The choice.

03.

Lembrando que amanhã provavelmente não vai ter capítulo, talvez, apenas talvez, até tenha, mas não é certeza nenhuma, dia de segunda é muito corrido pra mim.

Boa leitura. szszsz

[...]

Camila não tinha certeza de como se sentia depois de sair da casa da vizinha, e tudo que ela conseguiu fazer depois de fechar a porta foi se apoiar contra ela enquanto tentava recuperar seu equilíbrio emocional.
Talvez ela não devesse ter ido até lá, pensou. Aquilo certamente não havia melhorado as coisas. Ela não somente não se desculpou como chegou até mesmo a negar que seu cão fosse responsável pelo que aconteceu. Ainda assim, quando Camila finalmente se afastou da porta, percebeu que estava sorrindo. Pelo menos ela havia feito alguma coisa. Foi firme e disse a ela exatamente o que iria acontecer. Foi necessário coragem para fazer aquilo, disse a si mesma. Normalmente não era muito boa em falar
o que pensava. Não quando dizia a Austin que os planos que ele tinha para o futuro com ela pareciam ir apenas até o próximo fim de semana. Ou quando estava com o Dr. Christian, a respeito do que ela sentia quando ele a tocava. Nem mesmo em relação a sua mãe, que sempre parecia ter opiniões formadas sobre como Camila poderia ser uma pessoa melhor.

Ela parou de sorrir quando avistou Molly dormindo em um canto. Uma rápida olhada foi o suficiente para lembrá-la de que as coisas não haviam mudado, e que talvez - talvez! - ela poderia ter conseguido algo melhor se a tivesse convencida de que ajudá-la era seu dever. Ao relembrar o que havia acontecido naquela noite, sentiu uma onda de constrangimento tomar conta de si. Sabia que havia falado demais, dito coisas que não se conectavam direito umas às outras, mas, após ser atropelada por aquele cachorro, havia perdido o foco, e sua frustração a deixou completamente incapaz de parar de falar. Sua mãe a teria repreendido com muito prazer se tivesse visto aquilo.

Ela foi até o quarto e vestiu uma calça confortável de moletom e uma camiseta velha e macia que tinha desde que havia entrado para a faculdade. Molly foi atrás dela, e, quando Camila percebeu
o que ela queria, apontou para a porta.

- Quer ir lá fora? - perguntou ela.
Molly começou a abanar o rabo enquanto ia em direção à porta.

Camila a inspecionou cuidadosamente. Ela ainda parecia estar grávida, mas talvez sua vizinha tivesse razão. Ela devia levá-la ao veterinário, mesmo que fosse apenas para ter certeza. Além disso, ela não fazia ideia de como deveria cuidar de uma cachorra grávida. Ela precisava descobrir uma solução para o problema de Molly.

[...]

Já era 12h30 quando Camila concluiu a consulta com seu último paciente da manhã. Com a bolsa nas mãos, ela andou com dificuldade até o carro, sabendo que não tinha muito tempo. Sua próxima consulta aconteceria em 45 minutos, mas, se não tivesse de esperar no veterinário, conseguiria voltar a tempo.

Alguns minutos depois, Camila estacionou em frente a sua casa e gemeu ao sair do carro, antes de corajosamente se dirigir até a porta da frente. Molly a encontrou na varanda, ficou um tempo cheirando as flores enquanto Camila cuidava de alguns afazeres, e depois pulou para o banco do passageiro. Camila gemeu novamente ao entrar no carro, e depois abriu a janela para que Molly pudesse colocar a cabeça para fora - algo que ela adorava fazer.

A clínica veterinária Down East ficava a apenas alguns minutos
dali, e ela parou o carro no estacionamento, escutando o ranger dos cascalhos embaixo dos pneus. Instalada em uma casa rústica e desgastada em estilo vitoriano, a clínica parecia mais uma casa do que um estabelecimento comercial. Ela colocou uma coleira em Molly, e deu uma olhada rápida em seu relógio. Silenciosamente, rezou para que o veterinário não demorasse. A porta se abriu com um rangido alto, e ela sentiu Molly puxar a coleira ao ser confrontada com os odores típicos de clínicas veterinárias. Camila se aproximou do balcão da recepção, mas, antes que pudesse falar, a recepcionista se levantou da cadeira.