Capitulo III: Todo castigo pra Corno é pouco!!!

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Os dois observam as malas vindo pela esteira, até agora não trocaram seguer uma palavra um com o outro, e isso incomoda Olliver, pois Thalles é especialista na brincadeira do silêncio. As malas chegam até eles e as pegam, ao todo eram cinco malas, as maiores e mais pesadas são a de Thalles. Ele tem dificuldade em pegar as malas, mas mesmo assim não pedi ajuda. Já seu amigo olha em volta procurando algo incessantemente.

"Era só o que me faltava..." – Ele preve o pior.

— O Ollavo já não deveria estar aqui? – Olliver pergunta enquanto andam até para saída a caminho do estacionamento.

Eles chegam no estacionamento e largam as malas no chão, ainda em silêncio, Thalles pega o celular do bolso e olha as horas, eram exatamente 11h00, o horário marcado com Ollavo, ele bloqueia o celular e coincidentemente uma mensagem chega.

O Satã:
Não poço buscar vocês, estou ocupado hoje... Então fiquem a vontade e venham como quiser.
Acho que vocês lembram o endereço... Porque se não...
BOA SORTE!!!

Esse viado desgraçado!!! – Thalles murmurra dando o celular para seu amigo.

— Sabia! – ele quase solta uma risada. – Vamos, temos que ir de qualquer forma.

Olliver pega suas malas e sai andando para fora do estacionamento, seu colega menor o segue logo atrás com dificuldade.

— Pera, você sabe como chegar lá? – Thalles pergunta após alcançar Olliver.

— Lembro do nome do Hospital Miranda que fica perto do prédio, o hospital é conhecido, então vamos pedir informação e pegar um ônibus ou uma vã, assim chegamos lá.

— Ah... – ele fica impressionado com a fala do amigo, até que... – você tem dinheiro pro ônibus?

Os dois caem em si, eles são dois adolescente perdidos em uma cidade enorme, sem dinheiro, esperando a boa vontade do "Diabo" do tio deles. Largam as malas na calçada e sentam na guia. Eles xingaram tão alto, pronunciaram tantos palavrões. Passam bastante tempo ali, parados, pensando em uma solução.

— Vamos andando! Não deve ser tão longe! – Thalles, agora calmo, levanta, pega sua mala e começa a andar, seu amigo segui ele.

Eles andam pelas ruas sem rumo, parando hora ou outra para pedir informação, mas todas as respostas foram inúteis, ninguém conhecia o Hospital Miranda. Olliver começa a desconfiar de sua memória. Após estarem cansados de andarem, entram em um bar de esquina, não havia muitas pessoas ali e logo pedem informação para o palconista do estabelecimento.

— Eh, meu amigo! Não dá pra ir andando, o Hospital Miranda fica do outro lado da cidade! – o homem de meia idade do outro lado do balcão avisa.

Após conseguirem a localização exata do hospital, vão andando mesmo que inútilmente. Olliver está amaldiçoando até a terceira geração de sua própria familia, enquanto seu companheiro ao lado tropeça nas malas enquanto anda, elas estão realmente pessadas. Já se passa das 12h00. Os dois estão cansados e com fome. Param novamente.

— O que vamos fazer? – o menor pergunta levantando a camisa até a altura do umbigo e a sacudindo.

Está quente, tão quente, que até na sombra não há refresco. Para piorar, o calor do asfalto deixa a caminhada mais cansativa e lenta.

— Vamos pegar carona. – Olliver fala logo após concluir a idéia na cabeça.

— Com quem?!

Ele aponta para o estacionamento do outro lado da rua. Os dois tomam coragem e vão, pedem ajuda a todos, se alguém fosse passar perto do Hospital Miranda que por gentileza levassem os dois, mas está tarefa era difícil, quem iria dar carona a dois adolescente. Eles passam bastante tempo mendigando uma carona, até que dois homens velhos vendo a situação dos dois fazem uma proposta.

— Hey, meninos. – eles gritam chamando automaticamente a atenção dos dois.

Os dois caminham até eles e logo proproem.

— Nós vamos passar perto do Hospital Miranda, temos que entregar umas encomendas lá. Se vocês nos ajudarem a carregar umas caiolas, levamos vocês.

Aceitam o acordo, mas não era tão favorável assim, eles carregaram as caiolas para o caminhão sozinhos enquanto eram observados pelos dois velhos fogados bebendo cerveja. O pior não era o peso, mas o que havia dentro delas, galinhas. Ora ou outra os dedos dos pobres carregadores eram picados. Empilham e organizam todas as caiolas no caminhão, no total foram mais de 50 caiolas.

Quando terminam o serviço descobrem que não poderam ir na cabine juntos com os crueis negociadores, pois lá só há lugar para dois. Assim eles e as malas se instalam na carroceria junto com as barulhentas galinhas.

Exaustos, sujos e com fome, era tudo o que tinham. A raiva já não os consumia, aceitaram a idéia de que o dia de hoje era apenas mais um daqueles famosos "piores dias da minha vida". Thalles se aproveita do ombro do amigo, deita sua cabeça e assim adormeci, seu amigo não prega o olho, desconfia das pessoas cujo lhe ofereceram ajuda. O cheiro das galinhas nem se compara com o odor deles, Olliver respira pesadamente enquanto cantarola Imagine de John Lennon, sua música favorita nessas horas.

Finalmente chegam ao seu destino, os deixam na frente do Hospital Miranda, o menor tropeça em suas próprias pernas por ainda estar embriagado de sono, assim seu amigo resolve pegar as malas mais pesadas e deixar pro desajeitado as leves.

— Que horas são? – Olliver pergunta enquanto andam.

— São duas e quinze, – fala colocando o celular novamente no bolso da calça. – o prédio aonde ele mora não é verde?

— Agora ele é azul.

— Como se sabe?

Olliver olha para um prédio de arquitetura antiga, mas bem conservado na rua de trás do hospital, Thalles olha para mesma direção de seu companheiro, um sorriso aparece em seu rosto após um suspiro de alívio. Os dois vão andando animados, estão aliviados por finalmente terem chegado a seu novo endereço temporário. Os dois sobem uma pequena escada, abrem a porta grande de madeira e param na portaria.

— Oi, meu nome é Thalles e ele é Olliver, somos sobrinhos do Ollavo, um morador daqui. Acabamos de chegar, estamos nos mudando pra cá. – ele fala para o porteiro.

— Bem, Seu Ollavo não está em casa agora, e não avisou que chegaria visitas hoje. Então... – ele fala sinceramente.

— Ah, não. – Thalles murmurra.

Depois de bastante tempo descutindo com o porteiro inútilmente, descobrem que vão ter que esperar até as 7h00 pelo Tirano, e assim, quem sabe, conseguir subir. Olliver joga as malas na escada e se senta nos degraus, seu companheiro o segui.

— Se acostume meu amigo. – Olliver coloca a braço envolta do pescoço do amigo e puxa o mesmo para mas perto dele. – Já me dizia meu pai: "Todo castigo pra Corno é pouco".

Quem você ta chamando de corno?! – fala se desprendendo do seu amigo.

Olliver ri.

— Não estou ti chamando de Corno, isso é só um citação popular pras pessoas que passam por desventuras em série. – ele pega uma das bolsas e encosta suas costas nela. – Vou dormir, quando o "Satã" chegar se me acorda.

Abaixa a cabeça e fecha os olhos. Thalles observa tudo a sua volta, a rua, o parquinho do outro lado da rua, a doceria de esquina, a lan house que fica no final da rua e sem contar a vizinhança, casas antigas, vizinhos antigos. Ele suspira, e mesmo hesitando fala com seu amigo.

— Olliver... Você pode estar triste, mas eu estou feliz de estar aqui. Até porque, foi aqui que paramos de ser amigos e passamos a ser irmãos. – ele fala pausadamente.

Seu amigo simplesmente não responde. Thalles encosta sua cabeça nos joelhos, é quando vê no chão a sombra de uma silhueta feminina, parada a sua frente e levanta sua postura para ver quem é.

— Vocês não mudaram muito meninos.

Os dois se espantam ao ouvir isso, e depois de passar o susto reconhecem a pessoa a sua frente e concluem juntos.

— Alice?!

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