Respire fundo

110 13 0
                                    

Há dias que me sinto afundar. As bolhas que vão em direção à superfície levam o meu pedido de socorro e meu último ar, mas nada melhora, nem um pouco. Nesses dias eu costumo me isolar, tentar ao máximo não chamar atenção, mas ao mesmo tempo querer ser ajudado. Às vezes desabafo até com quem não tenho confiança, isso me liberta e me maltrata, pois isso pode me ameaçar futuramente.
É normal você se preucupar com o que ainda vai acontecer ou com o que já aconteceu, se questionar e se autoavaliar é necessário, mas em excesso isso se torna uma doença. Doença na qual te tira o controle do seus pensamentos, você só sabe julgar e julgar, e sempre você mesmo.
"Nunca serei livre".
Disse ele que pouco a pouco se matava com um cigarro na boca. A boca na qual já havia provado o doce leite materno de sua mãe;
provado o sabor de outros lábios;
De sua amada, talvez.
O que poderia fazer em milhares de linhas, era julgar.
Julga-lo pelo seu suicidio
Ou culpa-lo por tal desgraça futura. Ou poderia procurar ajuda-lo, e explica-lhe que a liberdade só será possível
se não houver mais o vício.
Que o sabor agora presente em sua boca, é quem lhe mata e lhe tira a liberdade.
O que leva uma pessoa a isso?
Fazer algo sabendo que não lhe faz bem e ainda lhe trazendo ao vício. Acho que não será necessário você tomar uma garrafa de tequila e fumar um cigarro para saber o que se passa pela cabeça daquele homem, a verdade é que nunca você vai saber.

AborrescênciaWhere stories live. Discover now