Let me sink number sixteen

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POV por Charlotte Moore.

A vida era tão sem graça sem ele por perto.

Eu havia regredido tudo que havia evoluído enquanto namorávamos, desde que terminamos, eu não saia mais de casa e até doei Kansas para uma criança qualquer. Eu me sentia vazia, sozinha, ridícula e estúpida, mas não voltaria atrás da minha decisão.

Eu costumava tomar longas caminhadas noturnas pelas ruas mais desertas de Londres mesmo sabendo que haviam inúmeros perigos, eu simplesmente não ligava. Estava perambulando em uma de minhas atuais caminhadas, quando decidi observar o céu e percebi que em cima de um prédio velho estava sentado alguém com as pernas balançando em direção a rua. Continuei a observar a pessoa, que agora se pusera de pé a olhar pra baixo, na minha direção. Parecia conhecido e transtornado, tinha impulsos e corria em direção á borda do prédio, mas logo se afastava. Decidi interferir, eu nunca mais poderia dormir em paz se eu não impedisse aquela desgraça de acontecer, subi rapidamente as escadas internas do prédio em direção ao terraço, e de repente eu sentia um frio corroer minhas entranhas, eu havia começado a prezar por aquela vida que estava prestes a acabar bem ali na minha frente.

Atingi o terraço em minutos, estava ofegante e minha visão turva, ele ainda não havia feito nada, nem um movimento. Me aproximei de vagar, falando em voz baixa para que ele não se assustasse.

- Boa noite. - eu pronunciei sem jeito, parando de andar.

- O que você quer aqui? - disse o rapaz, me soando um pouco familiar.

- Quero um amigo, e você? - pronunciei, me aproximando relativamente bastante.

- Eu não... não sei o que eu quero.

- Bem, deixe-me te ajudar a descobrir. - andei mais alguns passos até segurar na mão do rapaz e o puxar para longe da borda do prédio. - Meu nome é Charlotte.

O rapaz parou estático quando ouviu meu nome, algo que não entendi muito bem, mas esperei até que ele se recuperasse e lentamente, virasse o rosto para mim.

- B-B-Ben? - perguntei, sentindo algo similar á um soco em meu estômago.

Ele não disse nada, soltou minha mão da dele e caminhou de volta até a borda do prédio, subindo na parte mais alta e virando o rosto para me olhar uma outra vez. Tive de me forçar a recuperação do choque rapidamente, corri até ele e segurei em sua mão novamente.

- O que você está fazendo, Benedict? - pronunciei, com a voz trêmula. - Se afasta daí, por favor.

- Vai embora, Charlotte. - ele disse, frio.

- Você não precisa fazer isso. - insisti.

- Você não entende.

Suspirei, engolindo as lágrimas que teimavam em escapar e subi na parte alta da beirada do prédio, segurando em seus ombros pra que ele se virasse para mim.

- Por que está fazendo isso? - sussurrei.

- Porque não posso ter você. - ele também sussurrou, deixando uma lágrima solitária cair de seus olhos.

- Eu não sou motivo suficiente pra se matar, seu idiota. - eu o olhei nos olhos que uma vez foram tão calmantes agora eram confusos e escuros.

- Você costumava a ser a luz da minha vida, agora eu nem a reconheço.

Um vento gélido e ríspido começará a soprar do sul, deixando tudo um pouco mais dramático. Passamos alguns minutos sem dizer nada, apenas olhando um nos olhos do outro, e ele definitivamente não era o mesmo, fedia a cigarros e bebida e estava tão frio, tão transtornado, desapontado. Toquei seu rosto e senti seus pelos se arrepiarem, ele focou seu olhar no meu e passou seus braços ao redor da minha cintura, me apertando contra ele e nós nos beijamos até que nossos lábios ficassem moles. Os lábios dele pareciam como na primeira vez que nos beijamos, bêbados de cansaço e whisky velho, poéticos e macios como os anos dourados do século 20. Parei o beijo com alguns selinhos, ele ainda causava o mesmo efeito em mim, e eu queria o arrastar pra fora daquele lugar e o guardar em meus braços pra sempre, mas ainda me sentia tão magoada com aquilo tudo... Ele largou minha cintura, desceu da parte mais alta da beirada e me ajudou a descer também, me conduziu até a escada que levava para fora do prédio e me instruiu a descer.

- Só vou juntar algumas coisas que deixei largado por aqui, estou bem atrás de você. - disse.

- Tem certeza, Ben? - perguntei.

- Tenho.

Fiz como ele pediu e me sentei em uma das cadeiras que ficavam no saguão do prédio, esperando por ele.

Eu seria completamente capaz de perdoa-lo, mas precisava de tempo pra esquecer aquilo tudo e aceita-lo de volta na minha vida, era tudo tão bonito com ele, tão harmônico e eu nunca entendi porque ele fez o que fez.

- Aí meu deus!

Ouvi um grito vindo da rua, um grito aterrorizado e resolvi investigar. Corri até a porta do prédio, a empurrando com dificuldade e saindo pra rua. Haviam cerca de cinco garotos e uma garota bloqueando minha visão, um deles abraçava a garota que não me parecia estranha que chorava descontrolada. Pedi passagem e me infiltrei no meio deles, observando o motivo do grito da garota. Senti meus joelhos falharem, minha cabeça girar e o ar fugir de meus pulmões. Senti o suco gástrico voltar para minha garganta e de volta para meu estômago, senti um golpe em minha costela e o ar era rarefeito, senti um mar de lágrimas invadindo meu corpo e eu não as impedi, parecia algo dos filmes depressivos que eu vivia assistindo, mas era a realidade, era o que eu teria que aturar daquele dia em diante.

Benedict Cumberbatch havia cometido suicídio.

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