Prólogo

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Batia uma brisa calma e lenta em meu rosto, bagunçando meus cabelos e só me deixando mais triste. Levantei e caminhei até a água, as ondas iam e vinham com a mesma intensidade, desejei nunca ter que sair dali.
- Tudo bem Catherine ?- Virei o rosto lentamente a encarando de perto.
- Não sabia que viria- Murmurei abaixando a cabeça.
- Mas é claro que eu ia estar aqui! Tenho que estar!- Ela então me deu um abraço forte e com vontade de outro. Mas recuei rápido demais, não queria seu abraço apesar de estar precisando.
- Eu sinto muito.
- Eu também, mãe. - Disse à encarando.
- Onde está jhemy ?- Ela disse, provavelmente tentando evitar a tensão que tinha se formado entre nós.
- Em casa. - Disse, e olhei novamente para as ondas.
Senti ela se afastando e respirei fundo. Eu não queria tratá-la daquela forma, mas não sabia ao certo como reagir.
E novamente uma onda de tristeza me invadiu. Senti que ia chorar e só de pensar, minha cabeça começou a doer. Respirei fundo. Não queria mais chorar, estava cansada de chorar. Retirei meus sapatos e caminhei à frente. As ondas batiam em minhas ante- pernas, a água estava fria e forte. Olhei para trás e vi um pequeno vulto entrando em casa, e em seguida outro saindo.
Me virei novamente, o sol estava frio, silencioso. Eu não via mais beleza em seus raios, ou talvez em mais nada. Estava tudo tão parado, tão calmo, e pela primeira vez essa calmaria me assustou.
Percebi seu olhar de pena assim que ela sorriu pra mim.
- Oi. -Eu disse, com um sorriso amarelo.
- Eu sei que essa não é uma pergunta apropriada mas, você está bem ?
- Estou sim. - Sorri.
Ela me abraçou forte. Eu precisava disso.
- Sei que ele era muito especial pra você, e se precisar de qualquer coisa estou aqui. Não me importo se quiser conversar comigo, pelo contrário. Somos amigas desde sempre e sempre vai poder contar comigo. Eu sinto muito. - Ela disse quase soletrando essa última frase.
- Eu agradeço por tudo, de verdade amiga. Mas estou bem.- Sorri.
A verdade era que eu iria ouvir todas as mesmas perguntas, e já precisava arrumar uma mesma resposta pra todas. Não queria ouvir desculpas e elogios, de como meu pai era um homem bom, de como ele lutou pela família, ou de como ele era lindo. Não queria fazer parte desse dia. Doía, tudo doía, e era uma dor que nenhum remédio poderia curar. Ainda tinha tempo e era o que me reconfortava.
A partir de uns tempos mais pertos comecei a apreciar a vida. Prazeres simples que até então eu ignorava. Como quando estava com minha família sorrindo, ou em uma festa com os amigos. O quanto uma decepção doía, como nunca. E, mais que ninguém, eu sabia que essa dor iria passar.
Eu estava exatamente com 17 anos e não era justo que eu já tivesse passado por tanta coisa. Eu já sabia o que era mentira, quando devia acreditar ou não nas pessoas, e que tudo passa. Não importa o que seja, vai passar, vai acabar. E era exatamente isso que me reconfortava.

Infinity H.SWhere stories live. Discover now