhã comigo sem pensar na sua cirurgia – A cirurgia dela tava marcada para o dia após o seguinte. Queria tirar aquilo da cabeça dela, não queria que ela se preocupasse com nada.

– Topo – Disse ela sem titubear – Facinho!

– Fechado!

– Mas o que faremos? – Perguntou ela curiosa.

– É surpresa. Não direi nada.

– Seu chato. – Disse ela antes de nos despedirmos.

Era quase noite, eu tinha acabado de voltar do trabalho. O dia tinha sido fraco de notícias, então sai mais cedo. Tinha que arrumar a casa para a parte final do dia que eu passaria com a Mônica. Seria nos mesmos moldes do que eu já havia tido com ela. Seriam vinte e quatro horas sem tocar e nem pensar em um determinado assunto, no meu caso o trabalho, no caso dela a cirurgia.

Eu não sabia o quão preocupada a Mônica estava, não tinha visto muito ela desde a ida ao médico, muito por causa do esforço que ela evitava fazer. Parece que ela estava perdendo o ar com facilidade, além da tosse que era constante. Pensando nisso planejei um dia com pouco esforço pra ela.

De manhã a levaria pra comer panquecas com mel em uma lanchonete com molde americano que eu havia visto perto da casa dela. Achei que ela já havia ido lá, afinal de contas é perto de onde ela mora, mas não. De tarde a levaria pra comprar uma camisa do Juventus da Mooca, reparei que ela era apaixonada, mas não tinha ainda uma camisa, eu aproveitaria e

compraria a minha também, de noite, que seria quando ela faria um pouco de esforço, levaria ela até a ponte para ver as estrelas e por fim a noite terminaria em casa assistindo um filme com muita pipoca amanteigada.

A casa estava bagunçada demais quando eu comecei a arrumá-la. Primeiro joguei as caixas de pizzas, que já estavam acumuladas, fora. Arrumei todos os sapatos. E separei as roupas sujas das limpas que estavam em cima do sofá e isso significava ter que colocar todas as roupas para lavar, fazia um bom tempo que não levava roupa para a lavanderia, teria que ser aquele dia. Varri a casa e uma nuvem de poeira se levantou, não dava pra ver a um palmo de distância, fazia tempo que eu não dava uma varrida bem dada dentro de casa. Não tinha motivos pra isso, até aquele momento ou pelo menos era isso que eu achava. Os azulejos da cozinha estavam negros de tanta gordura mais a poeira. Limpei até que cada um estivesse refletindo minha imagem. Aquela época eu não tinha muita louça, mas o pouco que tinha estava em cima de uma pia completamente suja. Lavei a pia e a louça até brilharem de tão limpos.

A noite já tinha caído faz tempo quando fiz tudo isso. Tive que parar para levar a roupa na lavanderia antes que fechasse. Coloquei todas as roupas dentro de uma sacola e saí para a noite.

Tinham poucas estrelas no céu, mas as que tinham brilhavam bastante. A lavanderia ficava na rua de trás da minha casa. Não demorava muito até chegar lá.

– Boa noite – Eu disse quando entrei.

– Boa noite. – Respondeu a moça do balcão com um sorriso bonito no rosto. Era a primeira vez que ela sorria pra mim. Essa foi a prova pra mim mesmo que minha fisionomia tinha mudado para melhor.

Deixei a sacola enorme em cima do balcão e voltei pra casa. Ainda tinha que limpar o banheiro e os quartos. Estava cansado, mas não podia parar até terminar.

Uma mensagem chegou no meu celular nesse momento, era de Mônica:

Ansiosa por amanhã ;D - Dizia a mensagem.

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