Eu estava carregando Charlotte de volta para o hotel, totalmente revoltado, indignado, repugnado e abismado com o que ela havia feito. Há alguns dias, encaramos o fato de que ambos gostávamos razoavelmente muito de beber, e prometemos um para o outro de que o vício em sair da realidade não passaria das bebidas, e que em um futuro não muito distante ficaríamos completamente sóbrios. Mas naquela noite, Charlotte havia extrapolado, tinha completamente ignorado os limites e eu me senti traído.
Minha intenção aí fazê-la prometer isso nunca foi colocá-la em uma posição critica, mas eu sempre soube que ela piraria na primeira oportunidade, e assim que os dias jaziam mortos, ela ia se libertando da jaula que eu a coloquei.
Quando chegamos ao nosso quarto no hotel, eu a coloquei sobre a cama, tomando o cuidado de acobertar-la e trocar suas roupas sujas por pijamas limpos. Eu estava fodido de bravo com ela, mas mesmo assim, ela era minha princesa, tão minha quanto a luz da lua pertence ao sol.
Me deitei ao seu lado, observando seu lindo rosto que havia passado por algo tão sujo e impuro, como eu nunca havia imaginado, e a observei até que ela começara a se mexer delicadamente, estava acordando.
- Tudo bem se você me odiar. - ela sussurrou ainda de olhos fechados. - Eu entendo e posso ir embora agora.
- Não te odeio. - suspirei. - Só estou bravo.
Ela se ajeitou, finalmente abrindo os olhos e se apoiando nos cotovelos para me olhar de cima.
- Eu nunca mais vou beber, ou usar qualquer tipo de drogas. - ela prometeu, falando num tom de voz adorável.
- Isso não melhora as coisas, Charlotte, cocaína é terrível. - afirmei, colocando uma mexa de seus cabelos longos atrás da orelha. - Prometemos que não ultrapassaríamos os limites.
- Eu sei disso, Ben. - ela respirou fundo. - Eu não vou fazer de novo, eu não preciso disso, não preciso de álcool nem de drogas, só preciso de você.
- Isso parece uma das suas poesias. - afirmei, arrancando-lhe uma gargalhada que me embalou a dar risada.
- Você leu minhas poesias?? Eu não acredito! - ela se deitou novamente, cobrindo o rosto com vergonha. - Você não podia!
- Porque não? - eu a abracei de lado, beijando seu rosto por alguns lentos segundos. - Gosto do que escreve sobre mim.
Ela se ajeitou no meu abraço e beijou meus lábios.
- Quero estar contigo para sempre.
- Pensei que pra sempre não existisse no seu dicionário.
- Pra sempre é composto de vários agoras, ou seja, quero estar contigo agora. - ela concluiu.
Beijei a ponta de seu nariz e me levantei da cama, me lembrando de que aquela era a ultima noite em que dormiríamos juntos na cidade do amor, onde tantas maravilhosas coisas aconteceram entre nós dois. Ela estava certa no final de tudo, "pra sempre" é cheio de "agoras" e por mais que eu soubesse que quem acabaria com a minha felicidade instantânea seria ela, eu não pensaria mais em como eu viveria o amanhã.
- Eu a amo. - sussurrei virando meu rosto em direção ao dela.
- E por que isso é ruim? - ela questionou, se enrolando no lençol e vindo atrás de mim.
- Por que isso é ruim? - eu ri e a abracei por trás, contemplando a visão que tínhamos da Torre Eiffel iluminada. - Você é boa de mais para mim. Boa de mais para qualquer um.
- Não sou boa para ninguém. - ela gargalhou e sacudiu a cabeça. - Por que está falando isso?
- Porque precisamos encarar que sou mais envolvido nessa relação do que você.
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Let Me Sink
RomanceCharlotte Moore era como Londres em uma noite gelada de dezembro, as ruas desabitadas após o cair da noite, a memória insana todos tem porém juram que não existe. Ela era problemática, pessimista, e o tipo de sociopata que não suportaria passar dois...