Morta para mim

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"Eu preciso te matar.Essa é a única maneira de te tirar da minha cabeça.Eu preciso te matar para silenciar todas as coisas doces que você disse.Eu realmente quero te matar, limpar você da face da minha Terra... "

Dead to me - Melanie Martinez

Pov's Carl

- Droga. Droga. Droga. - meu pai repetia diversas vezes.

- vamos nos acalmar, okay? - Michonne diz, enquanto limpa meus ferimentos, causados por Ally.

- não devíamos ter confiado nela, e agora ela nos traiu. - meu pai declara.

- o que? Claro que não fizemos o certo, e ela não traiu a gente. - Tara a defende, nos deixando indignados.

- você viu o que ela fez? Ela quase matou meu filho, Tara. - meu pai continua, com um tom de raiva na voz.

- mas não matou. Qual é? Nós vimos o que ela faz quando está com raiva, ela matou o próprio povo para proteger o Carl. Porque ela machucaria ele agora? Pensem um pouco. - Tara defende sua ideia, mas para mim tudo já está definido.

- não importa. - todos olham para mim, enquanto tento, com toda a dificuldade, levantar do sofá. - Todos estavam certos sobre ela, isso tudo acabou. Eu estava cego, mas não mais. Para mim ela morreu.

- não fala assim, Carl. Pode se arrepender. - agora é a vez de Michonne argumentar.

- vai defender ela agora? - pergunto.

- não. Só estou tentando​ te alertar de que não é tão fácil assim tirar alguém do nosso coração, ainda mais quando estamos amando. - ela continua, olhando para o meu pai.

- ela não teve piedade. Me socou e quase enfiou uma adaga na minha cabeça, Michonne. E quando eu disse que a amava, ela fez questão de jogar na minha cara que me usou, ela basicamente cuspiu essas palavras em mim. No final de tudo o amor não dura, e no meu caso, não é recíproco. - me exalto, porém, em momento algum deixo uma lágrima sequer cair.

- vamos para a oceanside. Você fica aqui para se recuperar, Carl. - meu pai diz, e eu o encaro incrédulo.

- de jeito nenhum. Eu vou e pronto, não vou ficar aqui sem fazer nada. - levanto do sofá, ignorando a dor, que a essa altura do campeonato estava insuportável.

- não acha melhor... - Michonne começa, mas a interrompo.

- não. Ficar aqui não vai ajudar em absolutamente nada, além de me fazer lembrar dela. - afirmo.

- tudo bem, vamos todos. - meu pai, finalmente, diz.

Eu não menti em momento algum. Ficar nessa casa só me traria lembranças​, coisa que quero esquecer a todo custo. Minha primeira vez. Meu primeiro beijo. Meu primeiro amor e minha primeira desilusão. O amor dói. Muito para ser sincero.

Não. Eu não quero me lembrar do rosto dela, do gosto de seus lábios ou do cheiro que me deixava entorpecido. Porque isso não importa mais. Ela partiu meu coração e está doendo, pra valer. Eu não a odeio. Não conseguiria sentir ódio por alguém que jurei amor eterno. Mas para mim acabou. Ela está morta para mim.

********

Pov's Ally

Estou a mais de meia hora debaixo do chuveiro, na tentativa falha, de limpar toda a impureza do meu corpo. Mas a quem eu estou querendo esganar? Minha alma já apodreceu a muito tempo.

Minhas lágrimas se misturam com a água que escorre, da ducha, feita por um dos Salvadores encarregados pela engenharia. Meus olhos ficam fixos nos azulejos a minha frente, porém, meus pensamentos pertencem ao Carl. Assim como o meu coração.

Ele me odeia.

Esse é meu único pensamento. E é, de longe, o mais sincero que já tive. Minha mãe costumava me dizer que quando amamos alguém, as vezes, temos que sacrificar nossa felicidade para manter essa pessoa bem. E eu sacrifiquei. Não apenas minha felicidade, mas algo além disso. Minha humanidade.

Quando eu tinha apenas doze anos, costumava treinar com Arat todas as tardes, eram golpes atrás de golpes, para eu chegar na perfeição. Meu pai queria que eu me tornasse letal, uma arma... e eu me tornei. Por ele.

Aos treze, eu matei pela primeira vez. Não foi um errante, não. Na verdade o meu saco de ossos era bem vivo, um salvador renegado. Ele nos traiu e eu o parti ao meio. Justo. Para o meu pai isso era só justiça. Mas justiça não importava para mim, tudo o que eu gostava era dos gritos.

Depois da primeira vez, fica difícil parar. Eu matava por diversão, como meu pai, e como ele eu ria da situação. Com minha alma completamente corrompida e suja. Enquanto minhas mãos estavam encharcadas de sangue, mas não o meu, eu seguia. Os Salvadores tem medo de mim, a maioria me considerava sádica. E eu era até Dwight me resgatar do fundo do poço, ele me tirou dá chacina e me mostrou algo além. Eu não presto. Nunca, realmente, prestei. Sou uma vadia louca e desequilibrada, filha de um maluco, que trata um taco de beisebol enfarpado, como uma mulher. Nada muito normal, não é?

- já está aí a algum tempo. - Dwight me tira de meus pensamentos.

- não quero sair, aqui é bem melhor. - digo.

- só vim avisar que vou dar uma saída. - ele diz. No mesmo instante me enrolo em uma toalha e saio do banheiro, me deparando com Dwight , com seu cigarro em mãos e a besta do Daryl nas costas.

- aonde você vai? - pergunto, pegando o cigarro para dar um trago.

- dar uma respirada de ar puro.

- não me venha com essa merda, não me trate como se eu fosse tola. - digo em um riso anasalado.

- soube o que teve que fazer com o garoto. - ele muda de assunto. - ele deve estar te odiando.

- mas está vivo. - digo me virando para ele. - você fez o mesmo pela Sharry, ela pode odiar o que você teve que se tornar, mas permanece viva. No fundo é isso que importa. - termino soltando a fumaça negra do cigarro.

**********

- você deve estar brincando comigo né? - digo olhando brava para meu pai, enquanto a sonsa da Rosie sorria.

- ahh meu docinho, seja mais educada, até parece que eu não te ensinei bons modos. - ele diz com um sorriso largo no rosto.

- não reajo muito bem a piadas. - digo

- qual piada? - ele pergunta.

- a que você colocou a Rosie no meu lugar, nas colheitas​ em Alexandria. - respondo sarcástica.

- não foi uma piada ursinha. Rosie vai agora no seu lugar, para Alexandria. E não se fala mais nisso. - ele diz saindo.

- isso tudo é insegurança? - Rosie pergunta na maior cara de pau.

- insegurança?

- sobre o cowboy. Quer dizer, agora quem vai se divertir com ele sou eu né? - a vadia zomba.

- não se anima não e toma cuidado, eu não me importaria de te esquartejar e dar seus restos para nossos errantes comer. Fica a dica. - digo assustadoramente, e vejo o medo invadir seus olhos.

Estou prestes a apavorar ainda mais a vadia, quando um salvador chega gritando:

- INVASÃO... INVASÃO...NAS CERCAS... INVASÃO...NAS CERCAS.....

-Rick... - digo num sussurro

The Daughter of The Enemy Onde histórias criam vida. Descubra agora