Capítulo 10

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  Caminhamos até a pista e olhares tortos eram laçados para nós. Meu coração pulsava fortemente por não saber reagir bem.

— Eu andei praticando muito para te superar senhorita Dádiva.  — admitiu tomando a liberdade de depositar uma das mãos em minha cintura.

— Alteza peço que me chame de Diana, esse é meu verdadeiro nome. Dádiva é apenas um nome artístico. — pedi envergonhada encarando nossos pés que se movimentavam.

— Claro. Fiquei feliz com sua presença aqui na Elite. — me rodopiou.

— Eu meio que não tive escolha. — dei de ombros sem olha-lo nos olhos e seu corpo ficou tenso, obviamente eu tinha falado de mais.

— Então se tivesse como optar entre ficar ou ir  você partiria? — perguntou perto de mais de meu ouvido.

— Receio que sim Alteza, eu não queria deixar meus pais. Não passamos necessidades mas o dinheiro que ganhava nas apresentações era uma ajuda e tanto. — tentei me justificar sem querer ofende-lo.

— Caso não se lembre senhorita Diana, meus pais nunca deixaria sua família passar necessidades, meu pai tem uma divida de uma vida inteira com o seu. Ele apenas não aceita nossa ajuda maior do que recebe pois não acha justo. — disse sério e eu me senti culpada pelas minhas palavras anteriores.

— Desculpe se de alguma forma te deixei ofendido mas é que outras coisas me fazem temer de alguma forma. - tentei reverter minha situação.

— Quer conversar? — me ajudou a dar os últimos passos da dança.

— Olhe em volta, há muitas pessoas com quem você tenha que conversar não acha?

— A meia noite me encontre na fonte. — fez uma reverência após terminar a música e beijou minha mão.

— Isso é um encontro?  — indaguei incrédula, isso foi rápido.

— Se você se sente bem com esse termo. — piscou e se virou para ir até outras meninas.

  Caminhei pelas pessoas ainda captando as palavras ditas por ele antes. Ao chegar na mesa onde apenas estava Julie de cara fechada e Adelle distribuindo sorrisos carinhosos peguei a primeira taça de vinho que passou perto de mim.

— Está nervosa Diana? — Adelle me olhou com um sorriso travesso.

— Eu? Não! Magina! — me fiz de desentendida e puxei a cadeira para me sentar, antes de fazer tal ato uma mão com uma luva cedosa agarrou meu punho e saiu me puxando por entre as pessoas — Laura?  O que está fazendo? — vociferei com raiva por estar me machucando.

— Eu consegui! Mechi com meus pausinhos e consegui! — falou alto por causa da música.

— Conseguiu o que louca? — continuei a seguindo obrigada e subimos uma escada, olhei para cima e vi a orquestra mais a frente.

— Você vai tocar para a gente, eu quero ouvir. — apontou o dedo para mim e depois aos instrumentos.

— Não Laura!  Eu não vim aqui para tocar, e você não manda em mim. — cruzei os braços irritada.

— Por favor! Frank já vai te anunciar. — expulsou um dos violinistas do seu acento e me fez sentar.

— Disculpas. — balbuciei ao homem que me ignorou e saiu batendo os pés.

A todos presentes uma das alunas irá tocar uma música especial para o príncipe. — Frank, uma espécie de locutor falou no microfone e os olofotes se viraram contra mim.

— Eu.vou.te.matar.Laura! — sibilei sem sair som de meus lábios e ela sorriu convencida.

  Me voltei a platéia e sorri falsamente. Coloquei o violino contra meu queixo e me concentrei.  Comecei a tocar a música e me arrependi depois pois a letra era muito melosa, só confirmaria o que Laura mentiu. Ao final suspirei e me levantei fazendo uma reverência as pessoas que bateram palmas lá de baixo. Meus olhos se cruzaram com o príncipe e parei ali percebendo sua boca rosada com um sorriso discreto mas sedutor. Desci as escadas com vontade de jogar Laura pela janela mais próxima mas não a encontrei. Ignorei algumas pessoas e fui até o quarto onde me deparei com dezenas de homens entrando e saindo com alguns objetos em mãos.

— Nossa... — foi o que eu consegui dizer olhando para o quarto que estava quase pronto.

— Diana? - Pietra se assustou com minha presença- Pensei que não iria vir tão cedo do baile, o que achou? — apontou ao seu redor e fechei minha boca.

— Como conseguiu isso tão rápido Pietra?  — dei alguns passos para frente admirando tudo, estava exatamente como pensei e acredito que minha colega de quarto também ficaria satisfeita.

— Eu posso tudo em decoração. — piscou — Receio que a tinta esteja molhada ainda mas não demora muito para secar.  O restante dos móveis colocaremos amanhã e o banheiro deixei como decoração mais neutra já que vocês esqueceram dessa parte.

  Meu lado tinha a parede maior com um degrade de azul cor céu até chegar ao azul quase preto de baixo para cima e alguns pontinhos brilhantes que imitavam estrelas. Na parede em que a cabeceira era encostada no canto era decorado com papéis de parede com o fundo azul claro e galhos pretos, minha cama foi trocada por uma de solteiro um pouco maior com os lençóis e cochas em um azul piscina e um criado mudo ao seu lado de madeira rústica envernizada.  A Janela dividia nossas partes e no território inimigo tinha a parede maior com um papel de parede cheio de unicórnios com o fundo branco, a parede em que a cama estava era rosa bebê, os lençóis era rosa choque e um carpete felpudo do mesmo tom.

— Eu já estou amando minha parte não precisa de tanto assim.

— Só falta alguns detalhes básicos nada de mais. — pegou alguns papéis de cima da mesinha da varanda — Rapazes vocês estão dispensados por hoje.

  Os homens começaram a sair com rapidez e meio confusos enquanto me olhavam.

— Você bota medo neles em. — me sentei.

— Sei comandar.  — riu com ar de autoridade — Agora já vou indo, tenha uma boa noite.  — saiu fechando a porta atrás de si.

   Olhei para o relógio pequeno em cima da minha mesa e vi que faltava pouco menos para meia noite. Eu deveria ir ou não ao encontro do príncipe? Pegaria mal rejeita-lo? Eu sou obrigada a estar lá?

Era uma vez (Concluída)Where stories live. Discover now