CAPÍTULO 3

2.4K 279 15
                                    


Sou obrigada a reconhecer que estava muito bonita na festa. Não me venha dizer que sempre digo que a beleza me acompanha, mas é a pura realidade.

Usava um vestido vermelho, com um decote em V sabiamente preenchido por um sutiã milagroso que aumentava em dois números os meus microscópicos peitos. Ele era bem justo, deixando aparecer a minha cintura fina e meu bumbum grande. Costas totalmente nuas, sendo o "rabo" do vestido, digamos assim, por falta de palavra mais apropriada, só começava bem no meu cofrinho.

Tá bom, tá bom, eu estava gostosinha.

Fiquei com medo quando fui comprá-lo, porque estávamos no mês de fevereiro e chove muito nesse período aqui em Brasília. Mas, mesmo assim faz bastante calor, o que me permitia ousar. Mesmo que não permitisse, iria com ele, primeiro porque ele é lindo de viver e segundo porque não tinha dinheiro para ter um vestido de stand by. Por sorte, no dia do evento, não caiu nenhuma gotinha de água.

Fiquei bela e seca.

Meu cabelo foi amarrado em um coque no alto da cabeça, fazendo com que meus cachos caíssem em cascatas volumosas. A maquiagem realçou bem os meus olhos pretos, que foram contornados com grossas camadas de lápis preto e uma sombra dourada-perolada maravilhosa! Além disso, os cílios postiços que o maquiador, gay e lindo, fez questão de colocar (parece um estereótipo muito comum essa coisa de maquiador gay e lindo, mas, por incrível que pareça, é desse jeito que a banda toca), e minha boca estava muito sexy, coberta por um batom cor de pele, que levava por cima um gloss brilhoso e transparente.

Ah, eu morro de vergonha de dizer isso, mas eu estava me achando!!! Sei que isso é uma constante na minha vida, mas naquele dia estava me achando mais que nos outros.

A Laura saiu do salão em um carro alugado, preto, mega-chique, com a cara da riqueza. Segui no meu Ford Ka, cor de berinjela, que amo tanto e pago uma prestação absurda. Ainda não conhecia o amigo do Pedro, que ficaria ao meu lado no altar, e exatamente por isso tinha que correr para chegar à igreja antes da noiva e apresentar-me.

Inexplicavelmente, o caminho que geralmente fazia em 28 minutos fiz em 15, chegando na igreja mais rápido que o The Flash.

Juro que quando fomos escolher os arranjos florais não imaginei que o resultado final fosse ficar tão lindo! Laura decidiu que queria a igreja toda revestida de rosas vermelhas. Achei que aquilo seria a coisa mais brega do mundo, já que todo mundo faz a mesma escolha. Isso nos causou uma briga horrorosa:

– Laura, você não percebe que é totalmente sem propósito isso????

– Mas eu quero! – sintomas de menino do buchão!

– Você vai estragar tudo... Pense melhor.

– Mas eu quero! – parecia realmente um menino do buchão!

– As coisas não podem ser decididas assim.

– Mas eu quero! – insistia em ser um menino do buchão.

– Laura...

– Clara, o casamento é meu e faço do jeito que eu quero – ela encerrou a discussão, definitivamente sendo um menino do buchão.

No entanto, a igreja ficou espetacular! Sou obrigada a reconhecer. Fiquei realmente emocionada quando vi. Dava um toque totalmente romântico e sedutor.

Ser Clara - DEGUSTAÇÃOWhere stories live. Discover now