Capítulo 14

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   O próximo voo para Nova Iorque foi na manhã do dia seguinte e quando cheguei ao meu apartamento ainda estava a tentar perceber o porquê de Max me ter mentido. Não fazia sentido. Ele certamente sabia da verdade, mas preferiu mentir. O que é que ganha como isso? Ele quer o mesmo que eu. Ou pelo menos deveria querer. Ainda estava a tirar a roupa que levei para Londres de dentro da mochila quando bateram à porta. Quando a abri imediatamente fui abraçada por Oliver o que me deixou surpreendida. Humanos e os seus sentimentos. 

-O que se passa?-Perguntei

-"O que se passa?"?! A sério?!-Largou-me e começou a gritar comigo. Tal como eu disse, humanos e os seus sentimentos...-Onde estiveste? Pensei que -Parou um segundo- Pensei que te tinha acontecido alguma coisa! 

-Tive que ir à Londres. Precisava de respostas. -Respondi ao entrar mais para dentro do apartamento deixando-o à entrada. 

-Foste a Londres?! -Seguiu os meus passos. 

-Sim, não acreditei no que Max me disse. -Virei-me para encarar o rapaz confuso e irritado atrás de mim.  

-Podias ter me contado! Eu podia ter ido contigo! -Gritou novamente.

-Não percebo o porquê de estares tão chateado. Foram só 2 dias. 

-Exato, tu não percebes! Estamos os dois nisto juntos e tu não me contas nada. É como se tivesses medo que eu descubra algo! 

-Eu não tenho medo que tu descubras nada! 

-Tens sim! E eu não percebo porquê! Não és a única, existem imensos demónios e no entanto tu é que estas a tentar descobrir e parar a Ordem do Fogo. Porquê tu?-Parou para acalmar a sua respiração.- O que tens de especial? 

-Sou a única com coragem de enfrentar as consequências! Estou em desvantagem desde o início, sozinha num reino que não é o meu. O que impede a Ordem do Fogo de me matar a qualquer segundo?! 

-Por isso mesmo! Com o poder que a Ordem do Fogo tem agora, o que os impede de te matarem? Porque é que ainda estás viva?! 

-Secalhar precisam de mim! 

-Para quê?! Se és apenas uma demónio normal porque razão iriam eles precisar de ti?! 

-Não sei! -Não sabia o que queriam de mim mesmo não sendo uma simples demónio. Ficamos ambos calados durante um tempo.

-Simplesmente não me assustes assim mais vez nenhuma. Alguns de nós têm sentimentos. 

-Desculpa. -Pareceu-me a resposta mais humana e acertada para usar no momento. Ele pareceu surpreendido por me ouvir dizer tal coisa. Eu também...

-Então queres me contar o que descobriste em Londres ou tenho que ir lá para descobrir? -Perguntou alguns segundos depois com o seu tom de humor habitual.

...

-O teu amigo demónio mentiu-te? Porque é que ele iria fazer isso? Para alem de ser um demónio e obviamente não ter nenhum problema em o fazer.- Comentou ao tirar uma fatia de pizza da caixa em cima da mesa à frente do sofá onde estávamos sentados. 

-Não sei. Ele podia não saber a verdade também. 

-Mas tu não acreditas nisso pois não? -Olhou para mim com aqueles olhos que já sabem a resposta. 

-Não. -Disse voltando a enterrar-me nos meus sentimentos.

-E qual é o plano? 

-Não tenho plano. 

-Não temos plano. Plural. -Acentuou o "temos". -Então temos que fazer um. 

-Um plano para quê?

-Para descobrir a verdade é claro. 

-Não é preciso um plano. -Olhou para mim curioso. -Basta perguntar. 

-Tu queres ir perguntar a um demónio poderoso que te mentiu o porquê de te ter mentido? 

-Sim. 

-Posso saber o que se passa com esse teu raciocínio hoje? Isso não faz sentido! 

-Eu conheço-o desde que nasci, ele é um bom amigo do meu pai. Só quero saber porque mentiu. Secalhar obrigaram-no. 

-O teu pai, um demónio, tem um grande amigo, outro demónio, que te mentiu para proteger a Ordem do Fogo? -Acenei positivamente. -Então como sabes que o teu pai também não está no lado da Ordem do Fogo? Nesta altura não podes confiar em ninguém.

-O meu pai não está do lado da Ordem do Fogo, isso te garanto. Se o Max está de alguma forma a proteger a Ordem do Fogo o meu pai não sabe disso. Se soubesse o Max já não estaria vivo. 

.....

-Não podíamos vir amanhã de manhã? -Perguntou Oliver enquanto eu estacionava o carro perto da discoteca do Max. 

-Amanhã pode ser tarde de mais. -Saímos ambos do carro.- Não devias de ter vindo. 

-Vim para ter a certeza que não te acontece nada de mal. 

-Obrigada, já me sinto mais segura. -Ironizei. Entrámos dentro da discoteca, cheia como o habitual. Fizemos o nosso percurso entre os diversos corpos até chegarmos a um canto mais escuro e escondido mas perto das escadas para o gabinete de  Max.  -Vou falar com ele e tu ficas por aqui. 

-Se tivesses um telemóvel era mais fácil comunicarmos neste tipo de situação. 

-Por acaso até comprei um em Londres mas não gostei e joguei-o fora. 

-Tu és qualquer coisa, sem dúvida. -Riu-se. 

-Se eu não voltar em 10 minutos tu vais te embora. 

-E depois? 

-E depois esqueces está confusão toda e contínuas a viver a tua vida normal. -Olhou para mim sem uma única pinga de felicidade no rosto. 

-Espera, estás a dizer que caso não desças aquelas escadas em 10 minutos eu devo simplesmente esquecer tudo o que descobrimos nas ultimas semanas? Incluindo, tu? -A calma começa a desaparecer em si à medida que repara no que lhe estou a pedir.  

-Sim. -Respondi calmamente. 

-Porquê é que só me estás a contar isto agora?! 

-Porque se soubesses irias me ter impedido de vir. Oliver só há 2 opções neste momento: Ou eu volto a descer aquelas escadas e teremos mais informações ou eu não volto a descer e isso já responde à única pergunta que tenho neste momento. 

-E se não desceres? Sarah, que é que te acontece a seguir? -Ele quer respostas, dá para ver na cara dele. Infelizmente não posso responder a todas. 

-Não sei. -Respondi sinceramente. Ficamos uns segundos a olhar um para o outro à espera que algum falasse. Mas nenhum falou. E mesmo antes que eu o pudesse fazer fui impedida. Oliver beijou-me. Não sei porquê mas não o empurrei. Já estive com muitos rapazes e até algumas raparigas nestes últimos 2 anos mas foram todos apenas casos de uma noite. Por isso mesmo é que não percebo a intenção de Oliver. -Porquê? -Perguntei mal consegui. 

-Tinha que o fazer. -Sorriu para mim e eu soube que era hora de subir as escadas. Comecei a afastar-me e a caminhar em direção a elas. - Vejo-te daqui a 10 minutos? -Perguntou fazendo-me olhar para trás e sorrir. Não lhe respondi. Pisei o primeiro degrau. Eu não sabia a resposta. 















































































A filha do Diabo. ✔Onde histórias criam vida. Descubra agora