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Oi oi gente! Não demorei tanto dessa vez.

Boa leitura!

[...]

Sentada ao lado de Camila, Lauren olhou para o relógio e nesse horário normalmente ela estaria se preparando para se despedir de Camila, de modo que pudesse estar em casa quando as garotas voltassem da escola. Hoje, entretanto, Christine iria visitar uma de suas amigas e Lisa havia sido convidada para uma festa de aniversário no aquário municipal em Pine Knoll Shores, e nenhuma das duas voltaria para casa antes do horário do jantar. O fato de que suas filhas tinham seus próprios planos para aquele dia era uma coincidência bem-vinda, pois ela precisaria demorar mais do que o habitual. Mais tarde, ela iria se reunir com o neurologista e o administrador do hospital.
Ela estava ciente do motivo da reunião e não tinha dúvidas de que os dois estariam com a maior dose de tristeza possível, apoiada em tons moderados e encorajadores. O neurologista lhe diria que, como não havia mais nada que o hospital pudesse fazer por Camila, ela teria de ser transferida para uma casa de repouso. Ela receberia garantias de que, como a condição de Camila era estável, o risco seria mínimo e que um médico a examinaria semanalmente. Além disso, ela provavelmente seria informada de que os profissionais que trabalhavam em casas de repouso eram totalmente capazes de prestar os cuidados de que ela precisaria diariamente. Se Lauren protestasse, o administrador provavelmente entraria na conversa e o lembraria de que, a menos que Camila estivesse na UTI, o plano de saúde cobriria o máximo de três meses de internação no hospital. Ele poderia também dizer que, como o propósito do hospital era servir a comunidade local, não havia mais espaço para mantê-la ali em longo prazo, mesmo que ela tivesse feito parte do quadro de funcionários. Realmente, não havia mais nada que ele pudesse fazer. Essencialmente funcionando como uma equipe naquela reunião, eles queriam se certificar de que as coisas seriam feitas do jeito deles.

O que nenhum deles parecia perceber era que a decisão não era tão simples. Por baixo da superfície havia outra realidade - enquanto Camila estivesse no hospital, as pessoas presumiam que ela acordaria dentro de pouco tempo, pois era ali que os pacientes em coma temporário ficavam. Pacientes em coma temporário precisavam de médicos e enfermeiras por perto para monitorar as mudanças que indicariam as melhoras que eles sabiam que aconteceriam a qualquer momento. Em uma casa de repouso, as pessoas presumiriam que Camila simplesmente nunca mais iria acordar. Lauren não estava pronta para aceitar aquilo, mas parecia que não teria escolha. Lauren basearia sua decisão naquilo que ela achava que Camila gostaria.

- Me desculpe por ter chorado mais cedo - sussurrou Lauren. Ao olhar para Camila, ela observou que o peito dela subia e descia cada vez que ela respirava. - Eu não consegui evitar. Sabe o que eu gosto em você? - perguntou ela. - Além de praticamente tudo?-  ela forçou um sorriso. - Gosto do jeito como você cuida de Molly. Ela está bem, e os quadris dela ainda estão firmes. Ela ainda gosta de se deitar na grama sempre que pode. Toda vez que eu a vejo fazendo isso, me lembro dos primeiros anos em que estivemos juntas. Lembra-se de quando costumávamos levar os cachorros até a praia para passear? Quando íamos cedo e podíamos tirar as coleiras deles para que eles pudessem correr? Aquelas manhãs eram sempre... relaxantes, e eu adorava ver você rindo quando perseguia Molly em círculos, tentando bater no traseiro dela. Ela ficava louca quando você fazia isso; ficava com certo brilho nos olhos, a língua para fora da boca, esperando que você encostasse nela.  - Ela fez uma pausa, percebendo, com certa surpresa, que o pombo que sempre aparecia ali havia voltado. Ele devia gostar de escutá-la conversando, concluiu Lauren. - Foi aí que eu percebi que você seria uma ótima mãe. Por causa do jeito como você agia com Molly. Mesmo na primeira vez em que conversamos... - ela balançou a cabeça, rememorando o passado. - Acredite ou não, eu sempre gostei do fato de que você estava furiosa quando foi até a minha casa naquela noite, e apenas porque acabamos nos casando. Você parecia uma mãe ursa protegendo seu filhote. É impossível ficar tão furiosa, a menos que você seja capaz de amar profundamente, e depois de observar como você cuidava de Molly, muito amor e carinho, muita preocupação, e que não deixaria ninguém neste mundo tratá-la mal, eu sabia que você seria exatamente daquele jeito com crianças. - Ela deslizou seu dedo por cima do braço de Camila. - Você sabe o quanto isso significou para mim? Saber o quanto você ama nossas filhas? Você não faz ideia do quanto isso me confortou durante todos esses anos. - Lauren aproximou seu rosto do dela. - Eu te amo, Camila, mais do que você imagina. Você é tudo que eu sempre quis em uma esposa. Você é cada esperança e cada sonho que eu já tive, e você me fez mais feliz do que qualquer pessoa poderia sonhar em ser. Não quero ter de abrir mão disso. Eu não posso. Você me entende?

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