Capítulo 64

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Cecília Walker

Deixar a gravadora no fim do dia pra mim foi um sacrifício. Eu havia me apaixonado pelo lugar, e acabou que minha simpatia e ganância por estourar o mundo com a música fez crescer neles uma necessidade de me ter por perto. Por isso eu passei o teste e fechei contrato com eles, agora eu era mais uma componente da Fire and Fury juntamente com os meus amigos. Incrível né? Por isso eu digo; sejam simpáticos, humildes e corajosos. Confie em você e vai que dará tudo certo.

Faltava uns vinte minutos pras quatro horas da tarde quando cheguei no estúdio para dá uma modificada no visual. Ainda quando estava na reunião, recebi uma mensagem dos meus pais me convocando para estar na casa deles pro jantar. De cara eu pensei em dá um bolo neles, mas seria imaturidade para uma garota como eu. Então aproveitei o útil mais o agradável e me joguei. Não foram muitas coisas, sabe, só quatro tatuagens que ficariam escondidas por enquanto pelas roupas, uma ferradura no septo, uns furinhos à mais na orelha e o cabelo que foi parar acima do ombro. Nem foi uma transformação tão radical assim.

- Meu Deus que mulher é essa? - Mathews perguntou assim que parou pra me pagar no fim do dia.

- O quê foi? Ficou horrível? - perguntei ao entrar no carro.

- Eu estou com medo agora. - ele diz dando partida, meu coração foi à mil. - Agora terei que contratar um exército para te proteger, e Cecília, eu não tenho dinheiro pra essas coisas.

Como uma bomba a respiração que eu prendia saiu juntamente com uma gargalhada de alívio.

- Ficou muito radical?

- Ficou incrível, sério mesmo. Você está mais linda do que antes, e esse plástico aqui?

- É surpresa.

- Fala sério! - ele começou a rir. - Você está mesmo se tatuando?

- Qual é a graça em? Eu vou te castigar. - fico emburrada.

- Não é isso amor, é só que você está tão fofa que me faz querer riri da sua inocência.

- Você me chamou de amor? - eu estava como um bobo da corte, olhar pra ele ali sorrindo pra mim enquanto dirigia era à coisa mais linda de se ver.

- Você é pra sempre o amor da minha vida.

Ele levou minha mão até os lábios deixando um beijo carinhoso que derreteu meu coração. Eu não viveria mais nenhum dia sem esse amor.

- Eles te convidaram pro jantar? - já havia perdido a quantidade de vezes que tinha respondido aquela mesma pergunta. - É bom você e preparada, nunca se sabe quais serão os próximos ataques do meu querido irmão.

- Eu estou na paz, se ele quiser guerra irá lutar sozinho.

Digo antes de bater a porta e correr pra portaria, o táxi já me esperava cinco minutos. Embora a casa dos meus pais serem perto do apartamento, eu não queria caminhar e chegar lá atrasada. Eu chegaria plenamente descansada e sorridente mesmo eles não merecendo nada disso no momento.

- Cecília? Oh menina, você está de volta. - Mara deu um grito e me abraçou de forma bem estranha.

- Mara, que bom revela. - digo retribuindo o abraço.

- Você desapareceu, nem estava com saudades né? - ela cruza os braços samba da.

- É lógico que eu estava, você foi incrível para mim. - Puxo ela para mais um abraço.

- Agora sim, vamos entrar.

Ela me conduziu pra dentro da casa que não havia mudado muita coisa além da pintura, mas isso era o de sempre. Minha mãe era metida, mas não o suficiente para mudar a casa com frequência. Estava tudo do mesmo jeitinho, porém eu me sentia em um ambiente novo. Tudo aquilo era forçado de mais pra mim.

- Santo Deus! - ouvi vindo da escada, e por um instante eu pensei estar em um filme onde a visita chega na casa e os donos vem de cima juntamente com a filha mimada. - O que é isso?

Ignorei Cathariny e os seus joguinhos de sempre e continuei esperando alguma reação dos meus pais. Eles pareciam estarem em choque ou congelados no tempo.

- Acredito que não seja assim que todas as visitas são recepcionadas nessa casa.

- Não, mas você não é importante. - ela diz sorrindo orgulhosa.

- Sendo assim então pra quê me chamaram? Sabe, eu tenho coisa mais importante pra fazer.

Só aí eles despertaram do transe, papai ergueu a mão indicando a sala de jantar, e mamãe tocou meu braço me convidando a segui-los. O clima não era um dos melhores, mesmo assim eu acreditei que tudo poderia melhorar.

- Nos queremos que volte pra casa. - senhor Leonard começou após um gole do seu vinho branco. - Não é justo que um filho fique desamparado por aí.

- Desculpas, mas não estou desamparada. Pelo contrário, estou trabalhando para minha construção.

- O que isso quer dizer?

- Que eu não estou desamparada sem um lar, uma família. - beberiquei o vinho que eu havia me servido deixando eles me olharem com reprovação.

Acredito que em suas mentes passava: "quem essa garota está pensando que é pra beber álcool na nossa frente?" ou então "quem é essa que está bebendo vinho sendo que a Cecília odiava isso?". Pois bem, eu virei uma série de surpresas para muita gente.

- Presta atenção Cecília, você já notou a bagunça que está essa vida? Estamos falando de igual pra igual. - ele se curvou sobre a mesa, e eu fiz o mesmo.

- Sim, eu fiz isso bem antes de qualquer um eu acho. E eu achei bastante estranho esse modelo de família embora não tenha feito parte de muitas, e eu cheguei em uma conclusão que eu cansei. Sabe, chega de tudo isso. Todo mundo errou e agora está tentando concertar, só que existe coisas que é tipo copo com água, caiu no chão já era.

- Sabemos, só que como você é capaz de nos ignorar? Você está tentando fingir ser desconhecida para nós, porém só está se enganando.

Me veio um riso tão profundo que eu quase me engasguei com a bebida.

- Uau! - digo sarcástica, mas bem tranquila sabe. - Boa suposição, mas acredita que é agora que estou me encontrando? Eu posso até está me enganando, mas já param pra pensar que enganados estão vocês?

- Cecília Walker. - ele bateu à mão na mesa me dando um baita susto.

- Oh não, eu não vou ficar aqui ouvindo vocês brigarem comigo de novo e de novo. E não vou ficar me desculpando por coisa que não fiz, sério. Pra mim já deu.

Bebi o resto do vinho em um só gole, peguei um cacho de uva na mesa e saí pela mesma porta que entrei. Tem coisa que não muda mesmo, assim como não adianta remendar pano velho com novo. Saco!

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