Era uma vez (Concluída)

Capítulo 26

  Laura já estava pronta e me gritava para andar logo, o problema era que não achava meu vestido por nada.

— Me ajuda a procurar aqui. — pedi enquanto tirava todas as peças do closet, um amontoado de roupa se formou no chão.

— Ele não estava aqui mais cedo? — perguntou me ajudando olhando em algumas caixas que ficavam os modelos feitos pela minha mãe.

—Estava sim mas sumiu, do nada desapareceu. — joguei mais roupas pelos ares — Estamos atrasadas já.

— Diana, acho melhor você vestir outro... — disse baixo fitando uma caixa.

— O que... — quando cheguei mais perto identifiquei meu vestido azul turquesa que usaria essa noite aos retalhos, totalmente desfigurado — A não... — me sentei no chão segurando o que restava do tecido — Quem fez isso? — levantei o olhar para Laura com raiva.

— Eu... Eu não sei amiga, passamos a maior parte do tempo fora do quarto. — devolveu a caixa para o lugar que estava — Você tem outros maravilhosos, pode vestir eles.

— Mamãe vai ficar arrasada, ele era um dos últimos, agora só me resta um que não pensei em usar agora. — murmurei triste por ver o esforço de minha mãe resumido em retalhos.

— Seja lá quem fez isso a intenção era te fazer não ir ao baile, então vamos dar a volta por cima. Pega esse seu vestido mesmo veste ele e arrasa. — me ajudou a levantar e arrumou meus cabelos.

   Mesmo sem vontade tirei o vestido do embrulho e com a ajuda de Laura vesti  com cuidado para não amarrotar.

— Até que não ficou ruim. — calcei os sapatos pretos que ficaram escondidos pelo tamanho do vestido.

— Amiga, ele é ainda mais perfeito do que o outro, vai chamar a atenção com certeza. — bateu palmas animada.

— Ótimo, era tudo o que eu queria. — ironizei.

  Fomos as últimas a descer pela demora, no final da escada ele estava lá, como no primeiro baile realizado na elite só que ainda mais deslumbrante, um pequeno detalhe me fez rir. Nos aproximamos e fizemos a reverência, tomei a liberdade de arrumar  a coroa. Alguns guardas se aproximaram mas Luan os afastou com um gesto, eu não deveria ter feito aquilo mas já qur tinha feito.

— Acho que agora ela fica no lugar. — brinquei sorrindo e ele respondeu com sorriso tímido.

— Obrigado Diana. — conseguiu dizer sem graça.

  Muitas pessoas me encaravam por ter feito um ato direto ao príncipe, o diretor apenas reprimia um risinho mas ao seu lado ele estava lá, com uma cara feia, negando meu ato. Sem me importar mais com o que os outros estavam olhando caminhei até nossa mesa no salão.

— O que foi aquilo sua doida?! — Yandra exasperou e seu rosto mostrava algumas segundas intenções.

— Apenas uma ajuda ao princípe algo de errado? — deixei claro em meu tom de voz que não queria mais comentários sobre isso.

  Aos poucos todas as meninas dançavam com os guardas e convidados, Niall se aproximou e estendeu a mão para mim dizendo:

— Aos velhos tempos?

— Aos velhos tempos. — concordei me levantando e juntos fomos dançar no salão.

  A música clássica que tocava me trazia paz, os passos eram delicados como os de uma bailarina mas precisos como uma decisão de rei. Aos poucos meu corpo relaxou mais e ríamos sobre algumas coisas. A tensão voltou ao meu corpo quando finalizamos a música e alguém segurou meu braço. Niall coçou a garganta lhe olhando feio e assim me soltou.

— Quem é esse rapaz Diana? — meu amigo perguntou se colocando em minha frente.

— Apenas meu professor de educação física, precisa de algo?— puxei Niall para ficar do meu lado.

— Sim. — assentiu — Podemos conversar em um lugar mais calmo? É sobre suas notas. — ele estava mentindo, era tão nítido.

— Creio que podemos falar sobre esse assunto em outras ocasiões, não deve ser algo grave já que não foi o próprio senhor Russel que pediu minha presença. — de fato Taylor mentia e eu não queria ficar novamente a sós com ele.

— Em nossa próxima aula conversamos então.

  Ao dizer suas últimas palavras se retirou como uma criança mimada que não ganhou o que queria. Pedi a Niall que me arrumasse uma bebida e ele me praguejando foi atrás, nossa mesa estava posicionada perto de uma grande janela o que deu uma visão do céu estrelado do lado de fora. Um vulto passou ali, rápido mas deu para notar que era meio branco com preto e... quatro patas? Acho que bebi vinho de mais, não tinha nenhum animal solto pela Elite, não que eu saiba. Um rugido como de um leão ecoou me assustando e agarrei por instinto a faca dos talheres de jantar que estava em minha frente. Olhei ao redor e parecia que só eu tinha ouvido o barulho, todos dançavam e conversavam normalmente, o rugido mais parecia ter vindo de dentro de mim. Uma dor de cabeça repentina me fez ter uma leve tontura mas logo passou.

— Aqui está sua folgada. — Niall colocou a taça de vinho em minha frente.

— Acho que isto está me fazendo mau. — massagiei minhas têmporas.

— Eu não busquei isso atoa, beba antes que eu mesmo faça você beber. — cruzou os braços

— Quanta sutilidade. — virei a taça bebendo o vinho — Acho que já vou para meu quarto, não estou muito bem. — me levantei, a tontura ja tinha passado mas a dor de cabeça insistia.

— Quer que eu lhe acompanhe? — prontificou, apesar de ser chato Niall era um ótimo amigo e se importava com as pessoas de verdade.

— Há, não precisa. Divirta-se. — pisquei, em minha mente eu o via junto com Laura, admito que seria um casal fofo.

•••

  Me esforcei ao máximo para dormir e não consegui, até Laura já tinha chegado do baile e dormiu e eu nada. Meu corpo parecia ter levado um injeção de adrenalina e eu precisava gastar aquelas energias  acumuladas. Então fiz algo contra as regras, vesti uma roupa mais casual e comecei a andar pelo corredor desviando dos guardas. Do lado de fora tirei os sapatos e comecei a andar pela grama úmida pelo sereno.

— Veja só quem eu encontrei por aqui. — alguém falou atrás de mim e me virei de imediato, meu coração ficou em dúvida se ficava calmo ou não pois era o príncipe e ele poderia me punir por estar andando a essas horas pela Elite.

— Luan eu... — ele sorriu e parei de falar.

— Queria um ar fresco? Ótimo! Somos dois, eu só não estou acostumado com isso. — apontou para os pés.

— Você não coloca os pés real no chão sem calçados alteza? — usei toda minha irônia e sarcasmo na voz.

— Há não, é que meu professor de etiqueta era um tanto quanto rude e eu não tinha muita liberdade com ele.
As coisas mudaram e hum... ele morreu, receio que não à mais problemas. — se abaixou para tirar os sapatos.

— Acho que essa será sua maior rebeldia. — brinquei para não deixar o bom humor se dissipar.

— Acredite, você não me conhece. Tenho muitos segredos, não conte a ninguém mas eu roubo de minha própria casa a noite comida na geladeira. Segredo real. — sussurou como se aquilo fosse mesmo um sigilo absoluto.

  Começamos a andar conversando coisas banais, que não tinha nada a ver e as vezes ríamos de algo muito sem sentido. Era bom ter uma companhia como o príncipe e eu tinha a impressão que ele gostava de minha conversa por não abordar sempre ou pressionar sobre sua linhagem real. Em um momento que passamos por um guarda ele lhe falou algo que não ouvi e voltou sorrindo voltando ao assunto que conversávamos. Quando sua pergunta foi relacionada em namoro fora da Elite meu humor mudou, fiquei triste mas ao mesmo tempo com raiva por deixar aquele assunto me abalar ainda.