CAPÍTULO 5

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De repente, tinha esquecido que ainda precisava participar da organização da festa. A tia Vitória, mãe da Laura, quando viu minha situação pouco convencional, completamente embriagada e trocando carícias cinematográficas com um cara que eu acabara de conhecer, encarregou-se de anunciar a hora do jantar, do bolo, bem como de distribuir lembrancinhas, e bem-casados. Sou eternamente grata a ela por isso.

Passamos a festa toda aos beijos. Nossa, e que beijos. A língua dele deslizava com maestria na minha boca, e os lábios dele se encaixavam perfeitamente nos meus. Uma delícia! Não era úmido demais nem seco demais. Ele sabia exatamente como eu gostava. Impressionante! Acho que ele devia ter passado a vida inteirinha aprendendo aquilo, só para me agradar.

Lá pelas tantas, percebi que a maioria dos convidados já tinha ido embora, os noivos já estavam a caminho da lua de mel e o espumante já tinha mexido totalmente com o meu senso de responsabilidade. Estávamos nós, alguns convidados totalmente embriagados, e meia dúzia de garçons mal-humorados, doidos para irem embora. Era a minha deixa:

– Onde você está planejando dormir hoje?

– Em qualquer lugar que você esteja.

– Quer tomar um café na minha casa, para rebater o uísque?

– Vamos agora? Mas, posso dormir lá? – seus olhos faiscavam de desejo. – É perigoso sair dirigindo sozinho por aí, no meio da madrugada, depois de beber tanto.

– Claro que pode! – esforcei–me para fazer o olhar mais angelical possível. – Só tem um problema... Lá não tem sofá e só tem uma cama. Será que você se importaria de dividir o colchão comigo?

Cada um seguiu para o seu carro numa correria desembestada. Meu coração disparou. Senti que estava indo rápido demais e, segundo dizem por aí, homem não gosta de mulher fácil. Porém, era simplesmente impossível resistir àqueles beijos deliciosos, e àquela boquinha carnuda. Sentia-me uma adolescente. Minha vontade era de tirar a minha roupa e a dele (principalmente) ali mesmo, no meio do baile. Mas, como entre os convidados estavam os meus pais e minhas irmãs, achei por bem me comportar, pois acho que eles não iam gostar muito de ver a filha/irmã em plena cópula no meio de uma festa de casamento.

Ele foi seguindo o meu carro. O dele era uma caminhonete enorme, preta, e eu não sei nem de que marca. Acho que devia ser cara. Liguei o som bem alto e fui gritando junto com a Cássia Eller a música "All Star", para ver se espantava o nervosismo. Não consegui.

Sentia-me exatamente como a Madonna quando escreveu "Like a Virgin". Tá bom, confesso que não faço nem ideia de como ela se sentia, mas acho que deveria ser mais ou menos da forma como estava me sentindo naquele momento.

Quando chegamos, ele desceu da caminhonete mais rápido que eu e ficou esperando na portaria. Sou uma lerdeza na hora de descer do carro, principalmente quando bebo além da conta. Apagar faróis, desligar o som, verificar se as portas estão travadas, e ainda por cima, lembrar de apertar o botão do alarme quando saio do carro, isso me toma um tempo impressionante. É milagre que eu ainda não tenha sido vítima de um sequestro relâmpago, sem contar o esforço mental gigantesco que sou obrigada a fazer para continuar andando calçada e equilibrada, sem enfiar a cara no chão. Quando cheguei perto dele, disse brincando:

– Você tem que se encolher para entrar na minha kitinete.

Ele deu um sorriso lindo e não disse nada. Apenas deu um beijo na minha testa, achei aquilo lindo. O porteiro se deliciou (como ele sempre faz a cada vez que chego com alguém diferente na kit. Um dia ainda viro na cara dele e o chamo de "Fifi, a fofoqueira!"), acompanhando cada um dos nossos passos.

Subimos de mãos dadas. Meu coração batia cada vez mais acelerado. Escutávamos a respiração um do outro sem ninguém dizer nada. Assim que entramos em casa, ele me beijou demoradamente. Um beijo doce, com carinho e com afeto. Sem aquela coisa de "eu tenho que te comer agora", uma coisa suave.

Passou a mão no meu cabelo e ficou olhando nos meus olhos. Isso me excitou mais do que qualquer sexo oral que alguém já tenha feito em mim. Até porque os homens têm uma falsa ideia de que é só tocar a língua em minhas partes íntimas que eu vou ficar subindo pelas paredes. Acredito eu que eles devem achar isso em relação a tudo quanto é mulher. Bom, se o cara não é muito bem resolvido no assunto, e geralmente não é, só faz babar e ficar olhando com uma cara de criança que quer ganhar um doce. Eca! É melhor não fazer.

– Vou por água no fogo, para fazer um café ou um chá se você preferir – meio que sussurrando, pois não me sentia capaz nem de articular as palavras.

– Mas não quero beber café – passou o braço na minha cintura me puxando, pressionando a sua barriga contra a minha e voltou a me beijar. – Eu não quero chá – enfiou a mão por dentro do meu vestido e ficou acariciando os meus mamilos. – A única coisa que quero agora é sentir seu cheiro.

Ficamos muito tempo só nos beijando e nos acariciando, sem pressa, apenas carinhosamente. Ele beijava minha boca, meu pescoço, meu rosto, minhas mãos. Depois de um tempo, foi delicadamente tirando o meu vestido. O mais gostoso é que tudo foi feito lentamente. Não sei se por efeito do álcool, ou se realmente sabia o meu tempo, mas de qualquer forma, eu amei! Beijou meus seios, minha barriga, e, bem....

Com o coração em pulos, passei a mão por dentro da sua camisa. Gostei da sensação de acariciar o seu peito e sentir os pelos por entre os meus dedos. Deslizei a palma da minha mão com suavidade por sua barriga, e depois, lentamente fui desabotoando a sua camisa. Aos poucos fui colocando a mão por dentro da sua calça. Senti sua ereção pulsando, o que me fez abrir um pouco os olhos para que pudesse ver aquilo. Gostei de admirar o seu corpo lindo e bronzeado.

Nossas respirações estavam tão altas, que qualquer um era capaz de ouvi-las. Ficamos nus, em pé, nos beijando. Com ele, eu me senti totalmente à vontade. Nem vergonha das minhas imperfeições, nem vontade de fazer performances do outro mundo. Apenas nos beijávamos, com a certeza de que tínhamos todo o tempo que quiséssemos.

O resto é plenamente dedutível. E ele não fez cara de criança que quer ganhar doce, nem ganhou o prêmio de babão. Muito bem, garotinho! Fez direitinho o seu dever de casa.

Pode ir tirando o cavalinho da chuva que eu não vou entrar em mais detalhes da minha vida sexual.

Dormi aninhada nos braços dele. Braços fortes, onde eu me senti protegida, como não me sentia há muito tempo. O seu cheiro penetrou em minhas narinas por toda noite, e era bom demais. Tive o mais doce dos sonhos, e o desejo intenso e verdadeiro de que aquilo não podia terminar ali.

Ser Clara - DEGUSTAÇÃOWhere stories live. Discover now