Capítulo 12

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-Sarah que bom ver-te.- Levantou-se e cumprimentou-me com um abraço como sempre. -A que me devo esta segunda visita da querida filha do diabo em pessoa num mês?

-Uma boa noite num dos melhores bares da cidade é claro.

-Escolhes-te o melhor bar para o fazer. -Encheu 2 copos de whisky com gelo e deu-me um enquanto caminhávamos até à grande janela e observávamos o movimento das pessoas a poucos metros abaixo de nós.

-É uma vista familiar.

-Como assim?

-É como o Inferno. O poder no topo a observar o resto por baixo de si. -Falou calmamente. - O castelo do teu pai esta lá mesmo no topo de Lyria, uma cidade que até já é no topo de uma montanha. A vista daqui de cima não é assim tão diferente. -Ficamos ambos calados a observar as pessoas a dançar ao som da musica que já tinha começado. -Isto é o meu pequeno reino e eu sou o seu rei. -Não sabia o que responder por isso ignorei até ele falar novamente. -Mas em que te posso ajudar? Conhecendo-te como conheço não vieste aqui apenas pela diversão. 

-Tens razão. Queria saber se me podes ajudar. Tu como tens muitos conhecimentos no submundo e neste tipo de negócio será que já ouviste falar do "8Flame"?

-Ah 8Flame... -Reconheceu o nome enquanto se tentava relembrar de mais. -Um bar em Londres não é? Mas como é que ouviste falar dele? Já fechou há muitos anos.

-Apenas curiosidade. Sabes quem era o dono? Era um de nós?

-Eu não sei o que queres dizer com "um de nós" mas se te referes a um ser sobrenatural não, não era. Pouco ouvi dizer a esse respeito mas acho que era um humano normal. Mas acho que morreu e o irmão dele não quis ficar com o negocio. Nada de importante, apenas assuntos humanos. -Encolheu os ombros para demonstrar a pouca importância que tinha. Então era isso que "problemas de gestão" se referia?

-Tens razão, não tem importância. -Bebi num só gole o resto da bebida gelada.

-É uma pena que o álcool não faça efeito em nós não é?- bebeu mais um pouco da sua bebida.

-Nem por isso. Já viste o desastre que seria ter demónios bêbado por ai como alguns dos teus clientes? -Apontei para a multidão do bar em geral.

-Seria uma visão engraçada.

-Acho que é melhor dar inicio à minha noite. -Coloquei o copo em cima da sua secretaria.

-Já sabes, fica à vontade. O meu pequeno reino é o teu pequeno reino.

-Assim o farei. -Assim que estava prestes a pisar o primeiro degrau ele ainda falou.

-Dá cumprimentos meus ao teu pai. -Ouvi mas continuei a descer até pisar novamente o chão do bar. Uma das razões porque Oliver não podia ir comigo falar com Max era porque iria logo descobrir que eu era a filha do diabo e isso teria consequências com as que eu não tenho tempo para lidar neste momento. Passei por entre as pessoas e consegui encontrar o balcão do bar. Pedi uma bebida e rapidamente o bartender me deu um copo cheio para a mão.

-Serventia da casa. -Disse piscando o olho, ação que eu ignorei pegando no copo e indo em direção à parte principal da pista de dança. Mesmo que eu não o queira dava jeito ficar pelo menos uma hora a dançar pois sei que provavelmente Max esta a observar tudo através do seu escritório.

   Várias musicas depois ouvi alguma confusão vinda da zona do bar e como sou curiosa segui as pessoas que também sentiram a mesma curiosidade. Tive que empurrar algumas pessoas para passar por elas e ter uma visão clara do que se estava a passar. Havia dois rapazes bêbados à luta, típico. Estava quase a virar as costas e voltar para trás quando consegui ver melhor a cara de um deles. Era Oliver. Eu não posso tirar o moço de casa, só arranja sarilhos. Deixei-os continuar o seu festival de dança. Oliver sabia-se defender mas alcoolizado perdia 50% das suas capacidades de luta. Mas por momentos até acreditei que Oliver mesmo assim poderia sair vencedor. Mas rapidamente perdi essa esperança quando o outro rapaz agarrou e partiu uma garrafa de vidro apontando o seu vidro a Oliver. A hora de recreio para mim acabou quando tive que me chegar mais à frente e dar um soco no rapaz que nem me viu a aproximar. Ele tentou rapidamente me atingir com a garrafa mas eu agarrei-a e atirei-a para o outro lado do balcão dando-lhe de seguida mais uns quantos socos. Ele nem teve tempo de cair ao chão antes que o caos total se instalasse na discoteca. Começaram todos a bater uns nos outros como se estivessem num filme de guerra. Pessoas que antes dançavam juntas agora batiam uns nos outros. Eram gritos e objetos a voar por todo o lado.

-Não sou eu!-Gritei por cima do barulho e da musica que ainda tocava.

-Eu sei. - Oliver agarrou-me pela mão e começou a puxar-me por entre a multidão enquanto nos tentávamos desfiar de todos os golpes. Alguém caiu sobre mim e a minha mão desprendeu-se da de Oliver. Enquanto eu levava socos e me tentava defender Oliver fazia o mesmo com quem o atacava. Dei um pontapé na rapariga e assim que ela saiu de cima de mim levantei-me e ajudei Oliver a bater nos dois rapazes que o atacavam ficando cada um com o seu. Assim que Oliver teve oportunidade agarrou-me novamente na mão e levou-me o mais rápido que conseguiu para a saída de emergência. Assim que saímos do bar continuamos a correr mais uns metros até deixarmos de ouvir a confusão. Estávamos ambos a tentar recuperar o fôlego.

-Quanto é que tu bebeste?-Perguntei assim que começamos a andar novamente. Ele tinha um pequeno corte por cima da sobrancelha que fazia com que um pequeno fio de sangue lhe descesse pela cara. O pior eram os seus punhos, esses sim estavam cheios de sangue agora se é dele ou não é que já não sei. 

-Pouco. - Algo me diz que isso não era verdade. -Como é que correu a conversa?

-Estranhamente estranha.

-Estranha de mais para uma conversa normal entre demónios? -Ele queria se rir mas acabou por vomitar enquanto se agarrava a uma parede para não cair.

-Humanos... -Rolei os olhos enquanto agarrei em Oliver e ajudei-o a caminhar o resto do caminho. Se ele me vomitar em cima juro que será um humano morto.

A filha do Diabo. ✔Onde histórias criam vida. Descubra agora