Capítulo 2: Mirian

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CAÇADORAS DE INOCENTES


Eu não poderia estar mais feliz! São 06h43 da manhã e estou fedendo a cecê, suja, com fome, com sono, com frio e andando no meio da Floresta Amazônica.

— A gente vai demorar muito pra chegar? — questiono, cansada.

— Segundo isso aqui — Lya ergue o pulso esquerdo, mostrando o relógio high tech —, falta cerca de um quilômetro para alcançarmos a base.

Reviro os olhos, pegando um cantil de água preso a uma cinta, que cruza meu peito.

— Por que os meninos têm que ficar com o mais fácil? Queria eu estar com as penas pro ar na minha cama.

A ruiva solta um risinho frouxo.

— Ué, Mirian Velásquez reclamando da vida? Essa é nova!

Faço uma careta que ela não vê, ainda bem.

— Eu só estou cansada, sabe? Eu poderia estar no meu laboratório, bem tranquila, analisando nosso DNA, mas nãããão — rio. — Se bem que é sempre bom uma aventura pela mata fechada. Nada melhor que a natureza selvagem pra dar um up!

— É essa Mirian aí que espero ver pelo resto da caminhada — replica Lya.

Dou um sorrisinho de canto, balançando a cabeça. Fecho o cantil e o solto, sentindo-o se mover contra meu corpo a cada passada.

À frente, a ex-líder dos revolucionários abre caminho com as mãos nuas, apenas usando seu poder. Segundo minhas análises com Henrique Masters, Lya tem a capacidade de manipular a energia telúrica, uma fonte inesgotável de energia elétrica que corre por debaixo da terra, como o sangue corre em nossas veias. Ela consegue acessar diferentes frequências, podendo manipulá-las de diferentes formas, por exemplo, criando ondas de impacto, levitando objetos, gerando campos de força e o que mais vir à mente.

Com toda a certeza, não dá para brincar com a ruiva em serviço, senão "adicione aqui o movimento do dedo indicador passando sobre a garganta".

Bem, claramente você deve estar se perguntando o que, raios, estamos fazendo no meio da Floresta Amazônica, não? É simples: Sandra, que agora é Chefe de Operações da Ilha do Arco-íris, recebeu um sinal de uma das Bases da Sociedade de Estudos In-Humanos, vindo diretamente do meio do mato. Segundo ela, isso não deveria acontecer, já que, com o comando d'Os Treze se estabelecendo no Brasil, quase todas as bases foram desativadas, inclusive a do Norte.

Aparentemente, ela voltou a funcionar. E é por isso que estamos aqui.

— Eu ainda me pergunto — falo, de súbito —, por que ainda não destruíram todas as Bases de uma vez?

Lya dá de ombros, arrastando um tronco de árvore do caminho.

— Eu também não entendo muito bem o motivo, mas, segundo meu p... — ela pigarreia — digo, o sr. Morris, as Bases ainda fornecem milhões de dados importantes para entendermos como nossa mutação funciona e como revertê-la. Além de muitas terem importantes dados a respeito da Terceira Guerra Mundial que, apesar de tudo, ainda pode estourar.

Franzo o cenho.

— Mas eu achei que Os Treze fossem, tipo, os donos do planeta e que controlavam tudo.

— Eu também achava a mesma coisa, mas não é bem assim... — suspira, afastando vários galhos de árvore. — Pelo que entendi, Os Treze são, sim, os mais poderosos do mundo e coisa e tal, e possuem influência em tudo que é canto, porém, países mais conservadores comumente tendem a resistir com mais afinco.

Futuro Conquistado #2 (Ficção LGBT)Onde histórias criam vida. Descubra agora