Let me sink number three

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- Dormir aqui? - interpelei. - Não! Eu nem ao menos sei porque voltei!

Ele riu alto.

- Você não precisa ficar se fazendo de excluída e anti-social comigo, Charlotte. - ele abriu um sorriso amigável. - Eu não vou fazer nada com você, mas você não pode ficar na rua.

- Eu não me faço! - vociferei. - E eu sei que você não vai fazer nada comigo, Benedict. Pode ligar pra Julie, por favor? Não consigo achar o número dela. 

Ele arqueou as sobrancelhas e fez menção para que eu entrasse em sua casa, o que eu fiz - estava muito frio, aliás. Me sentei em seu sofá e o observei perambulando enquanto segurava o telefone contra a orelha lutando com a embriaguez de Julie. Depois de algum tempo, eu parei de observá-lo e passei a prestar atenção em detalhes da casa como a cor do encardido que ficava no teto, até que ele se jogou do meu lado no sofá e bufou.

- Não vou conseguir te levar pra casa, Charlie, sinto muito. - proferiu ele, de olhos fechados.

- Por que não? - indaguei.

- Porque Julie está mais do que embriagada! Ela não consegue pensar. 

- Ah, tudo bem... - repliquei rapidamente. - Eu acho que consigo achar o caminho de volta.

Quando terminei de falar, me levantei do sofá e estava pronta para caminhar em direção á porta quando ele segurou minha mão e se posicionou de fronte para mim.

- Não posso permitir que você saia por aí as 04:00 da manhã sem nem saber para onde está indo. 

Ele tirou minha bolsa do meu ombro e a colocou gentilmente sobre a mesa.

- Eu insisto para que tome um banho e eu vou te fazer um café, e se você realmente se sentir normal eu deixo você ir.

Ele sorriu abertamente para mim e só naquele momento eu pude perceber que ele possuía um tipo de beleza que eu desprezava mortalmente, mas que lhe caia muito bem. Seus olhos eram de uma cor indefinida, uma mistura que resultava em uma cor parecida com a cor dos mares do Caribe, seus cabelos eram negros e enroladinhos, mas estavam penteados para trás, seu rosto era longo e seus ossos das bochechas bem marcados, o que dava á ele um ar engraçado e ao mesmo tempo sexy. Ou ao menos foi o que conclui, pois eu nunca havia olhado tanto para alguém á ponto de acha-lo sexy. 

Acho que ele percebeu que eu o observei por tempo de mais, porque quando me dei por mim ele estava me olhando suspeitosamente. Apenas consenti balançando a cabeça e ele fez o mesmo, movendo seu queixo para o lugar onde eu deveria ir para chegar aí banheiro.

Eu tomei um banho rápido, vestindo uma camiseta e uma calça de moletom dele que o próprio me dera antes de entrar no banheiro, e do mesmo cômodo eu já podia sentir o cheiro nauseante de café que infestava a casa inteira. Eu havia decidido que passaria a noite ali, já que eu havia me lembrado onde minha cara era e Benedict estava muito cansado para me levar até lá. Eu e subconsciente havíamos entrado em um consenso de que eu não acharia um taxi naquela hora da noite, e eu não poderia ir andando já que eu morava muito longe.

- Hola, senhorita! - exclamou ele, segurando uma jarra de café e dois copos, me assustando logo quando eu abri a porta do banheiro. - Yo ha hecho un poquito de café!

- Por que você tá falando em espanhol? - perguntei entre risadas.

- Eu não sei. - respondeu ele. - Olha, eu arrumei a cama pra você e tudo que você precisar você vai encontrar no quarto de hóspedes.

Ele foi falando enquanto me direcionada para a sala.

- Mas bate antes porque eu não gosto que entrem de supetão quando estou dormindo.

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